Rule Breakers

"Amigos com benefícios"

"És inacreditável, Turner!" Deixei de lado as lágrimas e o meu rosto adotou uma expressão de desprezo. "O Brian é meu primo! Ele queria desabafar sobre o facto de ter discutido com a mulher que vai pedir em casamento!" O meu tom de voz ia elevando-se à medida que falava. "Mas tu interpretas sempre tudo por esse prisma... achas sempre que eu estou a..." Hesitei na escolha da palavra certa. "Traír-te? Se é que eu sequer posso traír-te." Encolhi os ombros. "Mas não o fiz. Não que que fosse da tua conta se o tivesse feito, eu não te pertenço... isto não é uma relação de fieldade unilateral! Ou achas que tu podes fazer o que quiseres e só eu tenho a obrigação de me manter fiel a sua excelência?" 

"Do que é que tu estás a falar?" Franziu a testa. "Quando é que eu te fui infiel?" Soltei uma risada irónica. 

"Nunca foste, nem nunca poderás ser porque não me deves fieldade nenhuma! Isto não é uma relação! Nós não somos exclusivos! Podemos fazer o que quisermos, com quem quisermos e quando quisermos. Por isso eu não compreendo todo esse teu escândalo por achares que eu dormi com alguém... Supera, Turner!" Revirei os olhos. "Porque desta vez não fiz nada, mas não vai ser sempre assim. Vai chegar o dia em que eu me farto desta cena sem sentido que tenho contigo e arranjo alguém a sério, e olha que esse dia já esteve bem mais longe." Ele não diz uma palavra, limita-se a olhar para mim, com um ar perdido no meio desta conversa. Virei-lhe as costas, mas parei para encará-lo de novo. Tirei uma pequena bolsa de organza branca do bolso do meu casaco e atirei-a para o chão à frente dos seus pés. "A tua prenda de Natal." Voltei a dar-lhe as costas e saí daquele estúpido beco de onde ele insiste em não sair. 

Ponto de vista do Kev

Atirou para a frente dos meus pés uma bolsa de orzanga branca. 

"A tua prenda de Natal." Esclareceu friamente, voltando-me as costas de novo e seguindo o seu caminho.

Apanhei a bolsa do chão e abri-a. Lá dentro encontrava-se um fio de cabedal com um pingente de uma rocha negra em bruto e um bilhete dobrado. Desdobrei o bilhete para revelar nele a fotografia da paisagem de um vulcão e as palavras "Kilaeua - o Vulcão mais ativo do mundo." Virei a fotografia e deparei-me com um bilhete escrito na sua caligrafia: 

"Gambam-se por aqui que o Kilaeua é o vulcão mais ativo do mundo, mal sabem eles que o vulcão mais ativo do mundo vive em South Side e tem forma de gente... Porque tal como o tempo, a distância também não faz com que me esqueça de ti, e vejo pedaços teus por onde passo, decidi trazer-te um desses pedaços que me fizeram ter-te comigo, mesmo a todas estas milhas de distância. Que toda a tua força, fúria, autenticidade, coragem e fogo nunca te abandonem e que sempre que olhares para essa rocha te lembres de quem és: O vulcão mais ativo do mundo, e eu: um pequeno fragmento em bruto da tua atividade vulcânica. Feliz Natal." 

Merda! Porque é que ela tem de ser assim? Porque é que não me deixa odiá-la como eu estava a tentar fazer até ler o maldito bilhete? Ela faz sempre estas coisas! Foda-se! Parece que faz de propósito para eu me sentir pior nestes momentos. Parece que sempre que eu sou o pior que posso ela dá o melhor de si e faz-me sentir a pior pessoa do mundo por tratá-la como trato. Suspirei. Tenho de ir resolver isto... 

Saí, contra-vontade, do beco onde me refugio de todas estas pessoas idiotas para procurá-la no meio dos corredores apinhados de gente. Encontrei-a a ter uma conversa animada com aquela serpente a quem ela chama de amiga, e com o gnomo a quem chama de ex-namorado. Revirei os olhos e soprei para o ar... vai ter de ser. Caminhei a passos largos e decididos na sua direção. 

"A conversa parece muito divertida por aqui, mas vou levar a Nathalie emprestada por uns momentos, ok?" Fingi um sorriso cínico e peguei-lhe na mão para a levar para longe dali, no entanto não se mexeu e soltou a mão, detesto quando o faz. "Podes vir comigo? Preciso de falar contigo."