4- A REALIDADE

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"A realidade era um pesadelo"
Isadora Vasconcelos

                    Depois de algum tempo, despertei. Olhei pro sofá ao lado, Rafael não estava, nem Beatriz, me lembrei de tudo que tinha acontecido antes de me darem calmante, lembrei daquelas palavras "O Theo Morreu" então as lagrimas caíram quando me deparei com a realidade, como queria que tudo tivesse sido somente um pesadelo.

De repente, um pensamento me animou a alma, na minha cabeça meu filho não tinha morrido, eles tinham confundido com outra criança e eu precisava vê-lo para dizer que não era o meu filho morto. Então levantei decidida a ir ao necrotério.

Eu não estava com roupas de hospital, seria fácil sair sem ser notada, sequei as lágrimas, dei uma rápida olhada ao corredor e sai em busca do meu filho.

Enquanto caminhava pelos corredores, prometi pra mim mesma que nem iria processar o hospital pelo engano. Um grave engano, mas não vou processar o alívio de não ser meu filho morto já seria o bastante, só teriam que me informar onde estava o Theo.

Neste momento na minha cabeça, meu filho passou de falecido para desaparecido, eu precisa vê a criança que confundiram com o meu menino, para começar a procurar o Theo, ele deve estar em algum lugar pelo hospital, assustado e precisando de mim.

Tudo ia se resolver!

Como fui confiante para aquele lugar, meu filho estava vivo, foi apenas um engano, era tudo que eu conseguia pensar naquele momento. Quando cheguei ao meu destino, já tinham descoberto a minha fuga, enquanto aguardava ansiosamente minha autorização para entrar no necrotério. Uma Médica, Beatriz e Rafael vinham ao meu encontro.

Eu estava aparentemente calma com certeza efeito dos remédios e a ideia na minha cabeça de que tinham confundido meu filho me dava esperança. Quando chegaram perto de mim. Eu disse, calmamente:

— Eu quero vê o Theo!

Rafael chorando e se aproximando para me abraçar disse-me:

— Melhor não, Isadora!

Então eu gritei empurrando-o negando o seu abraço:

— Eu vou ver SIM! EU QUERO VER!

Então a Dr Fernanda pegou calmamente em minha mão e na mão do Rafael com os olhos cheios de lágrimas ela disse pro Rafael: Tudo bem ela vê o filho, ela precisa, faz parte. E olhando para mim ela disse: aguardem apenas um instante vou entrar verificar se a entrada está autorizada e volto apara entrar com vocês!

— Obrigada Doutora, nos aguardamos aqui. Respondi Calmamente!

Enquanto isso, parado na recepção do hospital, sozinho sem saber o que fazer, Murilo, não acreditava que seu pai tinha o deixado. A mãe do rapaz morreu quando ele ainda era pequeno e agora o pai o deixava.

Chorando muito, ele só pensa no quanto era injusto seu pai partir assim. Como era injusto ele ficar tão sozinho, sem pai e sem mãe. Murilo mal sabia ainda que iria enfrentar muitos sofrimentos mais na vida. E em meio a tanto pranto ele liga e pede a ajuda a sua carinhosa tia Ana, que era irmã da sua falecida mãe. Essa tia o marido e seu primo Miguel eram agora a única família de Murilo.

Pelo telefone sua tia Ana o consola:

— Murilo, eu sinto muito meu sobrinho, queria muito está ai para te dar um abraço! Mas, já estamos saindo de casa e não se preocupe resolveremos tudo para você meu querido!

— Obrigada Tia, espero por vocês, não sei o que fazer

— Chegaremos em instantes meu sobrinho você não ficará sozinho.

Neste momento Luíza chega ao hospital com a sua mãe Fatima e seu melhor amigo Bruno, a menina estava passando mal e precisou ser atendida pela emergência, os pensamentos estavam atormentando a pobre jovem, a culpa por ter ficado tanto tempo longe do pai e a dores da perda provocaram em Luíza uma intensa crise de choro e uma forte dor de cabeça. Então Fátima diz:

—Bruno que bom que você veio conosco, fique aqui com a Luíza no pronto socorro que cuidarei das burocracias para o enterro que termina com isso e sair o mais rápido possível desse lugar.

— Sim, Dona Fátima! Pode deixar que cuidarei da Luíza.

Enquanto isso em um quarto, do mesmo hospital Dona Ângela e Dr Frances despertaram, eles permaneceram calados, Ângela chorava silenciosamente a reação dela foi diferente da minha, penso que ela estava em choque enquanto eu estava em surto.

Danielle e Fábio cuidavam das burocracias para o enterro. Eles também foram ao necrotério enquanto eu estava sedada, Danielle era médica já tinha visto várias pessoas mortas, mas vê sua irmã ali sem vida, foram totalmente dolorosos.

Chorando Danielle diz:

— Fábio eu não aguento vê minha irmã assim, sem vida! Por que isso tinha de acontecer?

Fábio a abraça e chorando responde:

— Eu não sei Dani, não sei como será nossa vida sem ela.

Rapidamente eles saem daquele lugar escuro, que assombra a nossa alma com a realidade, nua e crua.

E chegava a minha vez desse entrar nesse lugar. Quando a Doutora Fernanda retornou, autorizou a minha entrada e de Rafael, Beatriz precisou esperar do lado de fora!

— Força meus amigos, para passar por esse momento, estarei esperando vocês aqui! Disse Beatriz

Quando entrei naquele lugar, quantas pessoas sem vida haviam ali, todas cobertas, logo avistei o único que estava com o rosto descoberto, que dor senti, um aperto no peito, um nó na garganta e uma paralisia diante daquela cena.

Pensei que não teria dor pior do que escutar aquelas palavras "O Theo Morreu" Mas tinha. Vê- lo morto. Ali caiu meu mundo. Era ele. Sem vida.

Eu cheguei mais perto, ainda calma, enquanto Rafael não continha seu choro eu não derrubei uma lagrima, ainda estava querendo acreditar que aquilo não era real.

Cheguei perto do meu menino e disse em seu ouvido: Acorda filho, é a mamãe. Tá tudo bem agora, eu vou cuidar de você, acorda filho! Por favor, acorda!

Mas ele não acordou. Sem forças. Ali entendi. Meu filho tinha morrido. Acabou.

Como vou viver sem ele? Eu precisava acordar daquele pesadelo. Enquanto quieta pensava em tudo isso, comecei a sacudir o Theo na intenção dele acordar e gritava:

— Acorda THEO! Acorda Filho, Acorda! E soltei o choro da alma!

A doutora Fernanda, me segurou a fim de me acalmar e eu disse, aos prantos:

— Como desejei que fosse um erro médico. Um erro. Que ele acordasse e eu nem processaria o hospital, eu prometi. Mas não, ele não acorda, meu filho tá morto doutora, ele morreu! Por que isso? Ele é só uma criança! Crianças não deveriam morrer!

Não demorou muito para que eu surtasse com esses pensamentos. Ajoelhei-me e chorando e olhando pro meu filho, gritei, com toda força que eu tinha: POR QUÊ?

Essa pergunta ainda me atormentaria por muito!

Por quê meu filho deve que partir?

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Gratidão pela leitura!
Capítulo novo toda quinta!

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora