" A dor de perder um filho é tão grande...Parece que a cada dia, só piora! Se sofre tanto que se passa a ter medo de sofrer ainda mais"
Isadora Vasconcelhos
Chegou o dia da minha segunda sessão de Terapia, Rafael me deixou no consultório e correu pro trabalho, nesses últimos dias ele estava muito agitado na defesa de um caso.
— Isadora, me liga quando sair, me liga qualquer coisa! Vou tentar te levar em casa! beijos!
Meu marido sai e eu fico pensando o quanto estou dando trabalho para ele, o quanto estou mal, por precisar que me leve e busque na terapia. Tive vontade de falar que não precisava me buscar, mas lembrei que todas vezes que fiquei sozinha, sempre acontecia alguma coisa e não nego que tenho medo!
Ao iniciar minha sessão, contei pra Psicóloga da minha dificuldade de aceitar Laura. Mas que naquela semana a admirei pela primeira vez em quatro meses.
— E o que sentiu?
— Por alguns instantes uma paz, ela é linda. Sorriu pra mim. Mas depois me invadiu um medo.
—Medo do quê?
—Medo de me aproximar, também me lembrei do Theo, senti falta dele, fiquei irritada porque a Tatiane propositalmente me deixou sozinha olhando ela, enquanto foi ao banheiro e eu nunca fiquei sozinha com ela, fiquei um pouco aflita e quando ela voltou pedi para que a Tati saísse dali com ela.— Você não precisa se forçar, mas permitir uma aproximação natural é o saudável. Não se force, mas também não fuja de estar ao lado de Laura, você não precisa ficar sozinha com ela. Mas se aproxime enquanto Tati está cuidando. Enquanto Rafael está cuidando. Não precisa fazer nada se você não quiser mas tente apenas observar.
— Entendi. Tenho medo que eles me forcem a cuidar dela.
—Se comunique. Fale que você quer observar, mas não está pronta ainda para cuidar. Eles vão compreender.
— Sim. Eles irão mesmo. Tem razão!
— Mas me conte mais, me conte desde o nascimento da Laura como tem sido?
Após contar tudo que aconteceu desde o nascimento da minha filha. A psicóloga percebeu que eu não queria aproximação nenhuma com Laura, mas que me preocupava com ela.
— Percebe o quanto você se preocupa com a Laura?
— Não eu não me preocupo com ela. Se pudesse nem a amamentaria, me sinto egoísta por pensar isso. Mas não gosto de amamentar e se não fosse meu marido eu teria dado essa criança. Não tenho condições de cuidar dela.
— Ai está o ponto Isadora. Me parece que você não se dente habita para cuidar, me parece que você não quer aproximação porque se diz Incapaz de cuidar de Laura por isso a reluta na amamentação. Mas por outro lado você quer sim ter a Laura sobre o seu mesmo teto. Se preocupa com quem cuida dela. Deixa a Tatiane porque confia. Você repete por várias vezes que a Tatiane cuida muito bem dela. Isso porque observa e se preocupa se estão cuidando bem ou não da sua filha.
Será mesmo que se não fosse Rafael você daria a Laura? Por que então as duas vezes que ela saiu de casa você ficou tão aflita?
Fiquei pensativa com que a psicóloga disse e me atentei a responder apenas a pergunta que ela me fez:
— Fiquei com medo de que acontecesse algo com a Laura.
—Medo por quê? Se você diz que não se preocupa com ela? E mais já chegou a dizer que não a ama. Por que esse medo então?
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DEPOIS DAQUELE DIA
Misteri / ThrillerTudo que aconteceu DEPOIS DAQUELE DIA é contado por Isadora Vasconcelos uma famosa escritora que assumiu o desafio de escrever sobre a tragédia que mudou completamente sua vida; a perda de seu filho de apenas dois anos. Um acidente de carro fatal, q...