Uma mente sem lembranças

Eu Preciso De Você

A única ideia que tinha no momento era uma possível forma de entrar digamos assim meio que discretamente no anexo, mas eu não sabia o que fazer depois, o que ou quem eu nós íamos encontrar lá, quantas pessoas estavam lá, ou se havia seguranças, Wendy não conseguiu ver nada disso quando entrou na cabeça de Quatro.

___ Ele ainda estava confuso, deve estar nos primeiros dias ainda. Mas agora doutor Klaus sabe onde errou com os outros, e Quatro vai evoluir bem rápido, logo vai estar muito mais forte que eu, não sei por quanto tempo vou conseguir bloquear ele da minha mente.

Fiquei curiosa sobre o que ela disse.

___ Onde doutor errou?

___ No cuidado Giulia, na atenção, não era só cuidar da parte física, ele percebeu isso quando você cuidava de mim, agora deve estar fazendo algo parecido com o Quatro, dando suporte psicológico, eu já te disse que se não fosse por você ali eu não teria conseguido, doutor é esperto sabe disso.

Imaginar meu tio sendo carinhoso com um estranho, ainda mais um estranho que ele considerava uma cobaia, era difícil, mas como acabei percebendo nesses últimos tempos, ele era um ótimo mentiroso, se não fosse médico daria um bom ator.

Tentei explicar meio por cima para Wendy o que eu achava o jeito mais discreto de entrar no anexo.

___ Olha só, toda primeira segunda feira do mês chegam as comprar que Kaio faz pela internet, sabe, produtos de limpeza, comida, essas coisas, o carro de entrega tem que parar na frente, pois aquela porta que você usou para sair, apesar de dar direto na cozinha é inútil para entregas, não tem como estacionar ali, já que é tudo cercado por um muro, entendeu? Minha ideia é essa, esperar o carro de entrega chegar e entrar enquanto ninguém está vendo, o que faremos depois disso eu não sei, é só o começo de uma ideia, ainda tem alguns dias para pensar em algo.

Fico prestando atenção eu seu rosto concentrado enquanto acabo de falar o que imaginei.

___Isso quer dizer que ainda temos que esperar dez dias.

___ É muito tempo Giulia.

___ Olha Wendy, não imagino outro jeito, tem ser assim, sei que você consegue suportar mais alguns dias, eu estou aqui, vou te ajudar, vai dar tudo certo.

Ela faz que sim com a cabeça, mas eu não senti que estava muito confiante, talvez fosse o medo de que Quatro ficasse forte demais e ela perdesse o controle sobre si mesma. Algo no rosto dela me deixou inquieta e preocupada.

___ Consegue esperar, certo?

___ Ok Giulia. Agora preciso dormir um pouco, minha cabeça está estourando.

___ Quer um remédio para dor?

___ Não, só preciso mesmo descansar um pouco.

Era domingo, eu não tinha nada para fazer, não sentia vontade de ler ou assistir algum filme, fiquei quebrando minha cabeça para achar algum outro jeito de entrar e poder pegar todos eles de surpresa, mas nada vinha me vinha, eu estava como uma folha em branco esperando para se escrita, mas não havia nada para escrever. Também não queria sair do apartamento e deixa-la sozinha, eu sabia ( imaginava) que enquanto ela estivesse dormindo ele só poderia ter acesso aos seus sonhos, o que não mostraria muita coisa, assim eu esperava, mas mesmo sendo assim, não quis arriscar. Fiquei andando de lado para outro, tirando coisas de um lugar, passando para outro.

No fim da tarde ela acordou, estava suada e com o rosto vermelho. Fiquei preocupada.

___ Ele outra vez?

___ Não.

Ela parecia sem jeito, quase como se estivesse com vergonha, insisti para saber o que estava acontecendo.