"Tu pertences-lhe..."

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"Tu? Saudades minhas?" Soltou uma risada. "Estás doente? Também estás drogado e confuso?" 

"Não. Eu estou perfeitamente bem de saúde e sóbrio como já não estava há muito tempo. Porquê? Não posso ter saudades tuas?"

"Podes... mas não é muito normal da tua parte." 

Soltei uma risada irónica interna... Foda-se, que merda é que eu andei a fazer no tempo todo que passei com ela? Será que ela acha mesmo que eu sou um ser humano horrível sem sentimentos? Meu Deus... ela acredita que aquele tempo todo não passava de um brinquedo para mim? Wow... eu devo ser mesmo um animal. 

Mas é claro... é claro que ela passou aquele tempo todo a achar que não significa absolutamente nada... era isso que eu me esforçava todos os dias por lhe mostrar. Esforçava-me para não a olhar nos olhos, esforçava-me para não sorrir quando fazia aquela cara concentrada a corrigir os exercícios, esforçava-me para não mostrar nenhum tipo de emoção na sua presença... Esforçava-me para ficar longe dela quando dormia aqui... No fundo, acho que me esforçava para tratá-la mal. Nunca lhe dei valor enquanto podia... Eu não quero nem imaginar como ela se devia sentir quando se ia embora daqui.

E quantas vezes é que ela devia estar totalmente aterrorizada por andar sozinha por estas ruas às tantas da noite, quando na realidade eu estava sempre lá, apenas uns metros atrás, apenas nalgum lugar um pouco mais escuro para que não me visse... Porquê? Porque é que não ia simplesmente com ela? Não seria muito mais fácil e eficaz? Porra! Mas eu era retardado ou só burro, mesmo?

Não consigo parar de pensar na mesma pergunta: Para quê? Com que objetivo é que eu agia daquela forma? Se eu não tivesse sido como fui nada disto teria acontecido. Se eu a tivesse tratado bem desde princípio ela ia ter confiado em mim quando desmenti aquela história louca da amiga dela, não teríamos discutido, ela não teria conhecido o cabrão do Hunter e muitos problemas, muitas dores de cabeça, e muitas noites sem dormir teriam sido evitadas. Sim, porque eu ficava fora de mim cada vez que a via entrar naquele maldito carro sem saber para onde a ia levar e o que lhe ia fazer. 

"O que é que achas que eu sinto por ti?" Esta pergunta saiu da minha boca sem eu sequer pensar, porque se eu tivesse pensado não iria querer saber a resposta. 

Ela apenas encolheu os ombros e continuou a olhar para mim, com aquele brilhozinho que capta a minha atenção. 

"Não sei... nada? Talvez me consideres só um bocadinho tua amiga... ou talvez não sintas mesmo nada... afinal eu sempre fui só o teu brinquedo, não é?" 

Ela disse isto com uma descontração... como se fosse a coisa mais natural de se dizer. Como se fosse a resposta mais lógica possível... e nem sequer pareceu icomodada ao dizê-lo. 

"Tu sabes que isso não é verdade..." Desviei o olhar, porque custa-me olhar para ela sabendo que pensa aquilo. "Não sabes?" 

"Eu não estou a perceber exatamente onde é que tu queres chegar com esta conversa. Qual é o objetivo?" 

"Não há objetivo... eu só estou a tentar dizer que eu sou um ser humano, e eu tenho sentimentos... alguns dos quais por ti." Ela soltou uma risada pequena. 

"Spice... as tuas drogas estão a começar a ser um pouco fortes de mais, não achas?"

"Eu nunca estive tão sóbrio como estou agora, desde os meus quinze anos. Porque é que é tão difícil acreditares em mim?" 

"Porque eu conheço-te... tu não estás normal hoje. Isto não és tu. Eu não sei o que é que se passa contigo, mas não estás mesmo como de costume." Eu respirei fundo. Acho que só agora me estou a aperceber das grandes merdas que fiz. 

"Tu não me conheces... Tu conheces o idiota que eu te mostrava. Tu vês-me lidar com a Jules... tu sabes que eu tenho sentimentos, eu trato-a bem."

