"Sabes muito..."

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Ponto de vista da Nat

"Acorda!" Abri apenas um olho e constatei que já não está na cama. "Do que é que estás à espera? Levanta-te! Vamos chegar atrasados." Olhei em volta, naquele quarto desarrumado e encontrei a sua figura em frente ao guarda-roupa a acabar de vestir uma camisola de manga comprida e passando a mão pelo cabelo desgrenhado na tentativa de o fazer parecer um pouco menos descuidado. 

"Bom dia para ti também..." Resmunguei enquanto me levanto da cama para me dirigir à casa-de-banho. 

"Bom dia?" Franziu a testa. "Só se for para ti." Eu revirei os olhos ao denotar toda aquela antipatia matinal.

Assim que despertei achei logo muito estranho tudo o que aconteceu ontem, e ponderei mesmo a hipotese de ter sido só um sonho... o mais provável é ter sido mesmo... o mais certo é eu ter caído num sono tão pesado na sua cama que não acordei até agora, e tive aquele sonho maluco em que ele era uma pessoa sensível. Soltei uma risada, sozinha na casa-de-banho, enquanto escovo os dentes com uma escova que já tenho aqui, destinada à minha pessoa, de tão frequentes que eram as minhas dormidas nesta casa... Ao mesmo tempo que me ri de considerar a possibilidade de ter sido realidade olho-me no espelho e vejo uma marca vermelha ligeiramente escondida pelo tecote da t-shirt que me emprestou... Bem, se nem tudo foi real, pelo menos a última parte, com certeza não foi um sonho. 

Voltei ao quarto para me vestir, ele já deve estar lá em baixo, à pressa como sempre. Vesti-me e desci as escadas. Está encostado à bancada, caneca de café na mão, como sempre... a olhar para algures na sala, com uma expressão meio perdida, tão concentrado que não me ouviu chegar. 

"Estou pronta, vamos?" Ele descolou a sua atenção do que quer que fosse que estava a captá-la, olhou para mim e sorriu. Pousou a caneca em cima da mesa. 

"Bom dia..." Veio andando na minha direção. 

"Sim... eu já tinha dito isso hoje e tu não estavas lá muito bem disposto... vamos?" 

Parou de andar e ficou sério. 

"Eu disse: Bom dia..." 

"Bom dia..." Disse, no mesmo tom que ele. 

"Está melhor... mas vamos fazer umas atualizações: Bom dia, Sugar." Voltou a sorrir ligeiramente. 

"Bom dia, Spice. Caso não te lembres estavas cheio de pressa há 15 minutos atrás. Será que podemos despachar-nos?" 

"Dormiste bem?" Continuou a aproximar-se, com um sorriso no rosto que eu reconheço a quilómetros de distância. 

"Sim...?" Franzi a testa, sem perceber exatamente em que modo está ele hoje. 

"Ainda bem..." Abriu mais um pouco aquele sorriso travesso. Aproximou-se mais de mim, e fez-me recuar até eu ficar encostada à mesa, quando isso aconteceu colocou as mãos na minha cintura e deu o impulso para eu ficar sentada em cima da mesma. Posicionou o seu corpo no meio das minhas pernas e deslizou a mão pelo rosto. O sorriso mudou e passou de atrevido a carinhoso. O que é que se passa aqui. Quase encostou os lábios aos meus, mas deixou um espaço infinitamente pequeno entre eles. Fechou os olhos. "Bom dia, Sugar..." Sussurrou. 

"Já disseste isso três vezes..." Deixei escapar uma risada de nervosismo. 

"Porque hoje é um bom dia... é um ótimo dia."

"Mas está a chover..."

"O que é que interessa? Para mim é um ótimo dia... O sol brilha em cima da mesa da minha cozinha neste momento." 

"Spice... tu fumaste alguma coisa assim que acordaste?" Ele riu-se. 

"Não, Sugar... não fumei. Eu ando a tentar ficar sóbrio o máximo de tempo possível." 

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