Capítulo dezenove - O passado que deixei para trás (Parte 1)

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Olá, bolinhos! Como vão?

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E Guardians II está entrando em sua reta finaaaal! (Mas fiquem calmos que ainda tem muuuita coisa pra acontecer =D ). Espero que curtam mais este capítulo S2


Muitos beijos! S2


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Capítulo dezenove - O passado que deixei para trás


As pernas de Anne travaram, como se subitamente congeladas, presas ao chão. O estômago revirou e ela sentiu que iria vomitar, ao mesmo tempo em que tudo ao seu redor parecia girar. A verdade é que ela não tinha pensado no turbilhão de emoções que viriam à tona quando ela voltasse a pisar naquele castelo. Lembranças da infância, do medo, da fuga, do incêndio... Lembranças de dez anos antes e de tudo o que sofrera nas mãos de Kuro.

As malditas lembranças de Kuro.

— Anne...

A voz que dizia seu nome próximo ao seu ouvido fez com que ela sobressaltasse, girando o corpo à procura daquele que tinha dito aquilo. Não havia ninguém, mas todo o corpo dela tremia em desespero.

Mau e Live pararam de andar e se voltaram para ela, tentando entender o que tinha acontecido.

— O que houve, Anne? — o taurino perguntou, preocupado.

A loira os olhou, ainda se sentindo um tanto desnorteada. Apesar do frio, estava com a testa suada.

— Kuro... — foi o que conseguiu sussurrar, em pânico.

Maurício e Live se entreolharam, compreendendo o que acontecia. Ali, viram mais uma razão pela qual Anne, definitivamente, não deveria estar fazendo parte daquela missão.

— Kuro está morto, Anne — Maurício tentou tranquilizá-la. — Ele não tem mais como fazer nada contra você.

Anne assentiu, embora seu emocional não conseguisse compreender aquilo. Sentia como se o antigo rei do Mundo Youkai fosse surgir a qualquer momento de algum daqueles corredores. Mas respirou fundo, mentalizando que aquilo não aconteceria. Ele estava morto.

Voltaram a caminhar até se depararem com uma parede, que se dividia em dois corredores, indo cada um em uma direção diferente. Anne já havia até mesmo se esquecido do detalhe de aquele castelo ser como uma espécie de labirinto.

— Para qual lado agora? — Live indagou.

Mau fez uma sugestão:

— Acham que seria uma boa ideia nos dividirmos?

— De forma alguma — Live discordou. — Só faremos isso em último caso.

Anne ainda se recordava de alguma coisa a respeito daquele lugar.

— Acho que os dois caminhos se encontrarão mais à frente. A questão é saber qual deles é mais seguro.

— Talvez nenhum deles realmente seja — Maurício opinou.

E, decidindo aleatoriamente, viraram à direita.

Seguiram por um extenso corredor que, ao final viraria à esquerda. Anne caminhava um pouco atrás dos outros guardiões, e acabou desacelerando ainda mais o passo quando, mais uma vez, viu-se tomada pelo mal-estar de se sentir vigiada, de recordar da presença de Kuro, que parecia impregnada nas paredes da grandiosa construção de pedras. Voltou a se focar no caminho e parou ao perceber que os outros dois guardiões estavam parados na curva ao final do corredor, encarando algo que avistavam adiante. Maurício a olhou muito rapidamente, fazendo um leve sinal com a mão, que a loira logo compreendeu, especialmente ao sentir a forte fonte de youki que emanava dali. Maurício queria que ela recuasse, que seguisse por outro caminho, e foi isso o que ela fez. Deu meia volta e correu. Não podia perder tempo ali. Por mais que odiasse deixar os amigos. Por mais que odiasse ter que seguir sozinha.

Live e Maurício encararam o general de Cyane parado diante deles. Não era a primeira vez que o viam. Era o mesmo youkai responsável por abrir as fendas dimensionais que os separaram.

— Quem diria que conseguiriam chegar até aqui... — Zaki falou com a voz baixa e desprovida de qualquer emoção.

*****

Anne retornou até o ponto anterior onde havia a bifurcação. Desta vez, seguiu pelo corredor à esquerda. A medida em que corria, foi se sentindo tonta, como se tudo começasse a girar ao seu redor. Em determinado momento, acabou tropeçando nas próprias pernas e quase foi ao chão. Quando reestabeleceu o equilíbrio, levou a mão à testa e fechou os olhos com força lutando contra as imagens que invadiam sua mente. De repente, aquela mesma voz voltou a ser ouvida:

— Anne...

Abriu os olhos, assustada, pondo-se a olhar ao redor, à procura de quem tinha dito aquilo. Mas sabia que não o encontraria. Mentalizou as palavras ditas por Maurício: Kuro estava morto e não poderia lhe fazer mal algum. Não ia mais ameaçá-la, tocá-la ou feri-la.

— Você está morto... — sussurrou, como se, ao verbalizar aquilo, pudesse ser ouvida pelos fantasmas que pareciam rodeá-la. — Não pode me fazer mal algum.

Respirando profundamente, voltou a seguir, andando a passos rápidos. Volta e meia sentia uma das pernas fraquejarem e quase caía, mas insistiu. Vozes e imagens continuavam a atormentar a sua mente, junto aos gritos de sua própria voz, proferidos nos momentos de horror que passara em aposentos daquele mesmo castelo.

— Você está morto... — continuava a repetir. — Não pode me fazer mal algum.

— Eu não estou morto, Anne.

As pernas paralisaram e ela travou, estática, com uma nova onda de desespero a atormentando. Aquela não era a mesma voz, de Kuro, que ouvira antes. Agora, além de ser de outra pessoa, parecia muito mais nítida. Dessa vez, não vinha de dentro da sua cabeça, mas de alguns metros atrás de si.

Lentamente, Anne se virou, deparando-se com a imagem do primeiro homem de sua vida. Seu primeiro amor e sua primeira – e última – decepção.

Ali, fitando-a com os mesmos olhos sérios que ela ainda se recordava tão bem, estava Hayato Toshihiko.

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Guardians II - MetamorfoseOnde histórias criam vida. Descubra agora