"Os sete"

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Depois de tomarmos um pequeno-almoço de quase uma hora, fomos dispersando, cada um para o respespetivo dormitório. Tomei um duche ao chegar ao meu dormitório, apanhei o cabelo e sentei-me na cama a ler um livro. 

Ponto de vista do Kev

Ela já foi há dois dias. Olho para o telemóvel compulsivamente como se ela fosse dizer alguma coisa... a esta hora anda toda animada a fazer amigos e a divertir-se... ainda bem. 

Agora que finalmente acabei a escola tenho mais tempo para me dedicar às coisas que realmente importam: a minha família, a minha casa e o meu trabalho. Estou a trabalhar a tempo inteiro na oficina e o salário aumentou bastante. Deu para fazer uns arranjos que a casa já estava a pedir há muito tempo, deu para comprar material escolar em condições para os miúdos e para pagar a cresce do Ally. Acho que neste ponto da minha vida o melhor a fazer é mesmo não ter distrações por perto. Tenho de estar mais focado que nunca para não lixar as cenas no trabalho... o patrão vai começar a aceitar serviços maiores porque me tem a tempo inteiro, e até posso receber mais do que já estou a receber agora, mas para isso tenho de dar provas de que consigo fazer bem as coisas. Além disso, eu habituei-me a ter a casa de uma determinada forma quando ela estava cá e agora se a arrumação fica fora dos padrões a que me habituei sinto-me um pouco desconfortável. Acho que de um modo geral posso dizer que estou bastante mais adulto do que estava há um ano atrás e a maturidade que ganhei permite-me perceber que por muito que doa não tê-la aqui, por muito que me custe a forma como as coisas ficaram entre nós, e por muito que sinta que a detesto, as coisas estão a tomar o melhor caminho para ambos. 

Sim... sinto que a detesto e que nunca mais a quero ver à minha frente. É verdade que eu não fui meigo com ela, mas também é verdade que ela disse muitas coisas que simplesmente não se dizem a alguém que supostamente se ama. Agradeço-lhe muito por tudo aquilo em que me tornou, mas também agradeço que nunca mais me apareça à porta. Até porque não foi só a mim que ela deixou, ela deixou todos os meus irmãos que a aceitaram como família, que a respeitavam, que a adoravam... ela deixou o Ally, mesmo sabendo que ele chora o nome dela quando fica doente, deixou a Julie, mesmo sabendo que era o seu maior pilar e maior modelo... de um mode geral, ela foi egoísta e se há coisa que não perciso na minha vida é de pessoas egoístas.

Ponto de vista da Nat

"Então... tu e o Tom..." A Malanie proferiu estas palavras após um longo silêncio supulcral. 

"Desculpa?" Baixei o meu livro para olhar para ela. 

"Tu e o Tom..." Sorriu. "Vai dar nalguma coisa?" 

"O quê?" Soltei uma risada. "O que é que te leva a pensar isso?" 

"Ontem à noite... não é óbvio?"

"Não... não é." Cruzei os braços para tomar mais atenção ao que ela está a tentar insinuar. 

"Quando estavamos todos ensonados, encostados aos puffs... sabes aquele momento em que ainda tens força para ter os olhos semi-abertos, mas já não tens tino para falar? Vocês estavam a olhar um para o outro e a sorrir, com os braços esticadas na alcatifa para alcançarem a mão um do outro e adormeceram assim."

"Eu não me lembro de nada disso... deves ter sonhado." Ri-me. 

"Não... não sonhei... e até acho que era fofo. Ele é super querido. Até nos levou ao colo para a cama dele e dormiu na alcatifa." 

"Não desminto que ele parece ser 5 estrelas. Mas tenho de dizer que não vai passar de meu amigo."

"E porque não?"

"Eu não quero meter-me em confusões nos próximos tempos."

"Confusões? Que confusões? Porque é que haveria de ser uma confusão?"

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