Guardians II - Metamorfose

Capítulo doze - Um novo aliado (Parte 4)

                Andy tinha entregado a tocha para Live e se colocado à frente dela, repelindo o ataque usando sua própria espada. Os dois iniciaram uma luta e, com isso, acabaram se afastando da aquariana, que observava a tudo ainda pega de surpresa pelo ataque repentino.

Aproveitou o momento para analisar o guerreiro de Cyane. Ele parecia o que um roteirista sensacionalista definiria como "homem-tigre". Tinha a estrutura corpórea de um ser humano, mas sua pele tinha um tom alaranjado, todo rajado com manchas negras, além de possuir dentes caninos sobressalentes e unhas compridas e afiadas, além de um nariz rosado e achatado, tal qual o focinho de um tigre. Do alto da cabeça, em meio aos cabelos negros, via-se duas orelhas parecidas com as de um felino. Assim como Andy, ele se saía bem no uso da espada, embora às vezes usasse suas garras para o ataque.

Olhando-os melhor, Live percebeu que aquela luta parecia mais acalorada do que o padrão para dois guerreiros desconhecidos. Parecia que ali havia uma questão bem mais... pessoal.

Live interrompeu sua análise ao ver Andy sendo ferido pelas unhas do oponente. Não pareceu ter sido um corte muito profundo, mas ele caiu de joelhos no chão, levando a mão esquerda ao ferimento no braço direito e gritando de dor. Live correu até ele, enquanto o inimigo recuava alguns passos.

— Ei, Andy... Tá tudo bem?

— Meu nome é Eliandyel... — ele retrucou, entre dentes, a voz mal saindo devido à dor.

Encarando-os, o outro youkai anunciou:

— Meu nome é Nari, sou um dos generais de Cyane-sama, e vim até aqui para guiar a guardiã de volta ao Mundo Humano.

Rindo, Live se levantou e colocou as mãos na cintura.

— Ah, tá legal... Me obrigue, bonitão!

— Live... — chamou a voz baixa de Eliandyel. — Tenha cuidado com ele...

Ainda olhando para Nari, ela continuou a sorrir.

— Na verdade, ele é que deveria ter cuidado comigo.

— Além de perigoso, ele não tem escrúpulos. É um maldito traidor.

Aquilo respondia à dúvida de Live sobre aqueles dois já se conhecerem. Porém, não explicava de onde, exatamente, eles se conheciam.

E, antes que ela pudesse perguntar, Nari retomou a palavra:

— Nossos problemas nós acertaremos depois, Eliandyel. Agora a minha obrigação é acompanhar a guardiã até a divisa dos mundos.

Live abriu a boca para voltar a retrucar, dizendo que não iria a lugar algum. Porém, Eliandyel se levantou e foi para a frente dela, encarando Nari.

— Há alguns anos, você dizia que sua obrigação era proteger Kiara-sama.

Nari esboçou um sorriso, embora se mostrasse incomodado com a menção.

— Eu não devo nada àquela mulher. Foi Cyane-sama que confiou em minhas habilidades. E é a ela que devo devoção.

— Peraí... — Live estava surpresa. — Então o tigrão ali era do exército da Kiara?

— Ele era aprendiz, na mesma época que eu. Temos a mesma idade. Só que, apesar de ser muito habilidoso, ele não foi aceito. Uma vez perguntei os motivos disso a Kiara-sama, e ela disse que não eram apenas habilidades com luta que faziam um bom guerreiro, mas seu caráter e seu coração. E ela tinha toda a razão. Ele nunca foi digno de integrar o exército da rainha.