"Não vai voltar..."

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Ponto de vista da Nat

"Então, onde é que vamos?" Perguntei a entrar no carro.

"Eu conheço um lugar que faz o melhor latte de caramelo do mundo, estava a pensar em levar-te lá. O que achas?"

"É muito longe?" 

"Não muito." 

"Então pode ser."

"E como foi o dia de aulas hoje?" 

"Normal, porquê?" 

"Por nada... estou só a perguntar. Tenho de puxar assunto uma vez que tu não falas." Soltou um risada. 

"Desculpa... eu não sou de muitas conversas." 

Acho que ele percebeu que não estou com muita vontade de falar e fomos o resto do caminho em silêncio. Estacionou e saímos do carro, atravessámos a rua e entrámos num café. Sentámo-nos a uma mesa e ele chamou a empregada de mesa. 

"Dois lattes caramelo, por favor." Ficou a olhar fixamente para mim enquanto brinco com os meus próprios dedos. Eu acebei por levantar o olhar. "Estás pensativa?"

"Impressão tua." Encolhi os ombros. 

"Olha, eu compreendo perfeitamente que tu estejas na defensiva... quem não estaria, não é? Depois de conheceres o Turner deve ser complicado para ti confiar em mais alguém."

"É... talvez seja isso." 

"Mas vamos mudar de assunto, ok? Eu não quero que estejas sempre a pensar nele, isso até te faz mal. Diz-me uma coisa, que idade tens?"

"18, e tu?"

"21... Demasiado idoso?" 

"Não..." Soltei uma risada. 

"Oh vejam só... consegui fazê-la rir... acho que mereço um Óscar..." Os nossos lattes chegaram. "Este é o teu último ano na escola, não é?"

"Aham."

"E o que é que pretendes fazer a seguir?"

"Universidade... acho eu."

"Vais para onde e tirar o quê?"

"Não faço a mais pequena ideia... eu não sei o que é que quero fazer. Essa é uma das coisas que está constantemente na minha cabeça."

"Não tens nenhuma inclinação?"

"Não... eu gosto um bocadinho de tudo. Gosto da área da medicina, porque acho fantástico o facto de ajudar as pessoas, mas ao mesmo tempo, acho que não é para mim, acho que nao sou uma pessoa que se importe o suficiente para ser médica. Também não desgosto de Direito, ter o dom do discurso e tudo isso, mas ao mesmo tempo, eu não seria capaz de defender alguém que soubesse que era culpado. Também já pensei na área da economia, sair de Chicago, ir para a bolsa de Wall Street, mas depois tenho medo de não me adaptar, ou de ser demasiado para mim. A sério... eu já pensei em tudo, não há nada que não tenha contras."

"Sabes... tudo tem contras. Até o que parece mais perfeito tem contras. Nunca vais encontrar nada em que te ponhas a pensar e não encontres um defeito. Achas que os médicos não vêem os defeitos da profissão antes de se mandarem de cabeça para isso? Eles sabem que vão ver pessoas a morrer, sabem que vai haver dias em que se vão sentir impotentes, e até mesmo culpados. Sabem que vão ter de fazer turnos, trabalhar 18 horas seguidas se for preciso. Mas ainda assim eles vão, e fazem, não dormem, trabalham e acabam por se sentir bem com isso a maior parte das vezes, porque é daquilo que eles gostam, é para isso que o coração deles os chama. Eu só acho que devias ouvir o teu coração, mesmo que ele te diga para seguires alguma coisa que te parece absolutamente rídicula."

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