Uma semana depois disso, meu tio voltou ao consultório novamente e reassumiu suas consultas, não me disse nada, o clima entre nós dois havia azedado de vez depois que me recusei a participar de mais alguma experiência sua, mas eu sabia que se ele tinha voltado e não passava mais tanto tempo no anexo como antes, era porque algo havia acontecido com Zwei, eu esperava sinceramente que não fosse nada tão dramático como Eins rachando a própria cabeça na parede.
Mais uma vez achei que minha vida tinha entrado nos eixos e se estabilizado, não que ela fosse um marasmo total, mas estava bem mais tranquila, sem meus chiliques com Wendy ou os defuntos redivivos de tio Klaus, isso devia ser algo excelente, mas meu histórico não era bom em fases assim, sempre que tudo parecia as mil maravilhas eu arrumava um jeito de ferrar com as coisas, mesmo sem querer.
A vida ia seguindo assim, então do nada e sem nenhum motivo aparente, Wendy começou a mudar, quando não estava tensa, estava distraída, eu já não a via durante a semana, agora só aos sábados e domingos, ela não tinha mais vontade de sair, nem mesmo quando eu chamava para ir em algum lugar dançar( ela adorava dançar) e nunca perdia o noticiário, ficava com olhos grudados durante toda transmissão e no final parecia desapontado com algo, como se a noticia que ela esperava não tivesse passado. Mas o que mais me incomodou nessas mudança brusca, foi o fato dela voltar a ficar enfiada no notebook com aquela cara distante. Eu não suportava esse sensação de estar perdendo ela outra vez.
Um dia quando ela saiu para comprar algo no mercadinho, peguei seu notebook para olhar, claro que tinha senha e claro que eu não sabia qual era, mas me senti um lixo depois por ter tentado espionar suas coisas.
Eu estava em sua casa um fim de semana desses, e queria a sua atenção, mas ela estava lá daquele jeito todo estranho e distante, precisava saber o motivo.
___Wendy, o que está acontecendo?
___ Nada! Por que?
___ Porque você esta diferente, distante.
___ São problemas meus.
___ Por que não me conta?
___ Não posso.Me desculpa.
___ Não pode ou não quer? Esses seus segredos me cansam
___ Te avisei que existem coisas sobre minha vida que não falo.
___ Você não confia em mim.
___ Não é questão de confiança. Porra, tenta entender, sou sua namorada, mas não preciso te dizer tudo que se passa na minha cabeça.
___ Você é uma egoísta do cacete, isso sim!!
Não me dei ao trabalho nem dizer tchau, sai batendo a porta da casa dela, agora ela já não tinha tanta neuras sobre eu aparecer de carro por ali, então peguei me carro e fui embora, iria para meu apartamento, mas estava tão irritada que resolvi ir até um bar beber.
Sentei no banquinho que ficava de frente para o balcão e pedi uma vodca pura. Tomei de um único gole, fazia tanto tempo que eu não bebia assim dessa forma, tinha até esquecido a sensação da bebida descendo queimando pela minha garganta como se estivesse engolindo fogo liquido. Tomei mais duas doses assim, e já comecei a me sentir relaxada e entorpecida.
Ia pedir mais uma dose quando alguém toca no meu ombro. Me viro e dou de cara com Ivana ali me olhando com um sorriso irônico no rosto.
___ Olá Giulia! Sozinha?
___ Sim.
___ Levou um pé na bunda?
___ Não.
___ Quer companhia?
___ Não.
Ela não se importou com o meu " não" e sentou do meu lado, pediu mais duas vodcas, que tomamos em silencio, depois mais duas e assim foi indo até eu perder a noção de tudo, só me lembro de acordar na casa de Ivana na manhã seguinte e minha cabeça estar latejando horrores. Me senti um lixo e nem me lembro da conversa que tive com Ivana naquela manhã. Eu havia traído Wendy.
Eu não tinha menor intenção de contar para ela o que havia acontecido com Ivana, mas também me sentia mal quando lembrava, ficava naquela duvida, conto, não conto. Não contei, depois de um mês minha consciência já me deixava dormir tranquila como se nada tivesse acontecido. Eu tentava me apaziguar pensando que talvez Wendy também me escondia as coisas.
Não tive mais noticias de Ivana, ela não me ligou, o que achei uma maravilha, até que certo dia ela apareceu meu apartamento, como o porteiro já a conhecia, deixou que subisse sem me interfonar. Dei de cara com ela na minha porta.
___ O que você veio fazer aqui?
___ Nossa!! isso é jeito de me tratar, ainda mais depois da nossa noite de outro dia.
___ Eu estava bêbada.
___ Já diz aquela frase: O que você faz bêbada foi pensado sóbria.
___ Que frase idiota. Por favor Ivana, vai embora.
___ Não sem antes falar com você.
___ Não temos nada pra conversar.
___ Cinco minutos e prometo que vou embora.
___ Ok, entra ai.
Deixei ela entrar e esses cinco minutos que ela queria falar comigo foram a minha ruína.
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Uma mente sem lembranças
General FictionO que você faria se todas as suas lembranças fossem apagadas? Meu nome é Giulia Schneider, minha vida sempre foi cheia de reviravoltas, mas nenhuma tão radical como quando, conheci Wendy Alba ou quando a matei. Se tiver paciência para me acompanhar...