Estou sentado à mesa da cozinha depois de termos festejado um mês de vida do Liam ao jantar. A Nat já subiu para o pôr a dormir. Os miúdos já estão nos seus quartos. E eu estou apenas aqui... a olhar para a mesa da cozinha, tapada de contas para pagar das compras fiadas que temos feito nos últimos tempos... devo cento e vinte dólares na farmácia dos suplementos... devo setenta doláres no supermercado, devo cinquenta na bomba da gasolina. A conta da luz veio em cento e dezassete dólares, a da água a quarenta e três, o gás a trinta e dois. O que significa que devo ao todo quatrocentos e trinta e dois doláres. Tirei a carteira do bolso e despejei-a para cima da mesa... três doláres a dois cêntimos. Senti o desespero a bater-me bem no fundo do peito. Eu tenho de fazer alguma coisa... alguma coisa que me permita ganhar muito dinheiro em pouco tempo... Não Kevin... não vais fazer isso... Abanei a cabeça em negação a mim próprio.
Subi as escadas e ela está sentada na cama ao lado do berço. Senti um nó a formar-se na minha garganta.
"Vou sair..." A voz mal saiu de dentro de mim.
"O quê?" Franziu a testa, desviando o olhar do Liam para olhar para mim.
"Vou sair... eu preciso de fazer alguma coisa por nós, Sugar... nós estamos enterrados até ao pescoço... estamos no fundo do poço e eu vou fazer alguma coisa para remediar isto..."
"Ok... e vais fazer o quê? Procurar outro emprego a estas horas?" Senti o nó na minha garganta intensificar-se.
"Digamos apenas que vou fazer o que tiver de ser..." Virei-lhe as costas antes de que ela pudesse responder alguma coisa que me impedisse de sair por aquela porta e fazer o que tenho de fazer.
Desci as escadas para o rés-do-chão. Puxei uma cadeira da cozinha e tirei a caixa que está em cima do armário da sala... há tanto tempo que não tocava nisto... tirei a pistola da caixa e guardei-a no cinto das calças de ganga. Saí pela porta o mais rápido possível, antes que perca a coragem.
Andei pelas ruas quase desertas e cheguei em frente à casa dele... tem um aspeto abandonado... degrado pelos quase dois anos em que esteve vazia. Não tem sinais de ter sido arrombada... bem, não até esta noite... Entrei pelo portão da traseira e abri a casa da manutenção do jardim. Procurei no meio da tralha que parece já ter sido remexida e encontrei o pé de cabra. Engoli em seco e respirei fundo. Fui até à porta das traseiras, encaixei o pé de cabra na fisga da porta, dei fiz força e a porta abriu... porque é que ainda ninguém invadiu isto antes? É tão fácil... Ah sim, claro... porque o gajo que vivia aqui foi assassinado pelas coisas que tinha aqui dentro... Respirei fundo... a casa está ainda mais degrada por dentro do que por fora. Passei pela sala e olhei para o sofá, agora empoeirado... uma lembrança daquela noite passou à frente dos meus olhos fazendo-me sentir uma náusea involuntária. FODA-SE TURNER! ENRIJECE CARALHO! LEMBRA-TE DE QUEM ÉS! TU FAZES O QUE TENS DE FAZER... NÃO CONHECES A PALAVRA REMORSO E A ILEGALIDADE NÃO TE ASSUSTA!
Abri a porta para a cave, tirei o telemóvel do bolso para iluminar as escadas e desci. Nada aqui parece ter sido remexido, no entanto não há nada em cima da mesa, a não ser as saquetas e colheres de dosear. Iluminei o restante espaço com o telemóvel e não vi nada... será possível que ele já não tivesse nada? Ou vieram buscar o que lhe sobrou? Andei à volta daquele espaço a tentar iluminar cada canto e de repente o meu pé pisou no chão e um som oco ecoou pela cave. Pisei de novo naquele local com mais força, e som oco veio mais nítido. Coloquei um joelho no chão e iluminei aquele pedaço de soalho, tocando-lhe com a mão, pude perceber um rebordo fino nalgumas peças do soalho, usei o pé de cabra que ainda tinha na mão para partir o chão naquele local e revelar um compartimento de cerca de um metro quadrado, cheio de embalagens fechadas. Respirei fundo pelo que pareceu a milésima vez esta noite. Peguei num dos pacotes e levei-o para cima da mesa.