"Ela é tua irmã... é claro que a tratas bem. São laços de sangue, e eu acredito que tu a adoras com todas as tuas forças, mas eu sou uma coisa totalmente diferente, nem tentes comparar."

"Não. Sugar, tu és uma coisa totalmente igual. A única diferença é que te adoro de outra maneira. Tu sabes como eu a quero proteger, todo o meu esforço para fazer com que ela tenha uma boa infância neste lugar e tudo o que faço para a ver feliz... ela é a minha menina... a única diferença é que tu és a minha miúda." 

"Não..." Sorriu, um tanto nostálgica e abanou a cabeça negativamente. 

"Sim!"

"Eu não sou."

"És! Eu sei que não deve ser fácil acreditar depois de tudo o que eu te fiz e disse, mas por favor... por favor, acredita em mim." 

"Tu estás confuso. Dorme que isso passa." 

"Porra, Sugar!" Levantei a voz... é a força do hábito. "Eu estava disposto a enfiar uma bala na cabeça daquele tipo, por ti! Tu achas que eu aponto pistolas à cabeça das pessoas todos os dias? Achas que isso é um procedimento normal? Tu sabes o arsenal de armas que aquele gajo tem? Se ele tivesse alguma escondida por ali... e eu acredito que ele tinha, mas se lhe tivesse conseguido chegar, eu também podia ter acabado mal! Aliás, eu sei lá se ele não vai mandar lá o gangue dele atrás de mim e se não levo um tiro qualquer dia." Posso ver no seu olhar que está a ficar assustada de novo... boa Turner... muito bem, seu imbecil! "Merda..." Suspirei. "Desculpa, ok? Eu exalto-me com facilidade. Ninguém me vai dar um tiro, está bem?" Fiz uma pausa para reparar que o brilho nos seus olhos está mais intenso, mas não é por uma boa razão, é por estar a muito pouco de começar a chorar. "Eu só estou a tentar dizer que gosto de ti! Mas não está fácil... não estás a ajudar."

"Como é que queres que eu acredite nisso? É um bocado díficil, não achas?"

"Eu sei! Eu sei que não te tratei da melhor forma, e acredita que me arrependo. É só que eu não estava habituado a lidar com boas pessoas... não fazia parte do plano eu gostar de ti. Era para ter sido só uma vez sem exemplo, mas depois aconteceu outra vez, e outra vez, e outra vez... e por muito mal que eu te tratasse tu continuavas sempre a tratar-me melhor do que eu merecia, e a Jules adora-te e eu adoro a forma como tu a adoras a ela também e... O problema é que tu foste demasiado boa. Tu ajudavas-me a sério... não só no cálculo. Tu perguntavas pelos meus problemas, e isso fazia-me sentir apoiado, e tomavas conta da Jules quando eu não podia. Mesmo eu sendo um otário insensível tu voltavas todas as noites. E quer acredites, quer não, eu contava os minutos para te ouvir bater à porta. Quando chegavas eu provavelmente já tinha olhado para o relógio umas das vezes... Foi uma bola de neve, tudo começou a acumular-se e quando dei por isso já estava... Porque tu fazias-me sentir melhor do que eu sou. Eu implicava com o teu jeitinho doce, mas no fundo eu gostava tanto... fazias-me sentir tão bem." Não consigo decifrar a expressão dela, mas diria que está no mínimo incrédula. "Eu eu sei que talvez seja egoísmo da minha parte, porque tenho a certeza de que enquanto me fazias sentir bem, eu te devia fazer sentir horrível. Desculpa. Desculpa tudo o que já te fiz, e tudo o que posso vir a fazer... E desculpa, eu sei que é egoísmo, mas eu não posso, e eu não vou deixar-te sair do meu mundo outra vez, por muito mau que o meu mundo possa ser, tu pertences-lhe..."

Hey babes <3 Tadinho do Kev... ela não acredita que ele gosta dela. O que é que estão a achar deste novo Kev fofinho? Eu pessoalmente estou a gostar muito :P 

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Kiss <3

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