Prólogo

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       As vezes a vida parece tão certa, desde o nascimento a família já tem tudo programado, o nome, o quarto, as roupinhas, a futura profissão, pelo menos comigo foi assim desde a época em que eu ainda era um espermatozoide tentando fecundar um ovulo, minha família já fazia planos ao meu respeito, infelizmente( ou felizmente) eu frustrei uma quantidade inaceitável de planos para uma família tão tradicional.

    Meu nome é Giulia Schneider, tenho 32 anos e sou médica neurocirurgiã, você deve estar imaginando que isso devia ser um orgulho para a família, mas não era, pelo menos por um bom tempo não foi.

      Venho de uma longa linhagem de advogados famosos, da prestigiosa firma Schneider & Bauer. Meus avós foram advogados, meu pai e meus tios também, assim como todos meus primos, eu como filha única, deveria ter seguido por essas veredas, mas eu sempre achei tudo tão chato, aquelas palavras em latim: Actore non probante, reus absolvitur; Ficta confessio;incidenter tantum *  e mais um monte desses mi mi mi, aquilo tudo era um tédio e uma perda de tempo para mim, sem contar o fato de achar que nunca teria como saber se alguém era culpado ou não, imagine só você provar que um assassino é inocente, e o cabra sair ileso e matar mais gente, ou continuar roubando e por ai vai, não, definitivamente isso não era para mim, mas não via uma forma de escapar, até por que nenhuma profissão me interessava.

     Foi quando conheci meu tio, irmão de meu pai, já tinha ouvido varias vezes falarem a respeito dele, era o banido da família, o que não tinha se tornado advogado, e sim médico, um neurocirurgião ( já notaram em quem me inspirei né?!), a ovelha de jaleco da família, quando me tornei médica, virei a segunda aberração, a segunda ovelhinha extraviada, mas naquela época, quando ainda era criança, não sabia que iria ser como ele, só sabia que de alguma forma ele me fascinava por ser diferente, por ter desafiado o padrão que a família toda havia imposto como norma.

      Meu tio Klaus Schneider virou meu herói e assim que tive a chance me aproximei dele, e tentei descobrir mais sobre sua vida, claro, tudo sem que meus pais soubessem, até por que assim era muito mais interessante. Ah! mesmo naquela tenra infância o proibido já me atraia mais.

      Esse é um pequeno resumo da minha vida, vou contar mais detalhadamente, se você tiver paciência para me acompanhar pela jornada, mas já aviso, não sou a mocinha, a boazinha, cometi erros imperdoáveis que me custaram caro, custaram o amor da minha vida. Puxe uma cadeira, acomode-se e siga comigo pelos meus medos, segredos, amores e erros e se puder me compreenda.

* Nota tradução : Se o autor não prova, o réu é absolvido; Confissão fictícias; apenas entre as partes.

Uma mente sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora