"Só por um minuto..."

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Acordei com um barulho ensurdecedor vindo do rés-do-chão. Ele parece não ter-se apercebido e continua a abraçar-me, de olhos fechados e com uma respiração calma. 

"Spice..." Chamei, baixo, porque não quero que fique de mau humor por o acordar de repente. 

"Hm?" Nem sequer abriu os olhos. 

"Não estás a ouvir isto?" Há medida que foi ficando mais desperto foi fazendo uma cara de incomodo, devido ao barulho. 

"O que é isto?" Perguntou, sentando-se na cama. 

"Não sei, parece um aspirador." Encolhi os ombros e ele levantou-se da cama, apanhou umas calças do chão e vestiu-as. Saiu do quarto. 

Eu fiquei para trás, vesti umas calças de pijama dele e uma t-shirt que encontrei em cima da cadeira no canto do quarto que tem um monte de roupa em cima com mais de um metro. Saí do quarto, enquanto apanho o cabelo despenteado num rabo de cavalo e desço as escadas desajeitadamente. Olhei pela janela pequena e redonda que fica a meio da escadaria. As luzes da rua ainda estão acesas, o céu é de um tom azul escuro, o dia ainda não nasceu. O barulho do aspirador parou, e pude ouvir a voz do Kev, que já não me parece muito contente. 

"Estás maluca, Lori? Sabes que horas são? Ainda nem são sete! Pára com isto e vai-te deitar!"

"Esta casa está uma confusão, vão todos levantar-se e começar a ajudar-me a limpar isto! Imediatamente." Ao acabar de falar olhou para a escada, onde eu estava a observar a cena. "E tu também, rapariguinha! Se estás aqui também sujas, e quem suja limpa!" Não achei paciência ou vontade que chegue para lhe responder. 

"NINGUÉM VAI LIMPAR PORRA NENHUMA! TU NÃO DÁS AS ORDENS NESTA CASA! AGORA OU FAZES POUCO BARULHO OU VAIS CAMINHO DA PORTA DA RUA!" Ele gritou em plenos pulmões. A Lori baixou a cabeça, sentou-se no sofá amuada e acendeu um cigarro. "Acho bem!" Voltou ao seu tom normal e dirigiu-se às escadas. Voltámos para a cama, ele aconchegou-se novamente comigo e respirou fundo. "Assim que todos acordarem eu vou perguntar-lhes se querem que a deixe ficar ou que a mande embora. Ela ainda nem aqui está há 24 horas e já não a posso ver." 

"É... agora já vejo o erro que cometi ao dizer-te para a deixares ficar." 

"Não, tu tinhas razão, foi melhor assim." 

Acordámos de novo, perto das dez. Ele foi chamar todos os seus irmãos e reuniu-os a todos no seu quarto. 

"Eu vou lá para baixo, isto é um assunto de família." Disse-lhe, preparando-me para sair do quarto. 

"Mas tu és família, Sugar, também tens direito ao teu voto. Fica." Segurou-me na mão e fez com que me sentasse na ponta da cama. "Bem, eu pedivos a todos para virem aqui porque temos uma votação importante para fazer." Dirigiu-se ao grupo completo. "Quem acha que a Lori deve ir embora hoje meta a mão no ar." Eu levantei o braço, ele também, o Martin fê-lo logo a seguir a nós, alguns segundos depois o Rick levantou a mão, e por fim a Jules, com um ar triste e desiludido fez o mesmo. Olhámos uns para os outros, o Kev suspirou e baixou o braço. Dirigiu-se ao Ally e pegou ao colo. "E tu Ally? Queres a mãe aqui?" 

"Medo..." Foi a sua resposta, após abanar a cabeça negativamente, com uma carinha reticente. "Quero a Nathie. A mãe é má. E grita."

"Parece que temos um conceso. Eu vou falar com ela e dizer-lhe que tem até ás cinco da tarde para sair daqui. Podem ir." Todos se retiraram do seu quarto. Ele saiu e chamou a mãe a meio das escadas. Assim que ela entrou no quarto eu saí e fiquei no corredor. Ela saiu poucos minutos depois, passou-me ao lado e olhou-me com desdém da ponta da cabeça à ponta dos pés. 

"Então, o que é que ela disse?" Perguntei, ao regressar ao quarto e sentar-me na ponta da cama. 

"Não se opôs. Acho que ela também não tinha intenções de ficar por aqui muito tempo. Há demasiadas responsabilidades aqui para ela." 

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