Cheguei à minha casa, vazia como sempre. Tomei um duche. Ao sair limpei o vapor do espelho e vi a minha tatuagem refletida nele. Fui para o meu quarto, deitei-me na minha cama para tentar dormir um pouco, já que vou faltar ás aulas.
Fechei os olhos por uns instantes, mas sei lá no fundo que algo me incomoda. Virei-me para o outro lado, mas isso não me deixou mais confortável. Há certas palavras que ficam às voltas dentro da minha cabeça e não me deixam descansar em condições:
Tudo aquilo em que consigo pensar és tu!
Tu recusaste a acreditar que estou apaixonado por ti.
Faz um favor a ti própria e vai.
Custa-me acreditar que ainda não acredites em mim.
FODA-SE! Eu grito para dizer que te amo e tu olhas para mim com desprezo...
Eu gastei todo o amor que tinha em ti, e fodi-me.
E agora, apenas agora, depois de me ter vindo embora é que penso que deveria ter ficado. Agora é que começo a acreditar no que ele me tem tentado dizer... mas o meu orgulho impede-me de voltar, pelo menos não hoje. Amanhã logo se vê.
Não sei se devo alimentar alguma expectativa de ouvir alguma coisa dele enquanto não for à sua procura. Eu sei que ele não é desses. Ele não é desses que mesmo que esteja certo, se rebaixa e liga para pedir desculpa. Ele adota uma posição e quando a adota, não a larga mais. Fica firme, fiel ao que pensa, sem duvidar por um segundo, por isso não vale a pena esperar. Se eu me acho orgulhosa, então ele é o rei do orgulho e tenho a certeza de que passaria o resto da vida sem olhar para a minha cara se não for eu a procurá-lo... por puro orgulho e nada mais.
Dei mais uma volta na cama, respirei fundo, tentei libertar a cabeça de todos os pensamentos e por fim, adormeci. Acordei, já ao fim da tarde. Apenas me levantei da cama para comer e voltei para debaixo dos meus cobertores. Peguei no telemóvel para ver se tinha algo de novo, mas tal como já esperava, nem sinal dele.
Decidi estudar um pouco, coisa que já não faço há muito tempo, apenas para impedir a minha mente de ir parar a sítios que não deve, no entanto, com o cair da noite não consegui mais evitar. A noite tem um efeito especial em mim, tem o efeito de me fazer relembrar tudo aquilo que a lua já testemunhou enquanto eu estou naquele quarto de South Side. A noite faz-me lembrar da quantidade de vezes em que já saí desta casa, a esta hora, para ir para lá... Quase me compele a fazê-lo de novo...
Tentei achar conforto na minha cama. Tentei achar um abraço numa almofada. Não resultou. De cada vez que fecho os olhos penso em que horas são. Penso quando foi a última vez que um comboio partiu da minha estação com destino a South Side e penso que eu deveria ter estado nele. Ligo e desligo a luz do telemóvel como uma maníaca. Vejo as horas três vezes no mesmo minutos. Só quero que o último comboio passe para eu não cair na tentação de o apanhar. Mas logo hoje o tempo não foge... passa mais devagar do que o habitual e depois daquilo que me pareceu uma hora voltei a olhei para o despertador na minha mesa de cabeceira, e verifiquei que tinha 15 minutos para apanhar o comboio.
Qual seria a decisão sensata a tomar? Ficar na cama, por mais cinco minutos, para não ter tempo de chegar a horas. Mas já passaram meses desde que tomei a minha última decisão sensata... aliás, acho que já nem sei o que é a sensatez. Libertei-me dos cobertores, vesti alguma coisa, sem pensar demasiado no assunto. Chaves de casa no bolso, telemóvel na mão e botas confortáveis para poder correr na neve e chegar a horas.
É meia-noite e onze minutos em ponto. O comboio entra na estação. Eu estou sentada num banco de metal frio e vejo as portas automáticas abrirem... é a última chance que tenho de não ceder, quando aquelas portas fecharem, não à volta a dar, a não a volta de 180º dos meus calcanhares para regressar a casa. No entato, hoje em particular, as portas parecem demorar mais que os habituais 30 segundos, parecem estar à minha espera. Mordo o lábio e levanto-me do banco, oiço o apito que denúncia que as portas vao fechar em 5 segundos. Dou dois passos de corrida, e o meu pé direito já está lá dentro. Respiro fundo. A porta fecha, viro-me para ver através do vidro a estação a ficar cada vez mais longe. Quero voltar a trás e continuar na minha cama... mas agora é tarde.
