10- Um MES DEPOIS

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"De tanto pensar, penso que irei enlouquecer" Isadora Vasconcelos

Prometi ao Rafael não ficar olhando o que saia na internet só nós sabíamos o quanto estávamos sofrendo e eu não deveria me preocupar com o que os outros estavam falando por ai, a mídia é assim, um dos contras de ser uma pessoa pública é esse, ter sua vida exposta e a mercê de opiniões alheias. Rafael que me atualizava das notícias que eram de fato importantes a nós!

No dia que fez um mês do acidente, antes de sair para o trabalho, Rafael me fala sobre a suspeita do fotógrafo que já tinha sido chamado para dar depoimento! Rafael deixou claro que o acidente foi intencional.

Quando ele saiu sentei no sofá da minha sala e fiquei pensando: teria esse tal fotógrafo Pedro, armado o acidente para Mariana? Que infelicidade meu filho estar naquele lugar, na hora errada, no momento errado. Nós teríamos que descobrir o culpado a morte do Theo não pode ficar impune.

Olho para a minha barriga e percebo que ela está começando a aparecer, hoje completo 13 semanas, logo já 3 meses e uma semana de gestação, impressionante esse bebê não ter morrido, tanto nervoso que passei e ele permanece firme aqui.

Na casa dos Muniz Fábio pede a ajuda de Danielle para se desfazer das roupas, presentes e de tudo que era de Mariana. Fábio preferiu vender o apartamento não suportaria viver no lugar onde sonhou viver com ela.

Fábio e Danielle se aproximaram muito um apoiou o outro nesta dor, os dois se tornaram bons amigos, Fabio chegava primeiro e todos os dias esperava Danielle para jantarem juntos e ficavam por horas conversando!

— Então você pode ir comigo no Apartamento Dani?

— Claro Fábio conte comigo!

— Sabe de uma coisa, sei que já faz um mês que estou aqui e agora que vendi o apartamento já pretendo mudar, mas vou sentir tanto sua falta, dessas nossas conversas, desse nossos jantares, você é uma pessoa muito especial pra mim Danielle!

Fábio diz isso pegando na mão de Danielle que rapidamente responde, soltando sua mão.

— Ah! Eu também sentirei sua falta Fábio, mas saiba que pode sempre contar comigo, seremos sempre amigos!

Confusa com seus sentimentos no dia seguinte no café da Manhã Danielle desabafa com Sônia a empregada da Familia!

— Sônia? Posso te fazer uma pergunta?

— Claro menina! Já estou vendo pela carinha que algo lhe está incomodando você está muito pensativa, me diga o que se passa nessa cabecinha?

— Ai Sônia, você nos conhece como ninguém! É que... Quando... É... Quando você gosta muito de estar na presença de uma pessoa, mesmo estando cansada e quando sente falta, e sente seu corpo até diferente quando a pessoa te toca, você acha que isso, é pode ser, paixão? Sei lá?!

— Sim Menina, você está falando do Fabio, acho...

— Como assim Sônia?  Como você sabe que estou falando dele? Meu Deus, Sônia não é nada disso... Eu acho que não tô apaixonada é...

— Menina! Não se culpe... Você fica toda feliz quando ele chega, ficam horas conversando e só o fato de estar com dúvidas já acho que você está mesmo apaixonada e mais parece que você é correspondida!

— Sério, Sônia? Mas somos só amigos, será que minha mãe percebeu alguma coisa? Ou meu pai? Aí se eles descobrirem. Seria um escândalo!

— Menina, qual o problema? Dona Ângela é muito observadora e esperta já deve ter percebido agora Dr Francês com certeza não. Mas não se preocupe não é crime nenhum estar apaixonada.

— Qual o problema? Não é nada legal estar apaixonada pelo marido da sua irmã. Ai que vergonha! Meus pais não vão gostar de saber disso e a mídia então ia cair em cima, melhor nem pensar nisso e já está decidido vou me afastar do Fábio, chega desses jantares, vou até pedir no hospital para ficar mais de plantão!

— Menina!

— Está decidido Sônia, beijos vou trabalhar!

Um mês após o acidente e a noticia que tínhamos era de que Pedro o fotógrafo e ex namorado de Mariana, foi chamado para depor, por causa de suas ameaças no dia do casamento, mas ele não apareceu e com isso torna-se fugitivo e suspeito.

Fátima finalmente leva Luíza a psicóloga quem a atendeu foi a Dr Eliete.

— Luíza o que te trouxe aqui?
— Minha mãe acha que estou com depressão.
—E você o que acha?
—Acho que posso estar.
— Por quê?
— Meu pai morreu em um acidente de carro fez um mês, e desde então quase não saio da cama, tranquei a faculdade e não tenho contato com mais ninguém. Também comecei a me cortar, choro o dia todo e é isso.

— Muita coisa hein? Não é fácil encarar um luto, ainda mais de pai e ainda mais dessa forma, num acidente. Mas vamos por partes, preciso entender.

A psicóloga fez perguntas para tentar entender a raiz da mágoa de Luíza e já descobriu que a culpa por ter ficado longe do pai era o que mais atormentava a jovem e agora os momentos de raiva que sentia e não sabia expressar.

— Luíza, querida. Você passou por muita coisa difícil, mas vai superar, e eu estarei aqui pra te ajudar, mas o elemento principal é você querer. Você quer? Permite-me lhe ajudar?

—Sim doutora, quero-me sentir viva novamente!

Na primeira sessão a Psicóloga falou da importância do tratamento e que Luíza precisaria de duas sessões por semana. Luiza foi receptiva a terapia e na segunda sessão desabafou sobre a raiva que sentia da própria mãe e a vontade que tinha de se cortar, sua psicóloga então lhe pediu duas coisas:

— Saiba que sempre pode contar comigo nesses momentos de raiva, mande-me uma mensagem, marque uma sessão extraordinária e pode me ligar também. Por hoje vou te deixar dois exercícios se você puder fazer tudo bem se não quiser tudo bem também. Ok?

— Sim, Dr Eliete
— Quero que ao chegar a casa você arrume seu quarto, separe o que pode doar organize o que ficar e limpe todo este ambiente e jogue fora tudo que em momento de raiva você usaria para se cortar. Depois, peço que reserve uma agenda ou um caderno para escrever, quando estiver com raiva tente ao invés de fazer os cortes, escrever. Dessa forma você se expressa e saberemos o que de fato te causa tanta dor. E na próxima sessão conversaremos.

Luíza saiu bem da terapia, falar trouxe-lhe alívio, antes ela não estava querendo fazer terapia, mas nessa segunda sessão já percebeu que seria muito bom ter esse apoio.

No caminho para a casa Luíza estava totalmente distraída com os seus pensamentos que atravessou a rua sem olhar e foi puxada por um rapaz.

—Ai, Luíza grita e se assusta ao perceber que se não fosse o puxão ela teria sido atropelada.

—Presta atenção moça! Disse o rapaz olhando para Luíza e soltando-a.

— Ah. Obrigada! Fala Luíza meio tonta ainda, indo embora.

Em nossa casa na hora do jantar enquanto Rafael tentava me convencer a voltar a escrever o telefone dele toca ele me avisa que era o investigador civil Mario, ao desligar Rafael estava aparentemente surpreso com a informação que receberá.

— O que foi Rafael? Perguntei
— O Pedro, o tal fotógrafo foi encontrado já deu o depoimento e fez uma declaração surpreendente, ele disse quem foi o responsável pelo acidente e indicou uma outra pessoa e diz ter provas para comprovar o que disse.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora