Capítulo treze - A lágrima que antecede o fim (Parte 3)

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— Bom dia, meu amor!

Eric se espreguiçou sobre a cama. Ainda com os olhos fechados, sorriu ao ser despertado por aquela voz doce. Dormir e acordar todos os dias ao lado da mulher que amava era a maior das felicidades. Sentia que nenhum problema do mundo poderia ser grande o suficiente para tirar o encanto daquilo. Não importa quanto tempo passasse.

— Bom dia, fofuxinha! — ele respondeu. Abriu os olhos, deparando-se com a esposa sentada na cama ao seu lado. — Que horas são?

— Hora de levar as crianças para a escola e de você ir para o trabalho.

Ah, o trabalho... A parte chata de todos os dias.

Infelizmente, a música não dava a ele o retorno financeiro que precisava para manter uma família tão grande, por isso tivera que ceder aos conselhos do pai e do irmão, terminar a faculdade e arranjar um emprego formal. Contudo, era um sacrifício válido. Trabalhava todos os dias com a alegria de saber que, no final do dia, voltaria para casa, sendo recebido pela esposa e pelos filhos.

E nada nesse mundo poderia ser ruim o suficiente para quebrar o encanto disso.

Os dois trocaram um beijo apaixonado, que foi interrompido quando a porta do quarto se abriu e as crianças entraram, eufóricas, todas correndo e se jogando em cima da cama dos pais. Como sempre, Erika era a mais animada do grupo.

— Papai, está chegando o final de semana! Lembra que você prometeu que vamos pegar umas ondas iradas!

— Mas é lógico que vamos!

Fazendo bico, Rachel retrucou:

— Sabe que acho isso de surf muito arriscado para uma menina tão pequena.

— Qual é, mamãe? Eu posso ser pequena, mas sou muito forte!

— Essa é a minha garota! — Eric vibrou, iniciando uma lutinha com a filha, que logo passou dos soquinhos à uma guerra de travesseiros.

Os mais novos se animaram na brincadeira e Rachel se levantou, rindo e protegendo a barriga já nos últimos meses de gestação.

— Vou preparar o café da manhã. Não demorem muito nisso, senão vão se atrasar para a escola... E para o trabalho!

Eric balançou a cabeça, mas não tinha a intenção de parar tão cedo com aquela brincadeira.

Entre os risos e golpes de travesseiro, ele pensou no quanto sua vida era perfeita e feliz.

Tão perfeita e tão feliz que, quando percebeu, uma leve sensação de medo invadiu o seu peito, junto à impressão de que havia algo errado ali. Como se ele estivesse em um lugar diferente do que deveria estar.

Mas lutou para afastar tal sensação, voltando a se focar em seu momento de felicidade com os filhos.

*****

Tão logo a sensação de desmaio veio, Ryan lutou para se livrar dela, num esforço sobre-humano de resistência. A força física daquele youkai era avassaladora e isso, somado à sua super-velocidade, dava a impressão de que ele era uma espécie de ser invencível.

Mas Ryan não acreditava no invencível. Todos tinham suas fraquezas, e estava certo de que aquele youkai também deveria ter a sua.

Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora