"A culpa é minha"

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As aulas terminaram, e tal como ele me indicou, estou a ir para sua casa, no mesmo comboio de sempre, sem saber a que horas volto logo à noite, ou sequer se vou voltar... Ele podia pelo menos ter esperado por mim para irmos juntos, mas disse que tinha coisas importantes para fazer, e depois do que aconteceu hoje eu desisti oficialmente de tentar compreender qualquer coisa que ele diga ou faça. 

Abri o portão que dá acesso à porta de madeira, subi as três escadas de acesso ao varandim e bati. Aguardei um pouco e ninguém respondeu. Bati de novo e ouvi a sua voz ao longe. 

"Um minuto!" Revirei os olhos por me fazer esperar com este frio cá fora. 

"Rápido! Despacha-te!" Mal acabei de dizer estas palavras a porta abriu-se para se revelar por trás dela, a sua figura em calças de ganga e nada mais. 

"'Tás com pressa Sugar?" Sorriu de lado e foi para dentro, eu segui-o e notei de imediato um silicêncio atípico para aquela casa. 

"Os teus irmãos?" Franzi a testa, olhando em volta, à procura de algum deles. 

"Estão bem..." Respondeu, atirando-se para cima do sofá.

"Estão onde?" Sentei-me ao seu lado. 

"Não te preocupes, ok? Está tudo sob controle... eles estão bem onde estão e é lá que vão ficar até amanhã à tarde. E nós vamos ter uma noite divertida..." Piscou-me o olho. 

"Mas amanhã é dia de aulas..." 

"E então?" Franziu a testa. "Não podemos faltar um dia?" 

"Poder podemos, mas não devemos."

"Vais voltar a ser menina de coro, Sugar?" Revirou os olhos e soprou para o ar. "Secaaaa! Gosto mais quando és rebelde. Fazes-me um favor?" Não esperou que eu respondesse. "Vai àquela gaveta e trás-me a caixa de metal que está lá dentro." Ordenou, apontadando para a gaveta em questão. E eu fui, contra-vontade, e estiquei o braço para lha entregar. "Não, é para ti, abre."

"Não era preciso." Disse, mesmo antes de abrir. 

"Podes ao menos ver o que é?" Levantou-se do sofá e aproximou-se de mim. Eu abri a caixa e fio, com uma medalha de metal prateado a delinear a palavra SUGAR. Admito que o meu coração amoleceu um pouco ao ver que ele se tinha dado ao trabalho de arranjar um presente personalizado para me oferecer.

"Obrigada... é muito bonito." Sorri, um pouco tímida. Ele pegou no fio e foi para trás de mim, eu levante o cabelo e colocou-o ao meu pescoço, deixando um beijo no mesmo logo de seguida. 

"Ainda bem que gostaste..." Sussurrou no meu ouvido o que me fez estremecer. Mas mudou de atitude ni segundo seguinte. "Argh... que lamechice..." Voltou a atirar-se para o sofá e eu deixei escapar uma risada por me aperceber de que ele é tão autênticamente bruto, que nem que queira é capaz de deixar de sê-lo. "Vais ao frigorifico buscar a garrafa de vodka?" 

"Mas eu tenho ar de tua empregada?" Franzi a testa, colacando as mãos na cintura. Ele desviou o olhar da televisão e concentrou a sua atenção em mim, cemicerrou os olhos. 

"Hmm... Sabes que até é uma boa ideia?" Sorriu com a pior cara de sacana que ele sabe fazer. 

"Desculpa?" Levantei a voz. 

"Ficava-te bem uma daquelas fantasias de empregada doméstica, com o vestido preto curto, o avental branco por cima, as ligas de renda, os cabelo apanhado com uma fita, aqueles espartilhos apertados que fazem sobressair o peito...que excenlente ideia, Sugar." Mordeu o lábio. "Usas uma dessas no meu aniverário?"

"Tu não tens emenda!" Revirei os olhos e fui ao frigorífico buscar a garrafa que me pediu, entreguei-lha e voltei a sentar-se no sofá. Ele tirou a tampa, deu um gole e esticou o braço para ma entregar. "Não, obrigada." 

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