Soldadinhos

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Desde que meu tio havia começado com seus testes a cada dia que eu chegava perto do anexo, antes mesmo de entrar já sentia meu estômago embrulhar, tinha medo do que ia encontrar, nunca havia passado pela minha cabeça que meu tio pudesse ser tão cruel e insensível, lógico que já havia percebido que nada do que ele vinha fazendo era para ajudar na descoberta de algum novo tratamento que ajudasse pessoas, não tinha nada de benéfico nisso, eu juntava todos os dados que tinha e ainda não assim não conseguia chegar a uma conclusão.

Mais uma vez fiz mentalmente uma lista.

-recebimento de dinheiro de uma empresa que fabrica armas.

-aumento da capacidade mental.

-diminuição de emoções.

-memória apagada.

-força aumentada

-alta resistência a mudanças climáticas.

_ regeneração de ferimentos

Então uma luz se acendeu na minha cabeça. Somando todas essas coisas Drei era quase indestrutível, ao não ser que fosse ferida na cabeça, ela era uma arma, como se fosse um robô, era para isso que meu tio devia estar recebendo tanto dinheiro, criar " soldados super humanos" Drei era seu primeiro soldado e devia valer milhões se ele conseguisse tornar ela totalmente dócil e obediente, só poderia ser isso.

Comecei a ter uma ideia, eu sei essa não poderia ser estilo "ideias brilhantes de Giulia Schneider", precisava dar certo, sem nenhum erro, então comecei a tentar tapar todos os furos que pudesse ter o que não seria fácil.

Dessa vez quando entrei na sala, não achei estranho encontrar meu tio ali parado em frente ao vidro espelhado, esse era sem duvida o pior dos testes, regeneração. Kaio aplicou algum tipo de sedativo nela, e então fazia cortes em seus braços ou pernas, logo após o corte aplicava a injeção com glicose para ver quanto tempo ela levava até se curar, geralmente em duas horas já estava melhorando. Foi a primeira vez que vi ela demonstrar medo e e dor nos testes mesmo estando dopada, mas ainda assim não reclamou de nada. Isso era um péssimo sinal, meu tio estava conseguindo fazer ela ficar dócil e obediente. Tentei fazer aquilo parar.

___ Você já sabe que ela se recupera, não pode parar com isso?

___Já vou parar, esse era um ultimo da lista.

Senti um alivio e uma ponta de esperança, talvez ele nao fosse tão mau quanto eu pensava.

___ Ultimo? Depois disso posso levar ela daqui?

___ Claro que não, depois disso vou aumentar a intensidade e ver até onde ela aguenta. Mas ela vai ter uma semana de descanso, aproveite a faça suas visitas.

___Eu sei para que você precisa tanto dela?

___ Sabe?

___ Você acha que pode vender essa ideia louca de criar soldados indestrutíveis para a Beta Mind, mas não vai funcionar, ela não vai deixar de ser humana, ainda vai ter sentimentos e saber o que certo e errado.

___Não se menta nas minhas coisas, você já atrapalhou demais sendo emotiva com ela, eu não posso falhar, não é só uma questão de dinheiro, se eu falhar... minha vida depende disso, entende agora? Não sei como descobriu sobre Beta Mind, mas não se envolva nisso.

___ Devia ter pensado nisso antes de se envolver com gente perigosa. Fique tranquilo, não tenho interesse em te atrapalhar, nem tenho como fazer isso.

Ele parecia convencido disso, não falou mais nada, talvez ainda pensasse que nossos laços de sangue eram maior que o que eu sentia por Wendy/Drei. que continuasse a pensar assim, eu tinha uma semana para tirar ela dali antes que novos testes começassem, tinha uma semana para passar todo plano ( que eu ainda não sabia qual seria ) para ela.

Mais uma vez não consegui fazer minha visita, dessa vez ela passava a maior parte do teste dormindo, eu preferi ir para casa e colocar meus neurônios para funcionar, depois de passar repassar várias vezes o que tinha pensando, tudo pareceu se encaixar, tinha que dar certo, no dia seguinte mesmo eu começaria a explicar tudo para Drei.

No dia seguinte ela ainda estava meio grogue dos sedativos, não pareceu muito feliz em me ver, e nem com o livro que levei, bem, eu também não ficaria nada feliz se estivesse em seu lugar.

___ Não tô afim de ler nada.

___ Isso tudo que está acontecendo vai acabar.

___ Doutor Klaus vai me deixar ir embora?

___ Não, mas vou tirar você daqui.

Isso fez com eu capturasse sua atenção novamente.

___ Quer dizer fugir?

___ Sim, mas vou precisar da sua ajuda. Tenho um plano, vou te explicar tudo, mas não de bandeira e se ver algo que não está certo me fale que mudo.

Contei o que pretendia fazer, ainda bem que não havia microfones ali, enquanto contava o plano fingia estar lendo o livro em voz alta e ela fingia que não tinha o menor interesse no que eu dizia estávamos ficando boas em fingir. Quando acabei de contar tudo, fechei o livro e fiquei esperando alguma reação. Ela dá um sorriso discreto.

___ Agora senti firmeza em você doutora Giulia.





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Uma mente sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora