Ela havia parado de chorar bem rápido, mas ficou deitada em silêncio o resto do dia, eu resolvi respeitar isso e não puxei nenhum assunto, não fiz aquela pergunta idiota: " você está bem?", lógico que ela não estava bem, via que em alguns momentos sua testa se vincava, como se ela estivesse tentando se decidir sobre algo, eu queria poder ler mentes nesse momento. só para poder saber o que ela estava pensando. Ao menos ela parecia não me odiar, não ainda.
Revezei meu tempo entre ficar sentada na cadeira e andar pelo quarto, o silêncio me oprimia, em momentos de ansiedade eu sempre precisei de barulho para relaxar a minha mente, já estava ficando escuro no quarto, acendi a luz e fui ver a hora, era melhor eu ir para meu apartamento, mas ao mesmo tempo não queria deixa-la sozinha. Finalmente ela quebra aquele silêncio insuportável.
___Preciso acabar com tudo.
___ O que??
Eu achei que ela se referia a tirar a própria vida, e aquilo me assustou, mas não era a isso que ela queria dizer.
___Preciso entrar naquele laboratório e destruir tudo, mas não sei o que fazer com o doutor Klaus, pois ele ainda pode refazer as coisas.
___ Não vai ter como entrar lá, a segurança deve ter sido redobrada.
___ Você não entende? Não posso deixar que ele continue fazendo monstros como eu.
___Para com isso, você não é um monstro.
___ Mas é assim que me sinto, descontrolada, desconhecida, desorientada e sem saber do que sou capaz.Doutor Klaus queria que eu fosse uma "maquina assassina" e se eu me tornar isso mesmo sem querer? E se outra pessoa se tornar? Preciso parar ele.
Eu sabia bem o que ela queria dizer com " parar ele", mas apesar de toda raiva que sentia dele, ele ainda era meu tio, e tirar a vida de uma pessoa não fazia parte da minha natureza e não queria que fizesse parte da dela, tinha que haver outra maneira, eu acharia outro jeito, para o meu bem e para o dela.
___ Giulia? Vai me ajudar nisso?
___ Vou, mas quero que me de um tempo para pensar no jeito certo de fazer isso. Espere as coisas se acalmarem, a poeira baixar, assim a vigilância vai ser menor e então arrumamos um jeito.Ok?
___ Não pode demorar tanto tempo.
___ Não vai demorar, só confie em mim.
___ Você é única pessoa que confio.
Essa frase deveria fazer com que eu me alegrasse, mas só consegui sentir um peso enorme na consciência por não contar logo tudo.
Já estava tarde e eu tinha que voltar para meu apartamento, antes de ir me certifiquei de que ela jantasse e ainda desci para comprar uns cupcakes na padaria que ficava ali perto.
___ Essa é sua ultima noite aqui no hotel, amanhã já posso te levar daqui, salvo aconteça algo inesperado. Vai ficar bem depois de tudo que te contei?
___Vou ficar, agora tenho um propósito, acabar com doutor Klaus.
___ Não faz bem a ninguém sentir ódio.
___Não é ódio, doutora Giulia, é prevenção.
Assim que cheguei perto do condomínio, fiquei mais uma vez parada durante uma hora para ver se havia algo fora do normal, nada, tudo na mesma. Entrei e dei uma limpada geral no apartamento, escondi tudo que pudesse ter de Wendy por ali, fotos, o notebook, roupas, sei que um dia eu teria que contar a verdade e mostrar todas aquelas coisas, mas esperava que esse dia demorasse e que ela gostasse de mim do mesmo jeito que eu gostava dela, para dessa forma poder me perdoar.
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Uma mente sem lembranças
General FictionO que você faria se todas as suas lembranças fossem apagadas? Meu nome é Giulia Schneider, minha vida sempre foi cheia de reviravoltas, mas nenhuma tão radical como quando, conheci Wendy Alba ou quando a matei. Se tiver paciência para me acompanhar...