Capítulo vinte e sete - Consertando o passado (Parte 9)

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"Olhar para trás" nunca foi uma expressão que Shermmie de alguma forma gostasse, mas foi o que se pegou, literalmente, fazendo, em meio ao aeroporto internacional. No caminho em direção à entrada da área de embarque, ela simplesmente parou e se virou, dando uma boa olhada ao movimento de pessoas pelo local, enxergando bem mais do que seus olhos viam por ali, com a mente sendo inundada de recordações.

Sniper parou poucos metros à frente e se virou em direção a ela, questionando:

Dear? Está tudo bem?

Shermmie soltou um profundo suspiro antes de se voltar para o marido e responder:

— Estava apenas pensando que esta talvez seja a última vez que voltamos ao Japão.

Ele caminhou até ela, com um sorriso zombeteiro nos lábios.

— Sei... Já está sentindo falta das lutas, não é?

— Pode parecer estranho, mas... Estou pensando no quanto sentirei saudades das pessoas. — Ela bufou. — Olha só pra mim... Não tenho nem trinta anos e já pareço uma velha sentimental. Ou, pior: uma canceriana!

Ele riu, passando um dos braços por cima dos ombros dela.

— Não parece, não. São nossos amigos, não é vergonha alguma admitir que sentirá saudades deles.

— Eu queria ao menos ir embora sabendo que a Mic está bem. E queria ao menos me despedir daquele babaca do Mau. Embora a gente se veja no máximo uma vez ao ano, aquele idiota é como um irmão para mim.

— Ele deve ter tido um bom motivo para ter sumido bem no dia da nossa partida. Well... E sabemos que ele é mesmo um idiota, não dá para mudar isso.

Ela concordou em silêncio e, vencida, aceitou o beijo que o marido depositou em seus lábios antes de ambos se virarem, tornando a seguir em direção à área do embarque. Já se preparavam para entrar quando uma voz aflita se fez ouvir:

— Espera, Shermmine!

Ela se virou, avistando o brasileiro que vinha correndo em sua direção. Largando a bagagem de mão com o marido, ela correu em direção ao amigo. Sniper fez careta e resmungou:

— Lá vai mais um reencontro romântico. — E riu. — Como se eu não soubesse como vai terminar.

— Mau! — ela gritou, conforme se aproximavam.

— Shermmine! — ele respondeu, já abrindo os braços para a amiga. Quando já estavam próximos, ele avançou, empolgado, na expectativa de abraçá-la, e acabou caindo no chão quando ela se desviou, voltando a exibir sua habitual expressão irritada.

— Trinta anos nessa cara e ainda não aprendeu a falar o meu nome. Qual é o seu problema?

Levantando-se do chão, ele massageou o braço que machucara na queda.

— Qual é o seu problema, Shermmine? Corri que nem um louco para conseguir chegar aqui a tempo de me despedir, e é assim que você me recebe?

Ela bufou, ainda forçando uma expressão irritada. Mas, por fim, viu-se vencida pela cara de cão sem dono feita por ele e acabou sorrindo.

— Certo, eu te perdoo. Só porque você veio até aqui, estava irritada pela sua ausência.

— Não ficaremos tanto tempo assim afastados. Lembre-se que você precisará ir ao Brasil conhecer o meu filho quando ele nascer.

— É, às vezes eu esqueço dessa novidade de que você está prestes a se tornar pai. Espero que não erre o nome da pobre criança.

— Escolherei algo bem simples como "João" ou "Ana", só para não ter possibilidade de erro.

— Antes de eu te perdoar completamente, será que dá pra dizer por que sumiu bem no dia da nossa despedida?

A história era bem longa, então Maurício decidiu focar na parte mais importante de tudo aquilo.

— Acho que você vai me perdoar quando eu contar que fui ao hospital, e que a Mic acordou do coma.

Ela sorriu, ao mesmo tempo surpresa e emocionada com a notícia. Virou-se para Sniper, que os observava a uma certa distância, e contou:

— A Mic acordou!

Ele também sorriu, pensando que, naquele momento, aquela era a melhor notícia que eles poderiam receber. Poderiam, enfim, deixar o Japão sentindo-se em paz.

Ele sabia o quanto era importante aquela despedida para aqueles dois, mas, ainda assim, precisou informar as más notícias:

Dear, nosso voo sai em alguns minutos. É melhor nos apressarmos.

Ela concordou e enfim surpreendeu o amigo com um forte abraço.

— Vou sentir sua falta. Mas prometo ir ao Brasil logo que meu sobrinho ou sobrinha nascer.

— Leve as crianças dessa vez. E diga que o tio Mau mandou beijos e está com saudades.

Ela concordou e se afastou, virando-se abruptamente e seguindo para o portão da área de embarque. Sniper se aproximou e também abraçou o amigo, antes de também de afastar.

Maurício ficou a observá-los até que sumissem de suas vistas ao cruzarem o portão.

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Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora