Klaus vai caminhando lentamente até onde Four estava, sem que em momento algum ele parasse de mirar o revolver em Wendy e em mim. Fiquei analisando as possibilidades, ele não seria rápido o suficiente para atirar em nós duas ao mesmo tempo, então se eu pulasse em cima dele, talvez Wendy pudesse fugir, o problema era, Wendy não fugiria, nem se eu implorasse, e no momento eu não podia nem sussurrar que meu tio ouviria. O plano B seria...é... é eu não tinha um plano B.
Meu tio era do tipo bem vingativo, ele ia nos torturar psicologicamente antes de partir para alguma ação física, mas eu não conseguia imaginar o que ele tinha em mente. Ele parou ao lado de Four e falou algo em seu ouvido, não levou nenhum um minuto para que eu percebesse o que estava acontecendo. Wendy colocou as mãos na cabeça e parecia sentir algum tipo de dor, Four estava entrando na sua mente. O sorriso do meu tio aumentou ainda mais.
___Olha que espetacular, o teste final de Drei, e a chance de eu ver quão forte Four é. Sabe o que seria bem legal, ver até que ponto eles podem controlar uns aos outros, uma pena que isso só sirva entres eles, imagine que maravilha se pudessem controlar a mente de qualquer pessoa.
Tentei amparar Wendy, mas ela me empurrou para longe, acho que naquele momento ela nem sabia ao certo onde estava ou quem eu era. Me encostei na parede esperando que aquela tortura acabasse logo de uma vez, o nariz dos dois, tanto de Four quanto de Wendy estavam sangrando, Klaus não percebia ou não se importava com o fato de que se aquilo continuasse ele mataria os dois.
___ Por favor tio, para!
O que ele fez a seguir me deixou estupefata, parou bem perto de onde Wendy estava e colocou o revolver no chão e então deu a ordem para Four.
___ Agora Four.
Four foi ficando mais vermelho por conta do esforço que fazia para dominar a mente de Wendy e ela ia cedendo, vi horrorizada quando ela pegou o revolver e apontou para própria cabeça, era isso que meu tio tinha em mente, Four ia obrigar Wendy a estourar a própria cabeça com um tiro e eu teria que ver tudo.
__ Não Wendy, para para.
___Vem cá Giu.
Senti os braços fortes do meu tio me prendendo, eu mal conseguia respirar, lutei para me soltar enquanto ela ia levando a arma cada vez mais para perto da têmpora. Meu tio continuava a incentivar Four e eu torcia desesperadamente para que acontecesse com ele o mesmo com aconteceu Zwei antes que ele fizesse Wendy se matar.
___ Agora Four, engatilhar.
Ouvi o clique quando o cão da arma foi puxado para trás, eu não podia fazer mais nada, senti as lágrimas se juntando, não era para ser assim, Wendy não merecia isso, tristeza, culpa, arrependimento, tudo isso me pesava tanto que se Klaus não estivesse me segurando eu teria caído.
___ E agora o gran finale, puxar o gatilho.
Fechei os olhos, não queria ver aquilo, nunca mais iria esquecer aquela cena, isso seu eu vivesse muito tempo mais, não tinha ideia do que ele faria comigo, mas naquele momento, com Wendy prestes a acabar com a própria vida, a minha vida também não fazia mais sentido.
O barulho do tiro ecoou por toda sala, ecoou dentro de mim, reverberando em minha cabeça, senti o cheiro de pólvora no ar, então era isso estava tudo acabado, e eu não tive coragem de abrir os olhos, mas por algum motivo meu tio ainda não havia me soltado e senti um leve tremor em seu corpo, foi quando ouvi a voz de Wendy e abri meus olhos. Ela ainda tinha o revolver na mão, uma leve fumaça esbranquiçada saia do cano e agora ela apontava a arma para Klaus.
