"Só um..."

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Fiquei paralisada em frente à porta de fechada durante alguns momentos até que finalmente consegui assimilar que sim... ele fechou mesmo a porta na minha cara. Voltei para trás porque... o que mais posso fazer? Implorar-lhe para me deixar entrar? Nunca!

Fui andando, mais devagar do que é costume, de volta para a estação do comboio. Acho que ainda não interiorizei a ideia de que aquele filho da puta me fechou a porta na cara. Ia subir a primeira escada para a estação quando o meu telemóvel vibrou. Vi que era ela e rejeitei a chamada, mas começou a chamar de novo no segundo seguinte. 

"O que é que queres, Turner?"

"Onde é que estás?" 

"Não te interessa."

"Onde é que estás?" Levantou o tom. 

"Não te interessa!" Levantei a voz ao mesmo nível que ele. 

"Onde é que estás, caralho?" Gritou. "E não me faças repetir a pergunta!"

"Na estação, à espera do comboio para ir para casa, onde é que queres que eu esteja mais?"

"Fica aí. Atreves-te a entrar na merda do comboio e 'tás fodida comigo."

"Fazes-me o quê? Bates-me?" Elevei a voz. 

"Não sejas ridícula! Mas estás proibida de entrar no comboio se ele passar antes de eu chegar." 

"E quem és tu para me proibir seja do que for?" 

"Tu sabes quem eu sou. Já me conheces o suficiente." Desligou a chamada. Honestamente eu quero é que o comboio chegue bem rápido para eu entrar nele e ir-me embora, porque a última coisa que me apetece esta noite é voltar a olhar para a cara dele. Ouvi o comboio quase a entrar na estação e levantei-me do banco onde estava sentada à espera. Ao mesmo tempo que o comboio entrou na plataforma da estação ouvi passos de corrida pelas escadas de aço. O comboio parou. Eu olhei para as escadas e lá está ele, com a mesma expressão de há bocado. Virei-lhe as costas e andei na direção da uma das portas da carruagem. "Não te atrevas, Sugar!" Disse, já num tom alterado. Eu ia entrar quando a porta abriu, mas ele correr e agarrou-me pelo braço. "Tu não vai a lado nenhum."

"Qual é o teu problema? Bates-me a porta na cara e agora não me deixas ir para casa porquê? Não fizeste já merda que chegue hoje?" Ele não respondeu, puxou-me pelo braço para fora da estação.

"Vamos para casa, temos de falar."

"Temos? Eu não acho." 

"Sim, temos! Não te faças de sonsa." Levou-me agarrada pelo braço até casa, abriu a porta e empurrou-me para dentro. Entrou atrás de mim, trancou-a e meteu a chave no bolso. "Sobe." Ordenou sem olhar para mim. Eu fiquei parada na entrada, a olhar para ele, porque sempre quero ver até quando é que vai ficar com aquelas trombas para mim. "Já! Sobe! À minha frente."

"Tu precisas mesmo de parar de me tratar como uma criança mal comportada. Percebe uma coisa: tu não tens direitos sobre mim."

"Cala-te e sobe, porra!" Acabei por fazer aquilo que ele mandou, porque começo a acreditar que não existe outra maneira de lidar com ele. 

Subi as escadas e ele veio atrás. Fiquei parada no corredor, ele abriu a porta do quarto e empurrou-me lá para dentro.

"Espero que tenhas a noção que estás a ser demasiado agressivo hoje."

"Agressivo?" Lançou uma risada irónica ao trancar a porta do quarto. "Quando é que eu te agredi, para disseres que sou agressivo?" Semi-cerrou os olhos. "Quando é que eu, alguma vez na tua vida, te fiz mal? Diz-me lá que já agora gostava de saber..."

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