Ele baixou a pistola, desengatou-a e voltou a colocá-la no cinto das calças. Ficou a olhar-me, talvez à espera de algum sinal de gratidão por me ter deixado viver, mas não o obteve.
"Cobarde!" Atirei-lhe à cara.
"Matar-te seria demasiado fácil... eu quero ver-te viver na miséria. Quero te ver sofrer a ti a toda a tua família quando deixarem de ter dinheiro para comer e tiveres de mandar os teus adorados irmãozinhos pedir esmola na rua. Eu quero ver o Martin a traficar, o Rick ser um ladrãozinho, o Allen a pedir à porta da igreja antes da hora da missa e a Julie na esquina..."
Não! Não, não, não, não... eu estava a tentar controlar-me para não lhe ir à figura outra vez, mas ele abusou. Eu não tenho medo deste estupor! Posso facilmente partir-lhe a cara toda... E foi isso que fiz, sem sequer pensar duas vezes levantei o punho direito e acertei-lhe em cheio no meio da cara com um gancho perfeito... eu devia mesmo ir ganhar uns trocos nas lutas clandestinas. A cara dele ficou totalmente virada para o lado esquerdo, limpou o sangue que ficou a escorrer-lhe pelo nariz e olhou para mim. Eu sei que vou levar o troco... mas foda-se! Ele acertou em cheio com o punho um pouco abaixo do meu olho. Voltei a olhar para ele e soltei um risada irónica.
"Obrigado, meu... era só isto que eu precisava." Comecei a andar de costas e a afastar-me enquanto me rio na cara dele. "Tu 'tás tão fodido..." Lancei uma gargalhada enquanto lhe mostro o dedo do meio e e acabo por virar costas e continuar o meu caminho para casa. Claramente ele não sabe que a doce Nat que ele conheceu é absolutamente doida da cabeça e capaz de muito mais do que ele imagina.
~*~
Ponto de vista da Nat
A campainha tocou, assim que acabei de me vestir após tomar banho. Nem preciso de espreitar pelo olho de vidro porque já sei quem é. Abri a porta e lá está ele, encostado à ombreira.
"Boa noite, Sugar..." Sorriu, entrou e deu-me um beijo para me cumprimentar.
"O que é que tens cara?" Perguntei de imediato.
"Isto?" Apontou para um hematoma roxo e inchado do lado esquerdo do seu rosto, um pouco abaixo do olho.
"Sim, isso... que mais podia ser?"
"Tive um encontro inesperado ontem à noite..." Encolheu os ombros.
"Encontro? Com uma gaja bastante agressiva, pelos vistos."
"Não foi exatamente com uma gaja..." Sentou-se no sofá e eu sentei-me ao seu lado, à espera que continue e me conte o que é que aconteceu. "Digamos que o Hunter fez-me uma surpresa ontem, quando eu estava a meio caminho de casa depois de te deixar na estação."
"Não brinques!" Aquele filho de uma puta teve a triste ideia de se atravessar no caminho dele? "E vocês andaram à porrada... lógico." Suspirei.
"Mais ou menos... primeiro ele apontou-me uma arma, a porrada foi só a seguir." Constatou, calmamente como se acabasse de dizer a coisa mais normal do mundo.
"Ele o quê?" Começo a sentir o meu sangue a ferver.
"É... foi isso. Eu nem sequer tinha intenções de lhe bater nem nada... mas ele meteu a minha família ao barulho e não pude evitar."
"Mas tu é que começaste?" Este gajo não joga com o baralho todo. "Ele tinha uma pistola e tu achaste que era boa ideia andar à porrada com ele?" Levantei a voz. "Estavas com vontade de morrer?"
"Eu não ia deixá-lo dizer aquelas merdas todas e ficar na boa, porra!"
"Mas isso nem é o que está aqui em causa. O que está aqui em causa é como é que aquele grande monte de bosta tem a ousadia de se atravessar no teu caminho para te apontar uma arma e ainda te dar um murro na cara depois de dizer sei lá o quê sobre a tua família. O que é que ele disse, mesmo?"
