Capítulo sete - A rainha incapaz de amar (Parte 3)

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Minutos antes...

Logo que colocou os pés no mundo youkai, Ling Su sentiu a mudança brusca na atmosfera ao seu redor. Não tinha muito conhecimento a respeito daquele mundo, afinal, seu treinamento e sua criação foram realizados por alguém que não era um Guardião e que não sabia muito além do básico com relação à sua missão. Mei era prima de Li Qiang. Portanto, era sobrinha e neta de guardiões. A falecida mãe tinha passado para ela as lições que aprendera ao acompanhar o treinamento da irmã mais velha, Yin. No entanto, Mei era uma boa mestra e poderia até ser classificada como uma boa mãe, embora sempre deixasse claro que aquele não era o seu papel. Em certo momento, acabou tendo que ser, já que Qiang deixava claro sua absoluta falta de interesse em exercer suas obrigações como pai.

Ling Su deixou de sentir o youki. Na verdade, ele ainda estava por perto, mas fraco, camuflado. Segurando um nunchaku e cada uma das mãos, ela começou a girar em torno de si própria, concentrada em sentir qualquer mínima variação do youki. Quando a energia voltou a ser sentida, ela atacou, sem qualquer hesitação. Foi em direção ao oponente guiada pela fonte de energia. Porém, esta voltou a desaparecer repentinamente, fazendo com que o nunchaku encontrasse apenas o ar. Na sequência o youki voltou a ser sentido, dessa vez logo atrás dela. Ling Su virou-se rapidamente, a tempo de usar sua arma para se defender do ataque. O som a indicou que o oponente usava uma arma de corte, provavelmente uma espada. O som da lâmina cortando o ar a guiou para que conseguisse se abaixar a tempo, evitando mais uma vez ser atingida. Sentiu mais uma fonte de energia, mas, dessa vez, não era um youki, mas o poder de um guardião. Sentiu que o oponente se afastava e, pelos sons, percebeu que travava uma luta. Analisando o que ouvia, deduziu que o novo lutador usava uma arma de madeira ou algum outro material similar. Não foi difícil deduzir, assim, quem seria: o Guardião de Virgem.

Ryan usava o seu bastão na luta contra aquele youkai. Era pouco mais alto que ele e bem musculoso. Com a proximidade, Ryan pôde ver que a pele esverdeada era coberta por uma espécie de escama. Ele usava uma armadura preta, muito parecida com a de Eri, o que denunciou que seria mais um dos generais do exército de Cyane.

O youkai deu um salto para trás. Em suas costas, abriu-se um espaço dimensional, que o engoliu, fazendo com que ele desaparecesse juntamente com seu youki.

Ryan respirou fundo e ainda aguardou um momento para ter certeza de que aquele ser não retornaria. Quando confirmou isso, olhou para Ling Su e esbravejou, furioso:

— Não faça mais isso!

O tom de voz autoritário causou irritação à menina.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo?

— Além de ser um cara que tem idade para ser seu pai, ainda sou um guardião muito mais experiente que você.

— Você não é meu pai. E pouco me importa a sua experiência.

Dito isso, a menina deu meia volta, ficando de costas para a direção da barreira, e saiu caminhando a passos determinados. Ryan a seguiu intrigado com a segurança que ela demonstrava. Foi impossível deixar de se perguntar como ela conseguia caminhar com tanta autonomia em um ambiente desconhecido, sem conseguir enxergar. Mas não refletiu muito sobre isso, já que, em poucos minutos, outro guardião chegou correndo, juntando-se a eles. Ryan não pareceu feliz em vê-los.

— Deixou Anne e Hikari sozinhas?

Sniper pensou que, se Anne tinha ficado tão revoltada achando que ele a tratava como uma inútil, na certa não ficaria nada animada em ouvir aquilo.

— Não, cara. Deixei a Hikari com a Anne. Fui com elas até o carro. Anne a levou para o hospital. No caminho até aqui liguei para Sofie e Marco. Ela foi para o hospital encontrar as filhas, e ele ficará de vigia na praia, para o caso de algum youkai invadir o nosso mundo antes de conseguirmos voltar.

Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora