"Um dia..."

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Mas o que é que eu continuo a fazer aqui parada? Eu tenho de fazer alguma coisa! Peguei no telemóvel e liguei para o Martin. 

"Estou? Nat? Já sabes alguma coisa? Já o encontraste? Estás com ele?" Demasiadas perguntas para uma pessoa tão assustada e desorientada como eu estou agora. 

"Sim, eu já o encontrei. Não estou com ele. Ele está no hospital, eu não sei o que aconteceu..." Menti para não instalar o pânico naquela casa. "Vou para o hospital agora tentar saber como ele está, assim que tiver notícias ligo." Desliguei a chamada o mais rápido possível para ele não reparar no meu soluçar. 

Liguei para um táxi e fui vestir-me o mais rápido que consegui. Desci e ainda esperei, impaciente, pelo táxi, durante uns cinco minutos. Pedi que me levasse ao hospital onde ele está que é a apenas dez minutos da minha casa. Dirigi-me à recepção.

"Boa noite, eu preciso de ver um paciente. O nome dele é Kevin Lucas Turner." 

"Menina, é quase meia noite, a hora de visita já passou há muito tempo." 

"Não, você não está a perceber. Eu preciso mesmo de o ver para saber como ele está. Ninguém sabia que ele estava aqui à hora da visita. Aliás, isso foi uma grande incompetência do hospital, não informar ninguém sobre a entrada dele." Levantei a voz. 

"Menina, veja se se acalma, ou serei obrigada a chamar a segurança." Respirei fundo e moderei o tom de voz. 

"Ouça, eu tenho de o ver, está bem? Eu preciso de ver com os meus próprios olhos como é que ele está." A mulher da recepção suspirou. 

"A menina é de família?" 

"De família? Como assim de família?"

"Irmã, filha... Tem laços de sangue com o paciente?" 

"Não..."

"Então lamento, mas nesse caso não vou poder fazer nada..." Eu não posso dar-me por vencida e virar costas só porque não sou da família dele. Foquei o meu olhar no balcão durante alguns momentos, para pensar no que posso fazer. 

"Eu sou namorada dele." Bem, não sou, mas não é uma mentira assim tão grande, pode resultar. 

"Lamento... isso não é considerado um laço de sangue." Pensa rápido Nat... pensa rápido.

"Ele é pai do meu filho, quer um laço de sangue maior do que um filho em comum? Eu preciso de saber como está o pai do meu filho!" Revoltei-me mesmo. A recepcionista olhou-me de alto abaixo e soltou uma risada. 

"Que idade é que a menina tem?" 

"18... foi a acidente, está bem? Acontece." 

"Então, nesse caso, traga o vosso filho, porque ele tem laços de sangue com o pai e, como suponho que seja pequeno carece de acompanhamento parental e então a menina poderá entrar com o vosso filho para ele ver o pai." 

"Está bem..." Respondi tão confiante quanto possível e virei-lhe as costas. Agora falta-me descobrir onde vou desencantar um filho.

 Liguei para a central de táxis e pedi um de sete lugares para o hospital. Quando o táxi chegou pedi que me levasse à morada do Kev e que me esperasse. Bati à porta e o Martin abriu rápido como um foguete. 

"Nat! Ele vem contigo?" Assim que ouviram o meu nome, o Rick e a Jules correram para a porta. 

"Não, mas eu preciso que vocês venham comigo... e que me emprestem o Allen." 

"Emprestar?" Esbugalhou os olhos. 

"Eu explico pelo caminho, vão todos buscar os vossos casacos, vamos! Mexam-se, rápido." Em questão de poucos minutos todos estavamos a entrar no táxi. "De volta para o hospital, por favor." Ao chegar pedi a todos que se chegassem mais para um canto para que os médicos que se encontravam na entrada não nos pudessem ouvir. "É o seguinte, o Kevin está internado e para me deixarem vê-lo para eu saber como ele está eu tenho de ser familiar dele, mas eu não sou. Então inventei que tenho um filho com ele, e assim, o filho já tem laços de sangue e como é pequeno precisa de alguém que o acompanhe a ver o pai... é para isso que eu preciso do Allen, a partir de agora vocês são tios dele, ok?" Todos assentiram, apenas o pequeno Allen ficou a olhar para mim, muito sério. "Podes fazer isso Ally? Para veres o Kev... se disseres aos senhores lá dentro que eu sou tua mamã vais poder estar com ele, ok?"

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