Epílogo (Parte 2)

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Quando se mudaram para uma casa maior, dois anos antes, Sofie e Marco já planejavam este dia. Qualquer um poderia achar que uma casa de dois andares e quatro quartos fosse um tanto exagerado para um casal na faixa dos 50 e poucos anos, cujas filhas já não moravam mais com eles. Mas as visitas ali eram muitas e constantes. As duas filhas, com seus respectivos maridos e a sobrinha com a esposa e a filha adotiva estavam sempre por lá. Mas quem mais usufruía da casa eram os netos – biológicos ou "adotados" – que usavam o local como ponto de encontro, onde adoravam dormir em fins de semana e férias escolares.

E a grande reunião já estava combinada há mais de um ano. Um verdadeiro encontro de duas gerações de Guardiões. Os anfitriões estavam ansiosos demais por aquele dia, que finalmente tinha chegado.

— A pobre massa do bolo não tem culpa de nada, pai. — A voz divertida de Anne fez Marco ser arrancado de suas divagações.

Só então ele percebeu que a batedeira estava ligada há mais tempo do que o necessário.

— Estou muito ansioso para rever todos — ele confessou.

— Percebi. Você e a minha mãe. Ela me disse que nem conseguiu dormir essa noite.

— Isso é muito especial para nós. Um reencontro de todos em uma época de paz nos traz uma sensação de missão cumprida.

— Por falar nisso, a mãe contou que enfim vai repassar a função de tutora dos atuais guardiões.

— Já estava mais do que na hora.

— E você sabe quem ela escolheu? Insisti, mas ela não quis me contar.

— Se ela não contou, não sou eu que vou fazer isso.

— Ah, pai!

Marco sorriu, pensando no quanto ainda o emocionava ouvir a filha chamando-os de "pai" e "mãe". O melhor era que, apesar de tudo, por mais que isso tivesse demorado, aconteceu de forma gradual e espontânea.

Ela o ajudou a untar a forma, onde ele despejou a massa e colocou no forno. Neste momento, ouviram os gritos que anunciavam a chegada de mais alguém:

— Hina-chan! Yoshi-kun! Parem já de correr!

— Pronto, começou a animação — Marco comentou, arrancando uma risada de Anne. Os dois filhos de Hikari, Hina, de seis anos e Yoshi, de cinco, eram duas crianças bem agitadas.

Instantes depois, a mestiça chegou à cozinha, irritada.

— Não sei mais o que fazer para controlar essas duas pestes!

— Kari! — Anne a repreendeu. — Não fale assim de seus filhos! São dois anjinhos!

Mal a frase foi dita e foi possível ouvir o som de algo se quebrando na sala. Após franzir a testa, Hikari indagou:

— Cadê a minha mãe que ainda não gritou com eles? Eles a respeitam mais do que a mim.

Foi Marco quem respondeu:

— Foi com o Ryan ao mercado, para comprarem o que está faltando. Já devem estar voltando.

— Akihito não veio com vocês? — Anne indagou, referindo-se ao médico Tamura Akihito, com quem Hikari estava casada há quase quatro anos.

Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora