Passei o mês de dezembro todo com Tio Klaus. Íamos a museus, cafés restaurantes ou só ficávamos andando por algum parque. Deixei de lado as baladas, putaria e bebedeiras.
Resolvi me mudar para outro lugar, fechei minha conta no alojamento e encontrei um apartamento para dividir com mais duas garotas brasileiras, uma delas era garçonete do Taco Bell o que nos rendia uma comida mexicana algumas vezes por semana, a outra garota era atriz e vivia correndo atrás de testes, eu via pouco as duas, mas sabia que eram tranquilas e quando sobrava um tempinho, saíamos ou simplesmente ficávamos ali assistindo algum filme juntas. meus últimos três anos em Nova York foram assim, com o acréscimo de que eu havia voltado a fazer a pós graduação.
Me afastei completamente de Joshua, passei a não atender suas ligações e nem responder as suas mensagens, também não me despedi ou avisei que ia mudar e nem deixei meu novo endereço, dessa forma ele não tinha mais como entrar em contato comigo.
Sei que foi algo meio radical de minha parte, mas éramos amigos por causa das baladas, fora isso não tínhamos nada em comum, só adiantei o inevitável. Não o culpo por essa minha fase doidivana, afinal ninguém me obrigou a nada, aquela historia de que más companhias me levaram a fazer bobagem não serve como desculpa, eu já era adulta, vacinada, uma médica, sabia bem o que estava fazendo. Jogar a culpa em cima de outras pessoas, não muda o fato de eu ter errado.
Quanto aos meus estudos, infelizmente só poderia destrancar minha inscrição em agosto, eu ainda teria oito meses pela frente sem nada para fazer.
Já havia percebido que ficar ociosa não era nada bom para mim,foi quando resolvi prestar os STEPS, que são provas para obter licença e trabalhar como médico nos Estados Unidos. Deveria ter feito assim que cheguei em Nova York, já que isso era requisito para poder fazer um doutorado, mas levei minha vida para outros caminhos.
Quando finalmente terminei os STEPS, estava liberada para exercer a medicina ali, comecei a trabalhar com medicina familiar, a coisa toda se resumia a isso: Alguém passava mal com algo não muito sério, me ligava, eu ia até a casa da pessoa, examinava, se fosse algo muito sério, encaminhava para o hospital, senão passava um remédio e repouso. Geralmente eu atendia casos de gripe, enxaqueca e dores de barriga.
Atendia mais a vizinhança e o dinheiro que ganhava era pouco, mas isso não importava porque me mantinha em movimento.
Acabei comprando um carro de segunda mão, havia cansado de ir de táxi para todos os lugares.
Em agosto, quando voltei a fazer minha especialização, eu já era outra pessoa, estava centrando nos meus objetivos e sabia onde queria chegar.
Mas como sou a porra de uma pessoa complicada, por mais que me esforçasse, ainda sentia que faltava algo, eu não sabia bem o que, mas tinha quer ser alguma coisa que me devolvesse aquele fogo do inicio, aquela vontade doida de fazer a diferença, de mudar o mundo, algo que devolvesse a minha paixão por ser médica.
Faltando pouco mais de um ano para acabar minha especialização, eu conheci Alice e me apaixonei e ela devolveu minha vontade de viver e querer mudar o mundo. Utópico sim, mas quem nunca sonhou na vida?
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Uma mente sem lembranças
Narrativa generaleO que você faria se todas as suas lembranças fossem apagadas? Meu nome é Giulia Schneider, minha vida sempre foi cheia de reviravoltas, mas nenhuma tão radical como quando, conheci Wendy Alba ou quando a matei. Se tiver paciência para me acompanhar...