30- DIAS DEPOIS

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" A cada dia eu tinha mais medo dos dias"
Isadora Vasconcelos

Rafael ficou muito assustado com tudo que aconteceu eu espalhei novamente as fotos do Theo pela casa. Comemos o que eles preparam num clima super tenso.  Em pouco tempo Beatriz e Tatiane foram embora.

Minha mãe ficou cuidando de Laura enquanto eu fiquei na sala com Rafael.

—Nunca mais faça isso Rafael, eu não quero que as fotos do Theo saia dessa casa!

—Me desculpa, isso não vai se repetir. Mas não precisava desse escândalo Isadora, a gente só estava tentando te animar,  você não está bem emocionalmente!

—Não precisava? Tentando me animar? Por acaso você acha que tirando a imagem do meu filho dessa casa, eu vou melhorar? O que você achou que essa menina, seria uma recomeço? Não, eu não quero começar mais nada nessa vida!

—Essa menina tem nome. É nossa filha, nós precisamos cuidar da Laura.

—Eu vou amamentar ela, da mesma forma do hospital e apenas isso! A Tati irá cuidar dela, você e a Tati.

—Tudo bem Isadora, eu não vou forçar nada! Faz como você achar melhor eu vou tomar um banho pra vê se consigo relaxar. 

E dizendo isso saiu irritado.

E assim os dias se seguiam. Minha mãe ficou apenas dois dias conosco voltou pro interior achando que sua ausência ia fazer com que eu me aproximasse de Laura.

Mas não. Tatiane fazia como o combinado, trazia a Laura na hora de mamar e depois levava novamente. Até nossa amizade esfriou um pouco, eu não queria ficar conversando com ela e o problema não era nem a Tati era a Laura, eu não queria ver a menina então ficava o mais distante possível das duas. E foi assim que se passou o primeiro mês. Eu não queria ir à terapia, aleguei que enquanto estivesse amamentando não dava pra ir, mas na verdade não estava com vontade, então Rafael estava indo e a psicóloga o ajudava a lidar com toda essa situação. .

A psicóloga orientava o Rafael falava pra ele ter paciência e tentar não discutir comigo tudo indicava que eu estava também com depressão pós-parto, mas não adiantava forçar nada neste momento eu precisava de paciência e amor, mas Rafael começou a ficar impaciente comigo e nossas discussões eram quase que diárias.

Apesar da psicóloga orientar que ele não deveria forçar uma aproximação maior entre eu e Laura. Ele não tinha paciência.

— Vamos ao Pediatra? Perguntou Rafael

— Não eu não vou, pode ir você e a Tati não tem necessidade da minha presença!    

—Não tem necessidade? É um absurdo! Só quero ver até quando você continuará sendo apenas a ama de leite da sua filha.

—Você sabe que por mim nem amamentaria.

— Isso é um absurdo.  A cada dia você se monstra uma pessoa mais egoísta.  Só pensa em você. 

Eu ficava do meu quarto pro sofá e do sofá pro meu quarto, não entrava no quarto de Laura. Rafael só saia para trabalhar depois que Tatiane chegasse e ela só ia embora depois que ele chegasse em casa. Eu nunca ficava sozinha com a Laura nos momentos de amamentação fechava os olhos e ficava agoniada até que terminasse, dei pouco leite então o pediatra que Tati e Rafael foram, indicou dar uma fórmula para alimentação de Laura, eu fiquei super animada e não via a hora dela não se alimentar mais com leite materno.

As vezes me sentia mal por pensar isso. E concordava com Rafael, estou sendo egoísta. Mas me sentia muito mal, era mais forte do que eu.

Aliás a culpa passou a fazer parte dos meus dias. De madrugada era Rafael quem levantava ficava com Laura e ficava esperando ela mamar para que ele colasse no berço.

DEPOIS DAQUELE DIAOnde histórias criam vida. Descubra agora