FIM

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O Liam faz um ano amanhã... e eu tenho um presente especial... não só para ele, mas para todos... Especialmente para a Nat. 

Apenas pensar naquilo que fiz, me faz sentir um nó no estômago de nervosismo... Arrisquei demasiado? Qual vai ser a reação dela? E dos miúdos? Mas agora está tudo feito e tratado... não há volta a dar... o dinheiro está entregue e não tem retorno. Puxo o portão da oficina, tranco-o o entrego a chave ao homem que está ao meu lado.

"Boa sorte... eu já tinha clientes fixos, talvez eles continuem a vir aqui..." Disse, com alguma dificuldade em deixar aquele sítio... a minha primeira conquista. 

Entrei em casa e ela está na cozinha, a fazer o jantar. Dou-me a mim próprio um momento para olhar para ela... já recuperou totalmente a forma de antes de ter o Liam, e está cada dia mais madura... cada dia mais parecida com uma mulher de verdade, e eu, cada dia mais apaixonado por ela... cada dia mais cego por ela... e talvez se não fosse essa minha cegueira eu nunca tivesse feito o que fiz. 

"Já chegaste?" Sorriu ao ver-me. "Vieste cedo, hoje."

"Eu queria falar contigo... sozinhos." Engoli em seco. "Podemos ir para o quarto?" 

"Está tudo bem?" Franziu a testa, já com aquele ar preocupado. 

"Sim... não é nada com que tenhas de te preocupar. Vamos?" Ela assentiu e seguiu-me até ao quarto. "É melhor sentares-te..." Disse, enquanto fecho a porta. 

"Estás a assustar-me, Kev..."

"Eu também estou assustado..." Deixei escapar uma risada. "Quando eu começar a falar preciso que me deixes dizer tudo até ao fim, ok?" Ela assentiu, e comecei a sentir-me hiperventilar. "Então... eu vendi a oficina." Os seus olhos esbugalharam-se mas não disse nada. "E esta casa também..." A cara que ela fez foi indiscritível, mas continuou em silêncio. "Eu tinha um dinheiro junto, tu sabes, não é?" Assentiu. "Então... eu comprei uma oficina em Nova Iorque..." Engoli em seco. "E com o dinheiro que recebi por esta casa, aluguei um apartamento no Sul do Bronx... temos dinheiro suficiente para anos de renda... e eu também... descongelei a tua matrícula da faculdade... e adiantei quatro prestações de propina..." Deixei escapar uma risada que roça o desespero ao vê-la levar a mão para tapar a boca. "Vamos para Nova Iorque, Sugar... e tu vais ter o teu curso..." Ela limpou uma lágrima que lhe escorregou pela cara. "Já podes falar..." Ri-me, desesperado por uma reação. 

"E a escola dos miúdos?" 

"Está tudo tratado... um amigo meu que também foi para lá, sozinho, há uns anos, ajudou-me a tratar de tudo..."

"Tu fizeste isto por mim?" O queixo treme-lhe enquanto fala. 

"Fiz isto por todos nós... mas sim... principalmente por ti."

"Eu... eu não sei o que dizer..." Sentei-me ao seu lado na cama e passei um braço pelos seus ombros. 

"Não tens de dizer nada... só tens de ficar feliz, e mostrar-me que estás feliz..."

"Eu estou... mas parece irreal..."

"Vai ter de deixar de parecer, porque eu tenho os bilhetes de autocarro para depois de amanhã... Eu sei que são quase vinte horas de viagem, mas era o meio mais barato, e onde não pagamos a bagagem..."

"Tu achas que eu estou a pensar em como vamos para lá?" Deixou escapar uma risada. "Spice... nós vamos para Nova Iorque... tu pagaste a minha proprina... eu não quero saber de como é que vamos para lá..."

"Estou preocupado em como é que os miúdos vão reagir..."

"É normal que eles fiquem revoltados no início... afinal eles nasceram e viveram sempre aqui... de repente dizer-lhes que vamos para Nova Iorque vai ser um choque..."

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