"Que não me ia matar porque quer ver-me sofrer, e a mim e à minha família, quer ver o Martin a transformar-se num traficantes, o Rick num ladrão, o Allen num mendigo e a Jules numa prostituta."
Se antes o meu sangue estava a ferver agora ele está a transformar-se em lava incandescente e borbulhante. As minhas mãos tremem e tenho votande de estrangular alguma coisa... Oh, já sei... o Hunter!
"Vamos ter de passar em tua casa, preciso que tinhas a tua pistola contigo, só por segurança quando eu lhe fizer uma visita." Ele sorriu e levantou a camisola para me mostrar que já a tinha trazido.
Eu fui buscar a minha mala e um casaco e saí de casa como uma flecha, a andar ao seu lado na direção da estação do comboio para South Side. Saímos do comboio e eu continuo a andar frenética para casa do Hunter.
"O quê exatamente é que vais fazer?" Perguntou, a parecer um pouco reticente.
"Nada de especial... Não te preocupes."
Entrámos pela traseira do quintal dele, fui à casinha que tem no jardim procurar um pé de cabra. Quando achei fui para a frente da casa. Vejo que há luz lá dentro e o carro está estacionado em frente. Sorri e dirigi-me ao carro. Com toda a força que consegui levantei o pé de cabra no ar e bati com ele no pára-brisas que ficou totalmente estalado, mas uma pacanda e estilhaçou-se em mil. O Kev apenas olha para mim, com os olhos esbugalhados e uma expressão de incredulidade. As próximas investidas foram no capô que está a ficar todo amolgado e eu não vou parar enquanto aquele filho da puta não sair de casa para me ver a destruir o seu tesouro. Parti os vidros de todas as janelas e o de trás também, o alarme começou a tocar e agora sim eu tenho a certeza que ele vai sair para ver o que se passa e eu vou continuar a dar pancada no carro mesmo em frente dos seus olhos. A porta abriu e ele ficou parado a olhar para mim a destruir a sua coisa favorita.
"Tu estás maluca?" Gritou e começou a correr na minha direção. "Pára com isso! Estás alucinada, caralho? O que é que estás a fazer?"
Quando ele estava apenas a cerca de um metro de mim eu parei de bater no carro e levantei o pé de cabra para ele. O Kev engatou a pistola e apontou-lha a mais ou menos três metros de nós. O Hunter parou de andar, olhou para ele, e depois para mim.
"Três passos atrás Hunter! Estás dentro do perímetro de segurança." O Kev usou o seu melhor tom de impôr respeito, e adoro quando o faz. Ele andou lentamente três passos para trás. "É teu Sugar..." Olhou para mim, sem nunca deixar de o ter na mira da arma carregada e engatada.
"Desta vez foi no carro... para a próxima é em ti! És rídiculo! E não penses que me metes medo, porque a única forma de me venceres é drogares-me e isso não vai voltar a acontecer! Não julgues que por não sei de South Side não tenho coragem de te mandar desta para melhor." Ele baixou os olhos enquanto falei. Virei-lhe as costas e comecei a andar. O Kev guardou a pistola e veio atrás de mim. Eu parei de andar e voltei um pouco atrás. Atirei-lhe o pé-de-cabra. "Isto é teu... obrigada, deu-me imenso jeito." E continuei o meu caminho.
Por incrível que pareça ele não disse mais uma palavra. Não se mexeu. Não levantou os olhos do chão. Eu só sou doce quando quero, porque quando não quero eu posso ser uma fera e vou ser uma fera... Ninguém mexe com o Spice!
Hey babes <3 Eu amo demais este capítulo porque a Nat virou gangsta meu deus ahahah Adorei o girl power desta miúda que nenhuma outra personagem feminina já teve. Ela é tão maluca quanto ele...
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Rule Breakers
Romantizm- Ele: Kevin Lucas Turner, apenas Kev para os amigos, e apenas Turner para quem não o conhece. Muitos fazem trocadilhos com o seu apelido - Turner: Para as miúdas do bairro "Such a TURN on"; para os professores "TURNS everything into trouble" ; em c...