Capítulo dois - De volta ao antigo lar (Parte 4)

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A mesa do café da manhã estava no mais absoluto silêncio. Nem mesmo as crianças ali presentes se atreviam a falar. Anne não tinha se levantado da cama, e Ryan só estava ali para cuidar dos filhos mais novos: Sarah, de seis anos e Andrew, de três. Henrique ajudava o pai, especialmente pedindo aos irmãos para que não fizessem perguntas naquele momento. Alexia também estava calada, sentada em uma cadeira entre as mães. Riki apenas observava a tudo e se forçava a comer, achando a comida do mundo humano bem esquisita. A pequena Hina estava dormindo em um dos quartos.

Sofie e Marco foram os primeiros a terminar o café – já que mal tinham tocado na comida – e saíram anunciando que iriam fazer compras de mantimentos para a base. Andrew pediu para ir junto com os avós e eles o levaram, até mesmo para distrair o menino. Logo, Henrique, Riki, Alexia e Sarah também saíram, restando na cozinha apenas Ryan, Micaela, Hikari e Maire. A italiana comunicou seus planos para aquele dia:

— Não sei se encontrarei algo de útil por lá, mas decidi ir à praia da barreira, analisar se existe alguma rachadura na fenda ou qualquer indício estranho... qualquer coisa que traga alguma luz ao caso.

Maire e Ryan se manifestaram ao mesmo tempo:

— Vou com você!

— "Não" para nenhum dos dois. Ryan, fique com sua esposa e seus filhos, deixe isso comigo. E, Maire, é melhor você ficar também.

A ruiva contestou:

— Mic, estou grávida, não estou doente.

Antes que a loira pudesse retrucar, Hikari falou:

— Eu vou com a Mic. Maire, você entende mais de bebês do que eu, é melhor você ficar e cuidar da Hina. Marco e minha mãe devem demorar para voltar, Ryan estará envolvido cuidando da Anne e das outras crianças, e... bem, a minha irmã não está em condições de cuidar nem dela mesma. Quebra essa pra mim.

Resignada, Maire concordou. Até porque, estava gostando de cuidar de Hina. Matava as saudades dos tempos em que Alexia era bebê e a ansiedade de esperar que seu segundo filho nascesse.

Assim, Hikari e Micaela saíram da base. A loira foi dirigindo o seu carro e, mal saíram da garagem da base, comentou:

— Foi ótimo o seu argumento para manter a Maire na base. Obrigada pela ajuda.

Hikari sorriu.

— É, a Maire é meio teimosa, mas não resistira a um argumento desses. Mas eu não pedi aquilo só para que ela ficasse. Eu realmente queria ir com você. Primeiro, porque não aguento mais ficar parada enquanto algo tão grave acontece. E, segundo... Porque eu realmente não queria ficar com aquele bebê.

— Achei que gostasse de crianças. Digo, sempre levou muito jeito com seus sobrinhos e com a Alexia.

— É, eu gosto. Mas nenhum deles estava correndo o risco de ser minha responsabilidade eterna.

Micaela suspirou. Não queria ter que dizer aquilo, mas precisava ser realista:

— Kiara mandou a filha para cá porque confiava em você para cuidar dela.

— É, eu sei. Só que... aceitar essa incumbência seria como aceitar que minha irmã está morta. E eu não posso, ainda, aceitar algo assim.

— Eu entendo. Mas... você ouviu o que aquele menino-youkai falou, é muito pouco provável que Kiara ainda esteja viva. E acho que ela ficaria feliz se a filha dela fosse criada por alguém como você.

— Fala sério, Mic. Você confiaria a Alexia a mim?

— Bem... Se não tivesse outro jeito. Nem mais ninguém que pudesse cuidar dela...

Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora