Super

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Não consegui descobrir nada novo quando apareci na clinica para buscar minhas coisas, nem encontrei com meu tio, a secretária me disse que ele ia entrar de férias e agora sem as minhas consultas ela não teria o que fazer, tinha medo de ser demitida.Perguntei se ela sabia para onde ele iria nas férias e ela me disse que não tinha a menor ideia, não sabia nem se ele iria viajar, não pediu que ela comprasse passagem ou reservasse hotel como sempre fazia.

Uma coisa que eu sabia a respeito de meu tio era que todo ano quando ele tirava férias, sempre viajava para algum lugar, ter tirado férias e não viajado era bem suspeito.

Empacotei as coisas que ia levar, pastas, alguns livros, meu aparelhos médicos e meu notebook que usava no trabalho, não tinha intenção de levar mesas,cadeiras, cama de consulta, que meu tio se virasse com essas coisas já que havia sido ele quem comprara tudo. Consegui ajeitar tudo no porta mala do carro, ia deixar tudo no meu apartamento por enquanto.

Quando voltei, Drei ainda estava tão concentrada na TV que tive que chamar seu nome duas vezes até ela perceber que eu estava ali.

___ Desculpa, esse filme é bem legal.

___ Foi o que disse do filme que estava assistindo quando sai. Não vai viciar em TV.

___ Então arrume algo novo para me viciar.

Fui até a estante com livros, peguei três sem olhar os títulos, modéstia as favas eu tenho um ótimo gosto literário, joguei os livros em cima da cama onde ela estava deitada.

___ Ai, um vicio novo. Mas que tal se você tentasse ler um pouco mais devagar?

___ Ok, doutora, mas posso acabar esse filme antes?

___Por que ainda me chama de doutora?

___ Não sei, acho que mania, desculpe Giulia.

Fui me deitar no sofá da sala e meus pensamentos começaram a me torturar, eu havia convencido ela a esperar um pouco para tentar destruir a clinica do meu tio, e se isso não desse certo, eu não sei como seria, eu não poderia manter ela para sempre trancanda dentro desse apartamento, ela ainda era nova, tinha a vida toda pela frente ou pelo menos eu esperava que tivesse, que sua cabeça não desse nenhum piripaque e ela ficasse igual a Eins e Zwei.

Sinceramente, eu queria tempo também para ganhar sua afeição, para que ela não querer ir embora quando tiver a chance, mas que preferisse ficar comigo, ela não era mais a minha Wendy, mas eu havia aprendido a amar o lado Drei dela também, era um complemento.

Passamos a semana desse jeito, TV, livros, conversar, silêncios, planos, mais conversa, e por mais que eu gostasse da companhia dela, eu precisava arrumar um jeito de ocupar meu tempo, até para não chamar a atenção, precisava mais uma vez ajeitar minha rotina.

Liguei para uma amiga que fazia um trabalho associado com a prefeitura, atendia pessoas carentes num posto de saúde de uma favela, arrumei um lugar ali como clinico geral, nada de cirurgia, só consultas. Fui dar a noticia a Drei.

___ Vou trabalhar na parte da tarde com consultas.

___ E o nosso plano de pegar o doutor?

___ Te pedi um tempo para poeira baixar.

___Desde que não demore.

___ Você não se importa se eu sair todo dia?

___ Vai ser bom para você, sinto a sua impaciência em ficar o dia todo trancada aqui comigo.

___ Claro que não, eu adoro ter você aqui.

___ Eu sei, mas também sei quando fica ansiosa, triste, alegre. Sabia desde a época que estava naquele maldito quarto.

___ Como pode saber disso.

___ Presto atenção no sei jeito, no seu olhar e também tem algo mais, mas isso não sei dizer o que é, eu sabia desde o inicio que você era boa e se importava comigo e que Kaio e o Klaus não eram bons. Deve ser intuição ou instinto, sei lá. Tenho" super poderes" agora né, deve ser isso.

Apesar de tentar sorrir me senti apreensiva, e se ela soubesse que eu mentia, será que essa conversa era um tipo de indireta para dar a entender que sabia disso?

___ O que foi Giulia? Te assustei porque disse isso?

___ Só um pouco, eu não gosto muito de demonstrar minhas emoções.

___ Não se preocupe, elas estão seguras comigo. Vou ler o livro que me deu. E tenta relaxar um pouco, assim vai ter um treco, e vou me sentir bem culpada.

Se antes para mim já difícil relaxar, agora tinha ficado impossível eu teria que policiar cada olhar, cada sorriso, cada gesto. Malditos" super poderes".






Uma mente sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora