Rule Breakers

"Quem é a minha miúda?"

* 5 anos atrás *

Ponto de vista do Kev

É uma noite de Verão e para variar a minha mãe está em casa... Não suporto a sua presença, quero que vá embora o mais rápido possível. Não consigo estar no mesmo espaço que ela. Perdi o meu refúgio há demasiado pouco tempo para ter paciência para as merdas dela. 

Saio de casa e apanho o comboio... quero ficar longe dela, longe deste lugar a que chamo de casa... longe das ruas que me lembram daquela noite em que os perdi. Quero ir para cidade, e esquecer-me desta vida de merda... 

Entro num bar, apenas para poder beber sem ninguém que me conheça do outro lado do balcão a dizer-me quando devo ou não devo parar. Oiço risos e olho para o fundo da sala... é um grupo de putos... estão a rir e a fazer parvoíces... um dia eu já fui como eles. Perdi a conta às bebidas que pedi, na verdade acho que só pedi a primeira e que o barman seguiu à risca o meu pedido de mantê-las a vir. 

Os putos já foram embora... continua apenas uma à porta, provavelmente à espera do táxi, ou que os pais a venham buscar. Um homem que esteve sentado a uns metros de mim a noite inteira também se dirigiu à saída, mas antes de se meter no caralho teve a triste ideia de dar uma palmada no rabo da miúda. 

"Ei!" Levantei-me do banco onde estive as últimas horas. "Tu! Oh gajo! Isso são maneiras? Ganha vergonha, a miúda tem idade para ser tua filha! Pedófilo do caralho!" 

"Repete lá?" Ele veio a passos largos na minha direção. 

"Devias ter vergonha na cara... a miúda tem idade para ser tua filha... mete-te com gente do teu tamanho, oh bocado de bosta!" Ele levantou o punho para me acertar e eu preparei-me para arregaçar as mangas, mas antes que o pudesse fazer a miúda estava entre nós os dois. 

"Desculpe... ele está bêbado... estamos só à espera do nosso táxi para irmos embora... vamos deixar a noite acabar sem incidentes?" Pediu-lhe e ele olhou para mim reticente. "Por favor..."

"Só porque é uma menina tão bonita a pedir..." O nojento sorriu para ela e virou as costas. 

"PORCO!" Ainda gritei, mas ele já não se deu ao trabalho de voltar para trás e só então olhei para a cara dela. "Devias ter-me deixado acabar-lhe com a raça..."

"Não vale a pena... estão os dois demasiado bêbados para brigas..." Sorriu, e isso fez-me sorrir também. 

"Eu conheço-te?" A cara dela não me é estranha... de todo. 

"Acho que não..." Sorriu de novo e baixou o olhar. 

"Tens a certeza... a tua cara não me é estranha..."

"É a bebedeira..." Encolheu os ombros. 

"Como é que te chamas?" 

"Tenho cara de quê?" Desviou a pergunta. 

"Honestamente... tens cara de linda." Só eu sei o quanto me arrependi depois de me aperceber o quanto isto soou estúpido. 

"Podes chamar-me Linda, então..." Riu-se. "E tu? Como te chamas?"

"Kevin..." 

"Prazer em conhecer-te... eu estou à espera de um táxi, se precisares de boleia para algum lado..." 

"Acho que podia usar uma boleia... até à estação de comboios... se não te ficar fora de caminho." 

"Claro... não há problema." Sorriu de novo... com aquele ar inocente, que eu perdi há demasiado tempo.