___ Surpreso doutor?
___Mas como...?
Eu ainda custava um pouco para entender o que estava acontecendo, o barulho do tiro ecoava muito forte ainda nos meus ouvidos, virei a cabeça na direção de onde meu tio olhava e vi Four caído no chão com um tiro na testa. Puta que pariu, Wendy era muito mais forte do que eu pensava e do que meu tio imaginava também, eu podia ver o medo em seu rosto agora enquanto ele tentava me usar como escudo.
___ Ah doutor, achou mesmo que um cara " criado " a poucos dias ia conseguir me dominar assim? Claro que nas primeiras vezes isso me assustou, mas percebi que podia controlar ele também, eu tenho mais treinos sabe, quando você me apontou a arma achei que estava tudo acabado, mas a sua arrogância te ferrou né? Bem agora vamos ao que interessa, solta ela ou atiro na sua cabeça, pode acreditar tenho uma mira ótima como pode ver.
Ele foi me soltando aos poucos, quando vi que estava totalmente livre, corri até Wendy e lhe dei um abraço.
___ O que vai fazer comigo? Me matar?
___ . Não te matar seria muito rápido e fácil.Sabe aquela sua maquininha legal? Então estou pensando em te colocar nela. O que acha doutor?
Vi o olhar assustado que ele me lançou.
___ Giulia, você não vai deixar ela fazer isso comigo né? Por favor Giu, eu sou seu tio.
Lembranças da época em que ele era meu herói, meu ídolo me vieram a mente, mas foram embora rápido quando me lembrei de tudo que ele havia feito com Wendy e também comigo, todas as mentiras, ele matar Wendy e depois provavelmente a mim também. Qualquer piedade desapareceu.
___ Não sou eu que decidi isso, tio.
___Ok ok, então é com você Drei, olha só, podemos negociar, fazer um acordo. Recebi um adiantamento da Beta Mind, eles queriam uma máquina, lógico que eu não venderia as instruções todas certinhas para eles, isso vale muito dinheiro, mas me propus a construir uma, como não posso deixar rastros, veio tudo em dinheiro vivo e são seus se me deixar ir embora, e também me comprometo e nunca mais te procurar. O que me diz? São R$700.000 todos seus. Posso pegar a maleta para que veja?
Wendy prestava atenção nele muito mais do que eu gostaria.Será que ela estava mesmo cogitando a ideia de deixar ele impune em troca do dinheiro? A resposta dela me deixou chocada.
___ Pega a mala, se for mesmo verdade parece um bom acordo.
Não devia mas me meti no meio do conversa, eu estava revoltada.
___ Como assim, ele ia te matar e tudo vai ficar por isso mesmo?
Ela nem me deu atenção, mas meu tio me fuzilou com o olhar enquanto pegava a maleta com o dinheiro e abria para que Wendy visse.
___ Então temos um acordo? Quer pensar uns minutos a respeito?
___ Já pensei doutor, vou ficar com seu dinheiro como uma espécie de reparação pelo que fez comigo, sabe aqueles testes todos e ainda vou te colocar na maquina.
___ Não não não, espera, tenho algo para te contar, se apagar minha memória nunca vai saber quem a Giulia é de verdade. Eu conto tudo.
___ Não perca seu tempo, eu já sei que ela era minha namorada, já sei sobre o acidente e que foi ela quem me trouxe até você.
___-Acidente? Foi isso que contou para ela Giu?
A risada que ele deu fez meu corpo gelar, ele sabia mais que isso, porque no dia em que pedi que ele trouxesse Wendy de volta eu estava desesperada, assustada e ele ainda era a única pessoa em quem eu confiava, ele sabia o que eu escondia, o que mais temia que ela soubesse, ele sabia o que eu pretendia esconder para sempre e agora ia contar.
Senti vontade de pegar a arma que Wendy ainda tinha nas mãos e dar um tiro nele, mas agora era tarde, ela ia querer saber a verdade.

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Uma mente sem lembranças
Fiction généraleO que você faria se todas as suas lembranças fossem apagadas? Meu nome é Giulia Schneider, minha vida sempre foi cheia de reviravoltas, mas nenhuma tão radical como quando, conheci Wendy Alba ou quando a matei. Se tiver paciência para me acompanhar...