Encostei o telemóvel com a lanterna acesa a apontar para as minhas mãos. Tirei uma navalha do bolso e abri a embalagem para ver o pó branco a sair dela. Engoli em seco e tirei a t-shirt para a atar em volta da minha cara a tapar o nariz e a boca porque o objetivo não é eu ficar pedrado de coca enquanto faço isto. Tenho as mãos a tremer enquanto pego na pequena colher de dosear e a coloco dentro do pacote. Peguei num dos saquinhos pequenos e fiz vários com dosagens diferentes, o que se revelou uma tarefa difícil para alguém a quem as mãos tremem como se tivesse parkinson.
Coloquei as doses no bolso e saí da cave. Desatei a t-shirt da minha cara e voltei a vesti-la... Vamos ver como corre a primeira noite de trabalho... O meu coração bate a uma velocidade alucinante e eu vou até um local onde sei que há quem procure este tipo de substâncias. Encostei-me à parede, junto da esquina menos iluminada.
Não demorou para que um dos agarrados mais famosos da zona se aproximasse de mim.
"O que é que tens?" Perguntou assim que ficou perto o suficiente para que o pudesse ouvir.
"O que é que procuras?" Respondi com outra pergunta.
"Tens coca?"
"Quanto é que queres?"
"Duas gramas."
"Vinte-cinco dólares."
"Só tenho dez..."
"Então é meia grama."
"Mas isso não dá para nada!" Protestou. "Eu pago-te o resto amanhã."
"Não vendo fiado."
"Quize doláres por uma grama e meia."
"Doze e meio por uma grama."
"Feito." Tirou o dinheiro dos bolsos e eu entreguei-lhe a dose.
Antes que pudesse dar por isso já tinha ficado sem doses e já tinha quase duzentos doláres no bolso... embora isso nem dê para pagar as dívidas que já tenho, mas talvez se vier amanhã e se trouxer mais doses já consiga pelo menos pagar as dívidas.
Entrei em casa a sentir-me horrível. Despi toda a roupa que tinha vestida e meti tudo para lavar. Que espécie de pai sou eu que vai traficar coca para poder alimentar o filho? O tipo de pai que faz qualquer coisa pela família... por muito que isso vá contra tudo aquilo que acredita ser... visto pelo lado bonito é assim que se pode explicar.
Ouvi passos nas escadas e olhei para lá. Ela está a olhar para mim e só então me sou conta que ainda tenho a pistola na mão, que estava prestes a guardar na caixa em cima do armário.
"Kev?" A sua testa franziu de preocupação. "O que é que estás a fazer? Porque é que estás com a pistola? Onde é que foste?" Engoli em seco e desviei o olhar.
"Onde achaste que tinha ido?"
"Achei que tinhas ido beber uns copos com os teus amigos... para festejar o mês do Liam..." A sua inocência fez-me sorrir.
"O que eu fui fazer está em cima da mesa..." Apontei para o monte de notas amarrotadas em cima da mesa.
"Onde é que tu foste buscar aquilo, Kevin? O que é que tu fizeste?"
"Não matei ninguém... se é isso que estás a pensar. E também não roubei ninguém..."
"O que é que fizeste?" Levantou a voz. Eu não levantei os olhos do chão, nem lhe respondi. "Olha para mim!" Foi ao pé de mim e segurou-me na cara para que olhe para ela. "O que é que tu fizeste, Kevin?"
"Eu trafiquei, está bem? Era isso que querias ouvir? Aí tens! Eu invadi a casa do Hunter e vou vender o resto da droga que está lá! Estás feliz agora?"
"Estás a gozar comigo, não estás, Kevin? Diz-me que estás a gozar comigo!"
"Não, não estou a gozar contigo! E se tiver que fazer pior para garantir a sobrevivência de toda a gente debaixo deste teto eu faço! Quer tu gostes quer não! Isto é quem eu sou! E tu já sabias disso quando casaste comigo, então agora aceita e mantém essa boquinha fechada sobre este assunto! Ninguém pode saber percebes? Ninguém!"
Hey babes <3 O Kev está mesmo a fazer isto!! :o O que é que acham das ações dele? Acham que vale a pena pelo bem da família?
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Kiss <3
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Rule Breakers
Storie d'amore- Ele: Kevin Lucas Turner, apenas Kev para os amigos, e apenas Turner para quem não o conhece. Muitos fazem trocadilhos com o seu apelido - Turner: Para as miúdas do bairro "Such a TURN on"; para os professores "TURNS everything into trouble" ; em c...