5- O ENTERRO

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"Quando você pensa que não tem como sentir mais dor, você ainda sente, será que um dia passa?"
Isadora Vasconcelos.

Após o necrotério eu paralisei, não falava nada, apenas chorava silenciosamente, tentando acordar daquele pesadelo.

Algumas horas depois por volta das 6h da manhã do dia seguinte, fomos liberados do hospital. Quando saímos vários jornalistas tentaram fazer perguntas e fotógrafos tiravam várias fotos. A mídia fazia a cobertura desta tragédia.

Daí por diante, cada passo era mais difícil que o outro. Quando finalmente conseguimos chegar ao carro do Rafael me deparo com uma cadeirinha do Theo, as lagrimas escorreram por pensar que nunca mais ele sentaria ali e por lembrar-me da ultima vez que o vi numa cadeirinha.

Rafael também chorou ao entrar no carro, deve ter tido também suas lembranças, Beatriz se ofereceu para dirigir e se não fosse ela, creio que eu e o Rafael não teríamos forças para sair daquele hospital.

Após poucos minutos, Beatriz quebrou o triste silêncio!

— Então, qual é nosso destino? Para onde querem ir?

Rafael respondeu:

— Você não precisa ir ao cemitério resolver os últimos detalhes?

— Sim, mas se vocês quiserem que eu os leve em algum lugar, comer alguma coisa, ir em casa trocar de roupa, não sei, onde querem ir? Dá tempo!

­— Não temos outra escolha Beatriz, respondi! Vamos logo para esse cemitério, não quero passar em casa!

— Isadora, você precisa separar uma roupinha pro Theo!

— Eu vou ligar para a minha mãe, meu DEUS nessa correria esqueci-me da minha mãe, alguém sabe onde está o meu celular?

—Está na minha bolsa, Isa! Respondeu Beatriz — Me entregaram lá no hospital, a bolsa está em cima do banco, pode pegar! Já aproveito pra falar que tomei a liberdade de responder alguns dos seus amigos e até já falei com sua mãe, ela disse que estava vindo pra São Paulo já deve estar chegando!

— Não se preocupe Beatriz, eu agradeço não me lembrei de ninguém! Você falou com seu Pai, Rafael? Perguntei!

—Sim, liguei para ele enquanto você estava sedada, ele também está a caminho!

Que triste momento para nos encontrarmos, normalmente todos se reuniam assim no aniversário do Theo, data que não seria mais comemorada! Resolvi então ligar para a minha mãe!

— Alo Mãe!

— Oi, minha filha eu sinto muito filha! Minha mãe diz chorando, e minhas lagrimas começam descer novamente!

— Mãe, eu preciso de um fa..favor! Falo, quase faltando o ar!

— Diga minha filha, o que você quiser filha, eu já estou chegando!

— Pre..ciso! Que a Senhora, compre..é uma roupinha pro Theo!

— Eu cuido disso, minha filha! Não se preocupe, Como você está meu amor?

— Mãe, despedaçada! Eu vou desligar, não consigo conversar!

— A mãe já chega para estar com você, minha filha Beatriz me passou o endreço, fique tranquila filha levarei uma roupinha pro nosso menino!

Minha mãe diz chorando e eu desligo! Com isso, me entreguei ao choro. Nunca me imaginei enterrando meu filho. Aliás, nunca fui muito em enterros eu sempre fugia. E agora teria que ir ao do meu filho, não sei nem o que se faz nesse lugar. Tenho que receber as pessoas? Só de imaginar já me da vontade de gritar, não quero ouvir; " sinto muito! "Nem, "meus pêsames!" Que palavras fortes. Não quero ouvir "conte comigo". Não quero ver ninguém.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora