63 - A culpa é minha

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POV - Nathasha

- Ele estava de boca meia aberta, a respiração pausadamente acelerada, me olhava e fechava os olhos em seguida, talvez tentando se acalmar. Eu estava ainda de joelhos, esperando que ele me olhasse e me convidasse a levantar do piso frio do banheiro. Mais isso não aconteceu.
De cara ainda amarrada, ele me encarou sério por alguns segundos, suspirou e deu as costas se afastando até a pia do banheiro.

- Para de me castigar. Eu não vou mais te implorar.  - Disse sem tirar o olhar dele.

- E eu já cansei de fazer isso. - Disse ele voltanto até o box e abrindo a torneira do chuveiro, deixando a água fria escorrer por seu corpo nu.

- Justin, eu não quero ficar assim brigando, feito crianças mimadas. Vamos fazer as pazes de uma vez e deixar nossas diferenças de lado. Só temos que chegar em um consenso.

- Um filho é o nosso fazer as pazes.  - Disse com a voz rouca e triste. Eu sei que ele também odeia ficar brigado comigo, sei também que ele está apenas tentando me manipular para que eu diga sim aos caprichos dele.  - Pensei comigo, enquanto olhava ele tomar banho.

- Sentada na privada pra fazer xixi, eu observava aquele homem lindo alí na minha frente de cara meio triste e zagando ao mesmo tempo, me fazendo se sentir culpada por ser o motivo de seu lindo rosto não ter um sorriso.
Mais ele tem que entender que nem tudo que queremos vai ser o que o outro quer, e que eu também tenho os meus limites, sonhos, vontades e outros desejos no momento.

- Tudo bem Justin eu cansei.  - Digo levantando da privada puxando a descarga. Peguei uma toalha e a enrolei no meu corpo nu, bati a porta do banheiro sem ao menos olhar para trás e segui até o quarto de hóspedes para tomar meu banho. Eu odeio está assim, triste, chateada e confusa.

- Não entendo o porquê de tanta insistência dele, chega a ser obsessão o desejo de querer ser pai a todo custo.
Pensando nas brigas constantes, embaixo do chuveiro eu desabo a chorar, deixando minhas lágrimas percorrer o caminho de meu rosto e se misturar a água fria daquela noite de verão.

- Ele está tão errado em me tratar assim como se eu fosse uma vagabunda que estive alí dando prazer por obrigação e depois de paga tanto fazia ele ajudar ao menos a levantar ou não. Mais me deixar alí no chão me sentindo um lixo, o olhando e implorando com o olhar a sua mão estendida como apoio e tentativa de um entendimento.
E agora eu sabia que aquilo estava fora de questão.

- Me sinto tão culpada de ter ido atrás suplicar seu amor, seu prazer e sua atenção. Sentada abraçada à meus joelhos eu deixava o choro me dominar, me sentindo um lixo que havia implorado o amor de um homem e não o tinha conseguido. Soluçando eu me encontrava sem forças pra levantar dalí, quando a porta do banheiro abriu, revelando sua postura ainda superior me encarar.
De toalha presa em sua cintura ele se aproximou e sem dizer nada fechou a torneira do chuveiro e ficou a me olhar.

- Não precisa chorar.  - Disse ele indiferente. Vou deixa você com seu trabalho e sua rotina de empresária. Mais não terá o direito de reclamar depois.

- Está me chantageando indiretamente ?  Questionei aquela atitude, com a voz rouca devido ao choro.  - De início fui ignorada. Depois de um certo tempo me olhando ele finalmente respondeu:   - Não é chantagem, é apenas um aviso. Me deixe livre e eu voarei.

***

- Eu estava sentindo frio e mesmo com os olhos fechados eu sabia que estava na cama, mais já não tinha o calor de antes ao meu lado. Estava sozinha e com frio, sem meu cobertor humano, sem seu toque, sem seu amor.

- Abri os olhos devagar não querendo constatar que era real, que eu havia dormido sozinha. Pra onde ele foi ? Onde dormiu ? Era a única coisa que eu conseguia pensar.

- Depois de um tempo olhando o teto, sai da cama para ir ao banheiro, escovei os dentes e tomei meu banho. Coloquei um short jeans, uma blusa floral decotada, é verão e preciso tomar um pouco de sol, aproveitar o calor. Peguei uma sandália baixa, coloquei ainda com os pés um pouco molhados e fui até o quarto de James e ele não estava lá, suas coisas estavam espalhadas pela cama. Uma toalha molhada, uma camiseta jogada, sinal que alguém já havia cuidado de seu banho. A cama estava desarrumada, com dois travesseiros amassados, indicando que mais alguém havia dormido ali. Deduzir que Justin seria essa pessoa.

- Voltei ao meu quarto para pegar minha bolsa, as chaves do carro e o meu celular, logo mais tinha de ir trabalhar, mais antes preciso resolver outro problema. Desci a escada observando ao redor pra ver se encontrava sinal do meu pequeno príncipe, mais não havia som da sua voz e nem o barulho de suas risadas. O silêncio reinava em todo ambiente.
Segui para a garagem, eu preciso ir a consulta médica e me preparar, se caso eu resolva mudar de ideia. Ao me aproximar da porta da garagem escutei as risadas e elas pareciam tão felizes.

- A voz de James falando papai era tão encantadora, e lembrava Justin. Acho que ele se parece com pai em tudo mesmo.
Sorrindo eu segui aqueles sons de felicidade, e foi aí que a minha simplesmente desapareceu, ao ver Justin segurando a mão de Samantha tentando impedir que ela colocasse a bolinha do mini basquete que ele havia colocado na piscina, enquanto James se desmanchava em gargalhadas.

- Eu me sinto destruída por dentro, agora entendi, o deixar livre dele. O choro bateu em meu rosto mais eu não posso dar a ela esse gostinho.
Então forcei o meu melhor sorriso e sem olhar pra eles, apenas caminhei até a borda da piscina e me abaixei até James.

- Bom dia amor.   - Ele me olhou e seus olhos parecia entender que eu não estava bem, seu sorriso sumiu e ele me abraçou.

- Mamãe...   Disse ele me apertando forte.

- Mamãe vai sair quer vir comigo ? Perguntei tentando ao máximo esconder a tristeza em mim, para que as lágrimas não caíssem alí na frente deles.

- Bincar piscina papai.  - Disse voltando a sorrir.  Eu queria muito poder caber naquela festa. Mais sei que ele não permitiria que eu participasse.  - Pensei.

- Eu vou na médica e já volto. Então vamos brincar você e eu certo.  - Disse dando mais beijo e um abraço nele.
Ele sorriu novamente iluminando todo seu rostinho de anjo, e alí eu decidi que não trabalharia hoje e sim passarei o tempo com ele.
Levantei sem olhar pra trás onde estavam Justin e Samantha, apenas dei tchau para James e me direcionei até o caminho de volta a garagem encontrando Karol.

- Pode olhar James pra mim, vou no consultório da Camille e já volto.  - Pedi a Karol, por não confiar na diaba de saía Samantha.

- Na verdade Sra Bieber, eu estou de saída.  - Disse ela meio sem jeito. O Sr Bieber me deu férias.

- O que ? Mais você acabou de voltar de férias, você teve um mês pra aproveitar. Ela parecia tão confusa quanto eu.
Tudo bem Karol, boas férias.   - Disse por fim vencida.
Me despedi dela e entrei na Ranger prenta, ela seguiu até o outro carro  com Phil ao volante e partiu.

- Assim que passei pelo portão da garagem desabei, eu estava me sentindo muito inútil, sensível e ver aquela cena fez tudo se arruinar. Parei o carro depois do portão da mansão e deixei  que as lágrimas fluísse. Eu já estava tentando recuperar a postura e seguir o meu destino quando duas batidas foi dada no vidro do lado da porta do motorista.

- Tudo bem senhorita Nathasha ? Lara parecia preocupada e eu não podia dar motivos pra ela contar ao meu marido, que a ceninha dele fez efeito em mim. Sequei o resto das lágrimas suspirei fundo e sorri.

- Tudo bem. Quero apenas que faça um favor pra mim.

- Claro.  - Disse ela.

- Olhe James até eu voltar. Ela sorriu e concordou com a cabeça.
Partir com dois únicos sentimentos, o de culpa e de arrependimento por não ter feito nada no momento que vi a cena.




First and only love (JB)  II Season - Terminada Onde histórias criam vida. Descubra agora