20 minutos depois chego ao meu destino. Numa estação fria e vazia, onde apenas vaguei-a um gato pardo à procura de restos. Desço as escadas metálicas, com a respiração pesada e vejo o vapor que sai da minha boca a cada expiração. Apresso o passo, pelos caminhos que já conheço como a palma da minha mão.
E se não me abrir a porta? E se me mandar embora? Já não tenho comboio de regresso a casa. Já não tenho dinheiro para pagar um táxi e nem trouxe o multibanco.
Ao entrar no portão da sua casa, falta-me a coragem e sento-me nos degraus do varadim, demasiado assustada com a quantidade de hipoteses que o meu cerebro me mostra. Mas não posso ficar aqui o resto da noite, então junto cada pedacinho da pouca coragem que me corre nas veias e bato três fortes e decididas vezes na porta de madeira. Ouvi o trinco a destrancar, e a porta abriu-se. Do lado de dentro, ele olha-me como se fosse a primeira vez que me vê.
"O que é que queres?" Perguntou, sem se desviar para me dar entrada. "Deixas-te cá alguma coisa?"
"Desculpa." Foi a única palavra que consegui pronunciar.
"De quê?"
"Hoje de manhã."
"Desculpas aceites. Adeus." E fechou a porta na minha cara. Sentei-me novamente nos degraus do varandim. A olhar para o nada. A procurar no vazio alguma lógica para o que acabou de acontecer. Eu não queria chorar. Eu não choro. Evitava até pestanejar, para não empurrar alguma humidade para fora dos meus olhos. No entanto, não demorou até que sentisse uma linha quente a formar-se no meu rosto, que parte do meu olho esquerdo e se estende até entrar para baixo do cachecol que tenho ao pescoço. Daí até soluçar foi só um pulinho. Perco a noção do tempo e não sei se estou aqui há cinco minutos ou uma hora. Ouvi o rangir das dobradiças da porta, mas não olhei para trás. "Anda daí, Sugar." Fingi não o ouvir. "Não sejas teimosa, não vais passar a noite ai sentada." Colocou a mão sobre o meu ombro. "Se queres estar zangada comigo, podes estar zangada lá dentro, onde pelo menos não tens frio."
"Eu não estou zangada contigo. Estou zangada comigo."
"Não estejas... eu não estou." Sentou-se ao meu lado e pegou na minha mão. "Eu aceitei as tuas desculpas. Do fundo do coração e sem ressentimentos, ok?" Encaminhou-me até à entrada, e após já estarmos dentro de casa fechou e trancou a porta. "E desculpa ter batido com a porta há bocado... e ainda bem que não foste embora, deu-me bem menos trabalho a trazer-te de volta. Tu sabes que enquanto eu mandar aqui, aquela porta vai sempre estar aberta para ti."
"Eu tenho medo."
"De quê?"
"Tu estás diferente. Eu sinto que não te conheço. Dizes todas aquelas coisas amorosas. Isso não és tu... e além de ser muito agradável de ouvir, eu só reajo como reagi esta manhã porque tenho medo que do nada voltes a ser o que eras antes, e eu não sei se vou conseguir lidar de novo com o antigo Turner."
"Eu sou a mesma pessoa. Só que antes eu não te amava. E agora amo. Eu não vou maltratar quem eu amo."
"E quando deixares de amar?"
"Isso não vai acontecer..." Sentou-se ao meu lado no sofá e puxou o meu braço para que eu me aninha-se nele. "Eu vou dizê-lo... eu vou dizê-lo muitas vezes. Eu vou dizer que não te amo, talvez até diga que nunca te amei. Mas não acredites a mim quando o fizer. Porque quando isso acontecer, eu vou fazê-lo porque estou cego de raiva, ou porque estou a tentar proteger-te, em qualquer um dos casos, eu quero que saibas te antemão que vai ser mentira. Mentira pura, dura, descarada. E vou fazer tudo aquilo que eu puder apenas te mostrar isso... Sugar, eu não sou mais um vagabundo sem lei... eu tenho um rumo agora. E esse rumo és tu."
Hey babes <3 Sei que jã é muito tarde, mas ainda assim espero que gostem.
COMENTEM AS VOSSAS OPINIÕES E REAÇÕES, PORQUE SABEM COMO AMO OS VOSSOS COMENTÁRIOS. CLIQUEM NA ESTRELINHA PARA VOTAR SE GOSTARAM ;)
Kiss <3

VOCÊ ESTÁ LENDO
Rule Breakers
Romansa- Ele: Kevin Lucas Turner, apenas Kev para os amigos, e apenas Turner para quem não o conhece. Muitos fazem trocadilhos com o seu apelido - Turner: Para as miúdas do bairro "Such a TURN on"; para os professores "TURNS everything into trouble" ; em c...