8- 15 dias Depois Daquele Dia

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"Eu também perdi o chão, não sabia o que fazer só sabia que eu queria ajudar Isadora"
Rafael Vasconcelos

Quinze dias depois da morte do meu filho e eu olhando a noite pela janela do meu quarto, só sentia o desejo de me jogar; eu estava como aquela noite escura, aquele céu sem estrelas, a falta do Theo é muito grande e parece doer cada dia mais, que saudade do meu filho, de ouvir sua risada, cheirar seu pescoço, o sentir dormindo em meus braços ou vê-lo correndo pela casa.

Meus pensamentos foram interrompidos quando escutei alguém dizer meu nome.

— Isadora?

Quando me virei e olhei para a porta do meu quarto, lá estava o meu marido.

Rafael se aproximou e disse que estava com saudades, eu simplesmente o abracei forte e assim nós dois choramos e permanecemos abraços por alguns instantes.

Em seguida sentamos na beirada da cama para conversamos, de frente um pro outro, com os olhos ainda cheios de lágrimas nos olhamos. Rafael tocou meu rosto e perguntou:

— Como você está?

Que pergunta! Pensei..

— Estou tentando viver Rafael
— Eu também Isadora.

Permanecemos em silêncio e ele continuou:

— Quando você ia me contar sobre essa gravidez?

— Nós saímos de casa aquele dia, no dia do acidente para buscar o resultado do exame, o exame que me minha mãe encontrou abriu e descobriu a gravidez. Foi por causa desse exame que o Theo Morreu.

Rafael paralisou e demonstrou ter se assustado com as informações, nem consegui imaginar o que ele pensou neste momento. Ele passou a mão pelo rosto e disse:

— Foi um acidente Isa, ninguém podia imaginar. E quem sabe esse bebê que está a caminho não será o nosso restabelecimento.

Rafael disse isso tentando passar a mão pela minha barriga. Mão que tirei imediatamente e disse me levantando.

— Restabelecimento? Uma criança? Não. Não será Rafael.

Falo isso indo em direção à janela outra vez. Ele levanta e me diz:

— Temos que enfrentar isso juntos Isadora, tá doendo demais em mim também eu não sei o que fazer para te ajudar eu só sei que eu te amo e que precisamos passar por isso juntos. Disse Rafael com olhos lacrimejando.

Naquele momento olhei pra ele e tive compaixão do seu sofrimento, estava tão abatido, às vezes eu me esquecia de que ele era o pai e sofria tanto quanto eu.

— Eu te amo também Rafael, mas eu acho que não consigo. Respondi.

Ele me deu um beijo e disse: Juntos nós conseguiremos enfrentar a dor de cada dia.

Abraçamo-nos e resolvemos deitar, rapidamente conseguimos dormir, pois o dia tinha sido muito cansativo para ambos, o corpo pedia descanso.

Na casa dos Muniz dona Ângela recebe a visita de um querido e especial amigo, Padre Francisco ele tinha celebrado para Mariana uma linda missa de sétimo dia e agora com quinze dias após o acidente soube que Ângela estava ficando muito tempo trancada no quarto e então resolveu visita - lá após a missa das 19h.

Sônia recepcionou o sacerdote e o deixou esperando na sala, enquanto foi buscar dona Ângela que estava trancada no quarto de Mariana.

— Sua bênção padre, disse Ângela assim que se encontrou com Padre.

— Deus te abençoe filha, desculpe se estou sendo inconveniente com o horário, mas como hoje a celebração foi mais rápida resolvi vir já que no final de semana fica mais difícil conseguir sair da paróquia.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora