"Nojo"

381 44 25
                                    

Ponto de vista do Kev

Três dias... três filhos da puta de três dias desde que ela foi para a merda do Hawai, e desde que foi para lá não conseguiu nunca dar-me mais do que três minutos de atenção ao telemóvel. Caralho! Eu pago os olhos da cara para fazer uma chamada para lá e ela não se digna a fazer render a merda da taxa! Tem sempre muito o que fazer, está sempre com muita pressa... aquilo nem sequer são férias para ninguém, ela não pode estar a descansar, anda sempre a correr. 

Procurei o número e liguei-lhe de novo apenas para ouvir mais uma desculpa para não falar comigo. Chamou quase até ir parar ao voice-mail, mas finalmente atendeu, e ainda bem porque eu paguei a taxa! 

"Alô!" Atendeu animada e isso fez um sorriso estúpido florescer na minha cara. 

"Sugar..." O meu sorriso alargou-se ainda mais quando pronunciei esta palavra. "Como é que tu estás? Estás a divertir-te?"

"Sim, Spice... perguntaste isso ontem também." Soltou uma risadinha adorável. "Estou a divertir-me dentro das possibilidades de divertimento que existem quando estou de férias com os meus pais... tu sabes, eles organizam um monte de atividades, planeiam tudo ao pormenor, cada horário, cada refeição... enfim, uma seca a maior parte do tempo." 

"Eu só quero que o tempo passe depressa para voltar a estar contigo..." Admiti, deitado de costas na minha cama, a acariciar inutilmente a almofada que ela usa quando dorme aqui comigo. 

"Eu também..." Ouvi bater à porta, do outro lado da linha. "Desculpa, deve ser a minha mãe, eu ligo-te depois, tchau, beijo." Ouvi restolhar e o som ficou mais abafado. Não desliguei. "Ah és tu... entra." Ouvi a voz dela, meio abafada. 

"É claro que sou eu, Nat... quem havia de ser?" Ouvi uma voz masculina. 

"Achei que era a minha mãe... até desliguei à pressa." 

"Estavas a falar com o teu namorado?"

"Ele não é meu namorado!" Retorquiu, demasiado exaltada. 

"Mas vocês têm um relacionamento..." 

"Eu não tenho relacionamento nenhum com ele!" Bem... é a verdade, mas mesmo assim, custa ouvir. 

"Enfim, esquece-o. Estou a precisar de relaxar, queres vir para o meu quarto enquanto os nossos pais se divertem no casino do hotel? Tenho garrafas de vodka à nossa espera..." 

"Outra vez, Brian?" Ouvi a sua risada brincalhona. E quem caralhos é o Brian?

"Sim, outra vez! Anda lá! Estou mesmo a precisar de ti..." 

"Ok, ok..." Ouvi restolhar de novo, depois o som de uma porta a abrir e fechar logo de seguida- Alguns passos, mais um barulho de porta e de novo a sua voz: "Wow... o teu quarto é tão maior que o meu! E a tua cama! É king size! Que sorte..." 

"Yah... podes experimentar o colchão se quiseres." Eu não estou a gostar nem um pouco disto.

"É tão bom!" Sinto a raiva a formar-se no meu corpo a um ritmo incontrolável. 

"E ainda não viste nada..." 

"Hmm... adoro... é tão bom e tão relaxante... eu precisava disto todos os dias na minha cama. Que delícia..." Eu recuso-me a ficar a ouvir isto! Eu não sou obrigado a ouvir estas merdas! É inacreditável como ela acabou de revelar ser tudo aquilo que eu achava que ela não era. 

Desliguei a chamada que já não deve estar nada barata e atirei o telemóvel para um monte de roupa que estava no canto do quarto. Foi a gota de água! Para mim chega! Eu não quero mais saber desta miúda! Está morta para mim.

Rule BreakersOnde histórias criam vida. Descubra agora