"Ah... pára com isso, já te disse!" Riu-se, até mesmo um pouco atrapalhada.
"Mudando de assunto, os teus sabem?"
"Não, eu não quis que ninguém fosse contactado."
"Olha... Tu sabes que eu confio nas tuas escolhas mas... os teus pais deviam saber. Eles deviam vir aqui estar contigo."
"Não, não deviam. Eles estão muito bem como estão: na ignorância. E além disso, não me fazem falta, eu tenho-te a ti... não tenho?"
"É claro que tens... tu sabes que sim. Nunca vais ficar sem ninguém para cuidar de ti, mas ainda assim... tens a certeza que não queres ligar-lhes?"
"Tenho."
Um médico entrou no quarto e dirigiu-se a ela, que se ajeitou na cama para poder ficar amis direita.
"Boa noite." O médico cumprimentou com um sorriso e ambos respondemos à saudação. "O resultado das suas últimas análises acabaram de chegar, se não sentir nada de anómalo pode seguir para casa. Tem acompanhante?"
"Tenho." Ela assentiu, olhando para mim.
"Nesse caso volto daqui a pouco para lhe dar alta."
O médico voltou alguns minutos depois, assinou a alta, deixou algumas recomendações de alimentação e de descanso e finalmente deixou-nos ir.
Mal saímos do hospital ela abriu a mala e tirou a carteira. Olhou para mim com uma cara um tanto reticente.
"Estou sem dinheiro para táxi... o meu multibanco ficou em tua casa. Tu tens dinheiro?"
"Tenho melhor que isso..." Sorri ao andar em direção ao carro que pedi emprestado ao meu amigo.
"O que é isto?" Franziu a testa a olhar para a lata velha que eu tinha acabado de destrancar.
"Um carro."
"Onde é que o foste buscar?" Arqueou o sobrolho.
"É de um amigo." Encolhi os ombros.
"E desde quando é que tu tens carta de condução?"
"Não tenho..." Desviei o olhar porque sei que já vou ouvir das boas.
"E sabes conduzir pelo menos?"
"Desde os 14."
"Algum acidente registado?" Olhou-me com desconfiança.
"Nunca." Abanei a cabeça negativamente.
"Então quer dizer que é seguro entrar contigo neste carro?"
"Muito seguro. Prometo não acelerar demais." Abri a porta do lado do pendura para ela entrar.
Ao chegar ao bairro deixei-a em casa, mesmo contra a sua vontade, fí-la vestir o pijama e deitar-se, enquanto eu vou levar o carro ao Ted. Regresso a casa, a pé e a congelar até aos ossos para encontrar tudo escuro e calmo. Não se ouve um único som na casa toda. Subo as escadas de mansinho, vou até ao fundo do corredor e abro a porta do quarto dos rapazes, vejo as duas camas e o berço vazios, o urso do Ally está dentro do berço, os ténis de jogar à bola do Rick estão ao canto do quarto, as revistas sobre bicicletas do Martin em cima da sua cama... Ri-me com o pensamento de que dentro de pouco tempo as revistas sobre bicicletas vão dar lugar a outro tipo de revista, mas não quero pensar sobre isso agora. Fechei a porta, e abri a do quarto da Jules, sempre perfeitamente arrumado. Em cima do seu toucador está a escova que usa para pentear os longos cabelos ruivos, e uma moldura com uma fotografia dela, em bebé, ao meu colo. Saio do seu quarto e vou para o meu.
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Rule Breakers
Romance- Ele: Kevin Lucas Turner, apenas Kev para os amigos, e apenas Turner para quem não o conhece. Muitos fazem trocadilhos com o seu apelido - Turner: Para as miúdas do bairro "Such a TURN on"; para os professores "TURNS everything into trouble" ; em c...