"Olha a minha cara de preocupado." Olhou-me nos olhos, ainda mais sério do que está sempre. "Ninguém te obriga a estares aqui, podes ir embora a qualquer momento. Eu não preciso de ti, nem da tua ajuda. E também não preciso que estejas aqui só para fazer a vontade à minha irmã por isso se não gostas do que há aqui, vai-te embora. A porta da rua é a serventia da casa."
"Ok." Virei-lhe as costas e peguei na minha mala, saí e bati com a porta.
Sinceramente, não percebo como é que achei que havia uma leve, muito leve, esperança de conseguir fazer alguma coisa deste animal.
"Nathie!" Ouvi a voz da Jules chamar-me, mal tinha acabado de dar dois passos para fora do portão. Parei de andar e cerrei os lábios... o que é que vou dizer-lhe? Olhei para a porta, onde ela estava. "Onde vais? Já não vais jantar connosco?" Perguntou, com uma carinha triste que me paritu o coração em mil pedaços.
Não tive tempo de responder. O Kev apareceu à porta e colocou uma mão no seu ombro.
"É claro que ela vai jantar connosco, Jules... eu só lhe pedi que ela fosse à loja no fundo da rua buscar sumo, porque esqueci-me de comprar na vinda para casa." Disse, com um sorriso. "Não é Nathie?"
"Sim... claro. Eu vou só buscar sumo. Tens alguma preferência, princesa?" Forcei um sorriso.
"Eu gosto de pinacolada!" Respondeu, entusiasmada.
"Anotado..."
Ela voltou para dentro e ele continuou à porta. Virei-lhe as costas e continuei o meu caminho.
"Ai de ti que não volte com um sumo de pinacolada, dentro de dez minutos!" Foram as suas únicas palavras antes de voltar para dentro.
Eu fui até ao fundo da rua, à procura da loja de que ele tinha falado. Comprei o sumo, engoli o meu orgulho e voltei para lá. Bati à porta, ele veio abri-la mas voltou para dentro de imediato. Deixei o saco com o sumo em cima da mesa.
"Ei Jules... consegui o sumo que tu querias." Disse, sentando-me ao seu lado no sofá.
"Obrigada, Nathie." Abraçou-se ao meu pescoço. "Queres vir ver o meu quarto?" Esta miúda é um poço de entusiasmo. "Kev, posso ir mostrar o meu quarto à Nathie?"
"Está arrumado?" Perguntou, de costas para nós, sem desviar o olhar do que está a fazer.
"Aham... está um brinquinho."
"Então podes."
A Jules pegou-me pela mão e puxou-me pelas escadas acima.
"Este é o meu quarto." Disse, apontando para uma porta cheia de fitinhas cor de rosa. "Aquele é o quarto do Rick, do Allen e do Martin." Apontou para a porta ao fundo do corredor. "Ao lado é o quarto dos nossos pais... mas nós chamamos-lhe quarto de hóspedes, além de os hóspedes nunca dormirem lá... é no quarto dos nossos pais que o Kev se esconde de nós quando quer chorar... E esta porta em frente à minha é o quarto do Kev." Abriu a porta do seu quarto e foi como se tivesse aberto a porta de um reino encantado. Aquele quarto não tem nada a ver com o resto da casa. Está todo organizado, cama feita, cor de rosa por todo o lado, bonecas de princesa, caixinhas de música. E lá ao fundo pendurado num cabide de parede está um uniforme de enfermeira, de carnaval. "Gostas?" Perguntou, com os olhos a brilhar.
"É lindo, Jules... faz-me lembrar do meu quarto quando eu tinha a tua idade."
"A sério?" Pulou para cima da cama.
"Aham... Eu também tinha tudo em cor-de-rosa."
"E também gostas de caixinhas de música? Eu faço coleção."
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Rule Breakers
Romance- Ele: Kevin Lucas Turner, apenas Kev para os amigos, e apenas Turner para quem não o conhece. Muitos fazem trocadilhos com o seu apelido - Turner: Para as miúdas do bairro "Such a TURN on"; para os professores "TURNS everything into trouble" ; em c...