67 Divórcio

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Beatriz estava acompanhando Rafael o que era o esperado. Mas tanto ela, quanto o Fábio ficaram esperando do lado de fora. Somente eu e Rafael entramos na sala com o advogado.

O advogado conversou conosco sobre a separação de bens. Ambos concordamos com tudo. E chegou o momento de assinar.

Rafael não olhou para mim em nenhum momento, parecia evitar o olhar. O que achei ótimo, pois não estava bem.

Minhas mãos estavam geladas, minhas pernas ficaram trêmulas, e a vontade de chorar era grande. Mas eu estava certa da separação, apenas com medo de passar mal ali, na frente do Rafael.

A sensação não era muito diferente do dia em que assinei, no casamento. Porém naquele dia o nervosismo e a vontade de chorar era por felicidade. Hoje era de pura tristeza.

Mas com as mãos trêmulas, assinei.

Rafael assinou, aparentemente também nervoso.

— Pronto. Oficialmente separados.
Disse - nos o advogado.

Eu segurei a vontade de chorar e tentei nem olhar para Rafael.

O advogado também falou sobre Laura, Rafael disse que pagaria a pensão e eu que ele poderia ver Laura, quando quisesse.

Ao sairmos eu fui ao encontro de Fábio e Rafael ao encontro de Beatriz. E assim seguimos cada um o seu rumo.

Neste momento, trocamos alguns olhares antes de irmos embora. Havia tristeza em nosso olhar.  Mas a vida seguia.

Fábio me levou para casa, eu agradeci sua companhia, mas disse que precisava ficar um pouco sozinha, recusando seu pedido para o almoço. Depois soube que Rafael também quis ficar sozinho.

— Gratidão Fábio, por estar comigo nesse momento tem sido um grande amigo, mas agora preciso mesmo ficar sozinha.

— Tudo bem eu entendo, precisando de mim só chamar.

Ao chegar em casa eu não queria papo.

— Como você tá Isa? Como foi? Se divorciaram mesmo? Perguntou Tati.

— Sim Tati...Estamos oficialmente divorciados.

— Como foi? Como você está?

— Tati sai um pouco com a Laura, leva ela pra passear pelo condomínio, vai no parquinho eu preciso ficar sozinha.

— Tá bom Isa, mas qualquer coisa me liga. Tá?

Assim que Tati saiu,me tranquei no quarto e chorei como se fosse uma criança. Peguei álbuns de fotos, com Rafael e relembrei nossa história.

Me lembrei do namoro com Rafael, do casamento, da gravidez do Theo, me lembrei de tantas declarações de amor, de tantos momentos bons. Eu amava o Rafael, doeu demais assinar aquele papel e colocar um fim em nossa história.

Eu sabia que mesmo separados era ele quem eu amaria pelo resto da vida.

Depois de muito chorar levantei e todas as fotos que ainda  havia espalhada pela casa, que Rafael estava retirei do porta retrato.  Doeu fazer isso. A foto dele jogando bolo com o Theo era a minha preferida dos dois juntos. 

Essa foi a única que deixei, não queria mais ver Rafael nem por fotografia.

Queria rasgar todas as fotos dele comigo, mas não consegui.  Rasguei poucas, ainda era difícil fazer isso.

As demais guardei num álbum. Depois pediria para Tati jogar fora. Eu não conseguiria. 

Mas tarde Tatiane, apareceu com Laura, percebendo minha tristeza nem sabia o que falar.

Que dia triste! Passei a tarde toda muda, sem conversar com Tati. Estava muito triste.Mas poderia ficar ainda mais triste.

No fim daquele dia, a companhia toca. Tatiane abre, era Rafael.

Eu pensei que ele pediria para voltar. Eu não ia aceitar, mas como ficaria feliz se ele pedisse.

Ele entrou. Deu um beijo em Laura e em seguida pediu para Tatiane nos deixar a sós. Assim ela fez. Levando Laura para quatro.

— Com licença, Isadora qualquer coisa me chama. Tá?

— Tá Tati, obrigada.

Eu esperava ansiosamente pelas  palavras de Rafael.

Ele estava aparentemente triste e eu nem fazia idéia de como estava minha cara depois de ter passado a tarde inteira chorando.

Rafael me surpreendeu, negativamente. .

—  Isadora
—  Oi, Rafael

— Eu pensei muito essa tarde e tomei uma decisão.

— Qual?

Rafael permaneceu mudo o que fez aumentar minha ansiedade. Perguntei mais uma vez:

— Qual decisão, Rafael?

—Isadora. Eu vou pedir a guarda da Laura na justiça, quero que ela venha morar comigo.

— O quê? Não é possível.  Repete por favor eu acho que ouvi mal.

— Você ouviu bem! Vou entrar com uma ação pedindo a guarda dela. Quero minha filha morando comigo.

— Você está maluco? Por que isso agora? Foi a Beatriz que colocou isso em sua cabeça?

— Não isso não tem nada haver com Beatriz! Eu que decidi, quero minha filha comigo.

— Você sabe que pode vir aqui, visitar a Laura o horário que quiser.

—  Você também poderá.

— Não tem cabimento Rafael. Você trabalha até. 

— Isso é o de menos. Tatiane pode continuar cuidando dela e Beatriz também.

— Beatriz?
— Sim, antes que pergunte estamos juntos.

Neste momento me enfureci:

— Eu sabia, nenhuma novidade, meus parabéns. Mas vocês não vão tirar minha filha de mim. Isso é um absurdo! Eu sou a mãe dela.

— Até pouco tempo atrás você não queria ser mãe da Laura.

— Você sabe que mudei. Que estava doente e melhorei.

— Isso um juiz irá analisar Isadora, analisar que você nunca quis Laura, que esteve internada em um hospital psiquiátrico, que saiu e deixou ela sozinha, que tem manias de perseguição. Que tem uma crise de surto e choro se Laura não está com você. E mais que você pode ter uma crise a qualquer hora.

— Para! Gritei. Você quer me maltratar? O que você quer? Você sabe que estou bem, eu tô me tratando e tenho condições de cuidar dela.

— Não sei até quando você estará bem! Temo pela segurança da minha filha. A decisão está tomada vou pedir a guarda de Laura, como advogado sei que tenho grandes chances de ganhar eu só vim aqui te avisar.

— Não Rafael. Não Não é possível. Você quer me maltratar né?

— Não.  Eu só quero minha filha comigo. Eu sou o Pai dela. Ao contrário de você acolhi Laura desde o primeiro momento. Eu tenho mais direito de ter minha filha comigo do que você. E te aconselho a arrumar um bom advogado, pois sei que tenho grandes chances de ficar com a guardar dela. E só vou desistir quando ela estiver comigo.

Neste momento começo a chorar:
— Rafael, eu não tô acreditando nisso. Por que você está fazendo isso?

— Já vai começar a crise de choro Isadora? Eu tô fazendo isso, porque amo minha filha.  Passar bem.

Rafael saiu e eu sentei no sofá, assustada com a informação que tive.

Meu Deus!
Eu não esperava por isso, Rafael me assustou. E ele tinha razão. A chances dele ganhar a guarda de Laura poderiam mesmo ser grandes. O que eu vou fazer sem minha filha, sem a  Laura? Rafael se transformou era outra pessoa, não estava preocupado comigo. E agora? E se eu perder a guarda da Laura?!

Atordoada com esses pensamentos e com mais  uma crise intensa de choro. Meu coração começa a acelerar.

— Meu Deus tô passando mal. Não vou aguentar.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora