Arco Íris, Pôneis, Algodão Doce...

341 43 4
                                    

Eu achava que uma tatuagem seria prova amor, eu não amava Ivana, mas ela me trazia estabilidade emocional, que era uma coisa que sempre busquei loucamente, não queria perdê-la. Até meus pais gostavam de Ivana.

Por falar neles, não posso dizer que estavam felizes por eu sair com garotas, eles já tinham um futuro toda planejadinho, seria assim, me formaria, entraria na banca da Schneider & Bauer, me casaria, de preferência com alguém do mesmo ramo e bem sucedido e teria um par de filhos, que visitariam o vovô e a vovó todo fim de semana. Olhando a coisa por esse ângulo, eu frustrei tudo.Mas o meu relacionamento com eles ia bem melhor do que imaginava, nos falávamos sempre nem que fosse por telefone, meu pai havia se aposentado e estava preparando sua mudança para uma cidadezinha de interior na Alemanha. Até isso parecia ter entrando em ordem.

Voltando a minha brilhante ideia de tatuagem, apesar de querer impressionar Ivana, eu não estava afim de muita trabalheira e também não queria nada chamativo.

Iria escolher o estilo da letra na hora, e no local, pensei em fazer no antebraço, assim qualquer blusa cobriria se fosse necessário. Sai pesquisando na internet alguns estúdios de tatuagens, e procurei pelos que ficassem mais perto do meu apartamento, assim sairia do trabalho e passaria por lá, tudo bem facilitado.

Encontrei um que ficava a vinte minutos de onde eu morava e tinha um nome bem chamativo que adorei, Sexy Ink Shop.

Liguei a marquei uma hora para o dia seguinte a tarde, até ai tudo estava correndo bem, nem parecia um dos meus planos que viviam falhando.

Sai do trabalho no dia seguinte e nem passei no meu apartamento antes, já fui direto para estúdio, dei sorte e achei com facilidade. O nome estava escrito em neon rosa e azul, a parte de fora do local era toda pintada de branco desenho tribais em preto e marrom, assim que entrei senti o contraste, por dentro era todo preto com muitos desenhos em quadros pelas paredes, havia algumas poltronas onde se sentar e revista sobre tatuagens, piercings e motos chopperes, espalhadas em uma mesinha de centro. A recepcionista, secretária ou seja o nome que ela recebia, atendia atrás de algo que parecia um balcão de bar. Fui falar com ela e confirmar minha sessão.

___ Olá. tenho um tatuagem marcada para hoje a tarde.

__ Qual seu nome?

___ Giulia Schneider.

Ela procura meu nome no computador e logo confirma.

__ Achei aqui. Assim que acabar a outra sessão já te chamo. Pode sentar ali e esperar. Aceita um café? Um suco?

___ Não obrigada.

Sentei em um sofá vermelho e macio, e então notei que havia duas portas ali em frente, devia ser onde se faziam as tatuagens, as duas estavam fechadas, então não pude ter uma noção de como era lá dentro, se havia limpeza, higiene, essas coisas todas, só veria na hora que entrasse e poderia mudar de ideia.

Eu não havia tido tempo de comer nada além do café da manhã naquele dia, minha barriga roncava e eu sentia uma leve tontura, mas não queria tomar café, pois só ia piorar minha ansiedade ou a sensação de que estava fazendo algo idiota, café definitivamente me deixava elétrica demais, era ótimo pela manhã, mas nada bom quando se esta com cabeça a mil por hora naturalmente.

Procurei em minha bolsa alguma barrinha de cereal, eu costumava jogar algumas ali dentro para emergências como essas, mas não encontrei nenhuma, resolvei tomar um copo de suco mesmo.

Estava me encaminhando até o (pseudo)bar onde a secretaria falava ao telefone, pronta para pedir o suco, quando um cara saiu sala em frente com um curativo no braço, acho que agora seria minha vez, deixei o suco para lá e fiquei esperando ansiosamente a porta se abrir ou alguém gritar o meu nome lá de dentro.

Não estava nem um pouco preparada para o que veio a seguir. Quando a porta se abriu, de dentro saiu a garota mais linda que já havia visto na vida.

Alta, magra, olhos castanhos claros, uma pele acobreada, e aqueles cabelos coloridos, pintados em tons degrade de azul marinho e azul claro que caiam em cascatas até a cintura, os braços tinham varias tatuagens e ainda um piercing na sobrancelha esquerda. Perdi o fôlego, ela me fazia lembrar, algodão doce, arco íris, unicórnios e pôneis fofinhos. Me esqueci até do que havia ido fazer ali, me esqueci da fome, do estúdio, de tudo a minha volta.

Ela caminhava na minha direção e eu notava cada movimento como se fosse em câmera lenta, cada jogada de cabelo, cada piscada, cada passo, isso me abalou tremendamente

__ Oi. Você é Giulia Schneider?

A voz era suave, e meu nome pronunciado por ela parecia até uma música. Achei que minha voz nem fosse sair quando respondi.

__ Sou eu.

__ Sou Wendy Alba. Sou eu quem vai te tatuar.

O meu pensamento antes de entrar na sala foi : Ai meu deus, eu amo tatuagens!








Uma mente sem lembrançasOnde histórias criam vida. Descubra agora