63- VISITANDO FAMÍLIA MUNIZ

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Tatiane tentava me acalmar, mas eu já estava tendo uma crise de ansiedade, na minha mente eu tinha certeza que eles tinham fugido com a minha filha.

Após trinta minutos de longa aflição eles chegam. A campainha tocou e eu corri, ao abrir peguei Laura dos braços do pai.

— Pra que tudo isso Isadora? Que desespero é esse? Perguntou Rafael.

— Que desespero é esse? Como é que você faz isso comigo? Pega minha filha, não diz pra onde vai.

— Você continua descontrolada. Desequilibrada.

— É isso que você quer né Rafael? Me enlouquecer.

— Não brinquem - Falou Beatriz.
— Cala a boca Beatriz, e saiam vocês dois da minha casa.

— O quê isso Isadora? Que agressividade é essa?perguntou Rafael.

— Eu não quero vocês com minha filha. 

— Era só o que faltava, esqueceu que foi eu que cuidei bem mais de Laura do que você?E eu sou o Pai pego Laura a hora que eu quiser, você não pode me proibir.

— Vão embora, vocês dois.
Beatriz interrompeu:

— A gente vai, desculpa o transtorno Isadora, mas agora você pode ficar em Paz. 

Dizendo isso eles saíram.

— Como Beatriz é cínica, Tati.
— Demais. Como você tá?

— Agora eu tô bem. Mas de fato fiquei descontrolada.

— É normal Isa, você ficou com medo. Mas já passou.

Dias depois tinha chegado o dia da minha visita a casa dos Muniz.

Fui Recepcionada por Sônia. A casa era linda, enquanto eu esperava na sala, observa as fotos da família. Havia fotos de Mariana, Danielle, da família. Fotos lindas. Na certa eles eram felizes.

— Boa tarde, Isadora, prazer em conhece - lá. Disse Dona Ângela.

— Boa tarde! O prazer é todo meu. Bom a senhora já sabe sobre o livro né?

— Sim. Murillo me explicou tudo. Já conversei com meu marido e ele também concordou, estou a sua disposição.

Dona Ângela é uma pessoa encantadora, serena, transmite tranquilidade. Enquanto me contava sobre a morte de Mariana, escorriam algumas lágrimas de seus olhos.

A conversa com Ângela me fez refletir, quantas pessoas sofrem a dor de perder um filho. Foi difícil conversar com ela,  pois ela tinha a mesma dor que eu, perdeu uma filha. Diferente de Murilo e Luíza que perderam o pai, ela perdeu a filha.

Theo tinha apenas dois anos. Mariana 26. Sinti um pouco de inveja, só tive dois anos com meu pequeno enquanto ela teve 26 anos com Mariana, aproveitou mais do que eu.

Em minha dor, eu imaginava que pelo Theo ser criança meu sofrimento era maior do que o dela. Aliás meu sofrimento era maior do que de qualquer mãe que perde um filho. Mas não, começo a refletir que a dor é a mesma. Mesma intensidade.

Pela maturidade da vida ou pela maturidade espiritual Ângela teve reações diferente das minhas. Mas a dor é a mesma. Eu sofria com as lembranças dos momentos que passei com o Theo. E ela certamente em 26 anos tinha também muitos momentos para lembrar.  Eu queria ver o Theo crescer, ele tinha muita coisa pra fazer, Mariana recém casada tinha também uma vida pela frente. Não é quantidade de tempo que passamos com quem amamos que irá determinar o sofrimento ao perde - los.  O que determina o quando sentiremos sua ausência é o amor que sentimos por eles.  O amor que eu sinto pelo Theo é o mesmo amor que Ângela sente por Mariana. A dor que sinto pela ausência do Theo é a mesma dor que Ângela sente pela ausência de Mariana.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora