23- Um anjo em nossa casa

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"As vezes as pessoas chegam como anjos em nossas vidas"
Isadora

Seis meses depois daquele dia e eu estava com 31 semanas – 8 meses de gestação. O caso já não estava sendo tão noticiado na mídia e nas investigações ao menos para nós, não havia nenhuma novidade.

Eu estava muito cansada, por conta da própria gestação também, mas já chorava menos e realizava algumas atividades em casa!

Como cursei letras, estava com um trabalho de revisão de uma revista que me ajudou a distrair um pouco a mente! Estava na medida do possível " bem" e só saia de casa ao lado do Rafael aos finais de semana.

Chegou o dia de acolher Tatiane em minha casa.

— Oi, como à senhora está, dona Isadora?

— Vivendo um dia de cada vez, Tatiane! Rafael te explicou alguma coisa?

— Disse que serei a baba da Laura, mas enquanto ela não chega que cuidaria das coisas dela, ele disse-me que a senhora ia me orientar.

— Bom, seja bem vinda! Eu preciso que você organize as coisas da Laura no quarto! Quero que separe todas as roupas do Theo e coloque numa mala que já está lá no quarto, veremos o que vamos fazer! Quero que mude os lençóis, tire os carrinhos coloque numa caixa para doação e que... Neste momento meus olhos se encheram de lagrimas, mas continuei — Eu não quero nada rosa, quero tudo branco, os lençóis a proteção do berço, nada rosa, também não quero que tire as fotos do Theo que estão espalhadas pelo quarto.

— Sim, farei como à senhora deseja!

Tatiane se dirigiu ao quarto e eu passei a chorar sentada no sofá, não queria me desfazer das coisas do meu filho!

A primeira semana de Tatiane em minha casa, foi organizando esse quarto eu nem entrava lá e nada conversava com a jovem. Rafael imaginava que a presença de Tatiane  fosse me animar.

— Como ela está Tatiane?
— Ela quase não fala comigo senhor. E quando fala das coisas do Theo sempre se emociona.
— Estou tão preocupado com ela. Nada a deixa animada.
— É ela parece estar numa tristeza profunda. Possivelmente uma depressão.
— É o que Beatriz sempre fala. Mas ela não quer tratamento psicológico.
— É se ela não aceitar, fica realmente mais difícil. Mas senhor tenho uma idéia, tenho o contato de uma fotógrafa que faz ensaio gestante com foco no emocional. Ela teve depressão pós parto e tenta com seu trabalho ajudar mulheres depressivas. Por que o senhor não marca um ensaio?
— Nossa que genial. Isadora gosta de tirar fotos. Será muito bom! Vou fazer isso mesmo. Obrigada Tatiane.

— imagina!

Na segunda semana de Tatiane em nossa casa ela tentou se aproximar, enquanto eu estava sentada no sofá lendo alguns dos artigos de revisão ela me disse:

— Isadora, já que a senhora não quer que eu a chame de senhora, nós podemos conversar um pouco? Disse aparentemente com medo da resposta ou com insegurança pela pergunta que tinha feito.

—Sim! Eu falo deixando o artigo de lado e dou atenção para a garota.

—Ah eu não esperava que a senhora, quer dizer que você ia dizer sim, nem sei o que dizer. Ela disse de um jeito engraçado.

Aquilo me fez rir e perguntei sorrindo:

— E por que achou que eu falaria não?

— Ah bom que a senhora riu.. quer dizer, você. É que essa já é minha segunda semana aqui e você quase não fala nada.

— Não tenho muito o que falar Tatiane.

— Então, posso fazer perguntas? Disse mais uma vez com medo da resposta

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora