"Eu não brinco"

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"Agora o que temos de fazer é dizer ao teus pais."

"Eu não quero dizer aos meus pais." Abanou a cabeça vigorosamente.

"Nat... não lhes podes esconder que estás grávida... se bem que se o fizesses eles provavelmente só saberiam quando te vissem com uma criança de 10 ou 11 anos, mas tens de lhes dizer. Tens de ser mulherzinha para isso... o medo dos pais é uma fase que já passou, tu vais ser mãe agora... se alguém se vai impôr és tu... eu vou contigo, se te faz sentir melhor." Assentiu com pouco vontade. "E é já... liga-lhes... diz-lhes para irem para casa."

"Mas já?"

"Sim... já." Muito a custo lá pegou no telemóvel e telefonou a um de cada vez a convocá-los para estarem em casa deles depois de jantar. "Custou assim tanto?" Perguntei, quando ela desligou a chamada. Encolheu os ombros. "Agora, vamos dizer aos miúdos."

"Aos miúdos?" Esbugalhou os olhos. 

"Sim... não tencionavas não lhes contar e deixá-los descobrir quando te vissem de barrigão, pois não?"

"Mas tem de ser já?"

"O melhor é deixar tudo já despachado de uma vez e pronto. É como arrancar o penso rápido, se for de repente dói menos. Anda lá..." Peguei-lhe na mão e fí-la descer as escadas. "Meninoooos! Tudo para a sala! Reunião familiar." 

Ela está com um ar reticente, e de certa forma envergonhado. Eu acho normal... afinal são miúdos, nunca se sabe o que podem pensar, sentir, ou até mesmo dizer, embora eu ache que vão todos ficar animados com a novidade. Suspirou e sentou-se no sofá ao meu lado, e perante nós, quatro crianças a olhar fixamente para ela. 

"Olá meninos..." Foi a única coisa que conseguiu dizer. 

"Temos de falar, miúdos..." Introduzi. "As coisas vão mudar um bocadinho aqui em casa..." Olhei para ela, à espera de ver alguma luz de coragem na sua expressão, mas não a encontrei. "A Nat vai mudar-se para cá... de vez. Oficialmente."

"Eu pensava que tu a odiavas e que nunca mais a querias ver." O Martin lançou e ela baixou a cabeça.

"As coisas mudam, as circustâncias mudam... e quando forem mais velhos vão perceber que quando se gosta de alguém a sério, por muito que digamos a nós próprios e aos outras que odiamos, é mentira... é só para acalmar. Por isso não... eu não a odeio, nunca odiei... pelo contrário, se eu estava chateado é porque gosto muito dela, e além disso... todos nós temos mais razões para a tratar bem a partir de agora." Eu próprio respirei fundo antes de falar. "Ela está grávida..." Esperei alguma reação, mas estão todos a olhar para mim, de olhos esbugalhados. "Ou seja... vocês vão todos ser tios." Acrescentei, só para o caso de eles não terem percebido, mas continuo sem obter nenhuma reação decifrável. "Eu vou ser pai..." Acho que só agora fizeram o clique, mas a única coisa que mudou foi que além dos olhares fixos agora também estão de boca aberta. "Alguém pode dizer alguma coisa? Se faz favor?" 

"Fixe..." Foi o Rick o primeiro a falar. "Posso voltar a ver os desenhos animados?"  

"Hmm... podes." Até eu fiquei atordoado com a sua calma... como se fosse a coisa mais natural do mundo. 

"Está bem... quando ele nascer o Ally já não deve caber no berço de qualquer forma." O Martin respondeu e levantou-se. "Vou lavar a bicicleta." 

"Jules?" Esperei pela sua palavra. 

"Se for uma menina posso fazer-lhe penteados?" Perguntou entusiasmada. 

"Podes..." Encolhi os ombros. 

"E ela vai poder ficar com as minhas bonecas..." Sorriu. 

"Sim... claro que vai poder."

"Brutal! Vou fazer os trabalhos de casa." Levantou-se como os dois irmãos já tinham feito. 

Ficámos só nós os dois a olhar para o Ally que era o único que continuava sentado a carpete da sala a brincar com um dos seus bonecos, e que quando viu que estávamos ambos a olhar para ele apenas abriu a boca a rir, andou desajeitado até ela, disse o seu nome e subiu-lhe para o colo, onde continuou a brincar com o mesmo boneco. 

"Bem... isto foi fácil..." Comentei, ainda incrédulo com as reações descontraídas dos meus irmãos.

"É... parece que sim..." Concordou. "Achas que eles não gostaram da ideia de mais um bébe?" 

"Não... tu sabes como eles são... quando não gostam de alguma coisa não têm problema nenhum em fazer escândalo... só acho que eles lidaram bem com a situação... provavelmente porque todos sempre estiveram habituados a ter um bebé por aqui depois de já serem maiorzinhos... talvez para eles mais gente cá para casa já não seja uma surpresa, mas apenas algo de normal e recorrente."

"Achas?" 

"Bem... eu também não fiquei assim tão chocado com ideia... quer dizer, é só mais um..."

"É... é só mais um..." Engoliu em seco. 

~*~

Estamos em frente à porta da entrada do apartamento onde ela vivia com os pais. Já sai luz por baixo da porta o que indica que os pais dela já chegaram. Finalmente ele meteu a chave na fechadura e rodou. A porta abriu, ela entrou e deu-me passagem. Os seus pais estão sentados no sofá a ver televisão. Olharam na nossa direção.

"Antes de mais nada, este é o Kevin... por favor não sejam rudes." Disse, mal eles nos viram. Foi andando na direção de um dos sofás pequenos e sentou-se nele, eu fiquei em pé ao seu lado. 

"Boa noite. Kevin Turner." Apresentei-me e entendi a mão a cada um deles para os cumprimentar, e eles acederam ao cumprimento. 

"Mãe, pai... eu tenho uma coisa para vos contar. E quero que saibam que eu já tomei as minhas decisões e que vocês não vão intereferir em nada do que eu tenho decidido. Eu não estou aqui para pedir autorização, ou seja lá o que for... estou aqui a penas a fornecer uma informação." Respirou fundo antes de continuar. "Eu estou grávida... não vou abortar, portanto nem coloquem isso em cima da mesa. Como já devem ter percebido, o pai é ele... e eu vou sair definitivamente desta casa." O seu pai soltou uma gargalhada e ficou sério logo de seguida.

"TU DEVES ESTAR É MALUCA NATHALIE! VAIS ABORTAR E VAIS MESMO! NEM QUE EU TENHA DE TE ARRASTAR ATÉ À CLÍNICA E AMARRAR-TE NA MACA!" Gritou em plenos pulmões e eu perdi-me de mim próprio durante uns momentos. 

"VOCÊ NÃO VAI FAZER CARALHO NENHUM! NÃO TEM MORAL PARA GRITAR COM ELA NEM PARA A OBRIGAR A FAZER SEJA O QUE FOR! SE VOCÊ NÃO SABE O QUE É SER UM PAI EU SÓ LAMENTO! MAS EU SEI O QUE É SER UM PAI! E SEI AINDA MELHOR O QUE É CUIDAR DA SUA FILHA! JÁ O FIZ DURANTE MUITO MAIS TEMPO E MUITO MELHOR DO QUE VOCÊ ALGUMA VEZ FARÁ! POR ISSO ELA VAI VIR COMIGO, SIM! QUEM VOCÊS OS DOIS QUEIRAM QUER NÃO! VOCÊS JÁ NÃO TÊM NENHUMA AUTORIDADE SOBRE ELA A PARTIR DESTE MOMENTO! E SE EXPERIMENTAREM FALAR OUTRA VEZ EM ABORTAR O MEU! MEU FILHO, EU VOU PARTIR A CARA ALGUÉM AQUI A AGORA!" Respirei fundo e consegui acalmar-me para falar baixo porque ouvi-a fungar. "Natie... vai buscar as tuas coisa, está bem amor?" Coloquei a mão no seu ombro, e ela assentiu, retirando-se na direção do seu quarto. "Ela vem comigo, e não há nada que vocês possam fazer quanto a isso... e nem tentem obrigá-la a mais nada... não tentem contactar-nos a menos que ela vos contacte, e muito menos gritem ou tentem persuadi-la a seja o que for... de onde eu venho ninguém tem medo de sujar as mãos de sangue por uns míseros 100 doláres vindos da pessoa certa... e adivinhem... de onde eu venho, eu sou a pessoa certa."

"Desculpe..." A mãe dela abriu a boca. "Você está a insinuar alguma coisa?"

"Não. Eu não estou a insinuar coisa nenhuma. Eu estou a dizer que se se atreverem a fazer alguma coisa que coloque em causa o bem estar físico ou psicológico dela vão aparecer com uma faca no lombo por aí algures... considerem-se avisados. E fiquem a saber que eu não brinco."

Hey babes <3 Eu sei que está pequenino e que não dá para cobrir o tempo todo que estive sem escrever, mas ainda assim espero que gostem, foi do coração :) Adorei a reação dos miúdos... foi impagável ahahah

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Kiss <3

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