O convite

22 4 0
                                    

Estávamos no meio da estrada, eu não conseguia tirar da minha cabeça que Gabriel entrava e saia livremente pelo quarto de Jacob. Lembrei de uma coisa... O dia em que invadiram o quarto de Jacob.

Flashback on:

Meu telefone toca, vejo o nome no visor. Atendo no primeiro toque.

"Jacob"

— Jay? — Geralmente quando querem me dar notícias do Jacob me ligam do hospital não do telefone dele.

— A... Cor... Dei. — Assim que escuto​ sua voz minhas lágrimas escorrem, eu me levanto ainda chocada e corro para trocar de roupa. — Eu pre... Ciso... Te con... Tar uma... Coi-sa.

— Não fala muito Jay eu tô indo para o hospital agora. — Coloco no viva voz e começo a colocar um vestido qualquer.

— Eu acho... Que é ago... Ra... — Aquilo me corroeu por dentro, não vai ser agora que eu vou te perder. Não pode ser agora. — Fala... Para o... Hen-ry que... Eu amo... Ele. — Sua voz fica embargada. Passo pela sala agora com o telefone no ouvido, alguém me chama e fica falando algo que não presto atenção. Pego a chave do meu carro e dou partida, jogo o telefone, no viva voz novamente, no banco do carona.

— Jacob não desliga. Fica comigo. — Escuto alguém murmurar algo no fundo. — Você tá sozinho?

— Não.

— O seu telefone está no viva voz? — O outro lado da linha fica em silêncio por um tempo.

— Não. — Ele volta a ficar com a voz trêmula. — Eu pre... Ciso me... Despe... Dir de todos. E... Te con... Tar algo...

— Você não vai se despedir porque você não vai morrer. — Paro o carro em frente ao hospital. Tenho cinco guardas comigo, no carro de trás.

— Cuida... Do Henry... Para... Mim. — Ele soluça.

— Para de falar isso Jacob! Me fala quem é a outra pessoa que está aí! — Começo a chorar e a linha fica em silêncio novamente. Estou no corredor do seu quarto, falta pouco para chegar ao seu quarto. — ME FALA JACOB!

— É... — Escuto um barulho de tiro na linha e no corredor. Um dos guardas arromba a porta e quando entro vejo... Jacob estava olhando para o teto, sua camisa estava toda suja de sangue, a janela aberta e um bilhete encima da cômoda.

Flashback off.

— Era você não era? — Pergunto a Gabriel.

— Eu o que? — Ele me fala sem intender.

— Você estava no quarto do Jacob naquela noite. Você viu tudo. — Respiro fundo. — Me diz que eu estou errada. Me diz que não era você. Quando ele acordou! Quando eu finalmente achei que ele poderia se recuperar! — Gabriel não fala nada. — Gabriel me responda. EU QUERO UMA RESPOSTA AGORA!! — Ele soca o volante e joga o carro para o acostamento.

— Você vai acordar a Manuella. — Dou um tapa com todas as minhas forças em seu rosto. — E-eu estava lá. Mas eu não atirei. Não fui eu. — Ele parecia se lembrar daquela noite com tristeza. — Malcon disse que... Tínhamos que começar a eliminar vocês um por um. Mas eu não queria isso, ele me forçou a ir com ele lá. Eu não atirei. — Lágrimas começam a sair de seus olhos enquanto seu rosto ficava vermelho. — Eu não queria fazer vocês sofrerem porque vocês não tem nada a ver...

— Nada a ver com o que? — Perguntei um pouco mais calma.

— Nada a ver com a morte da filha do Malcon. E ela era adotada. — Daquilo eu não sabia. — Nicol foi criada com muito carinho da parte dele. Malcon ficou empolgado com a ideia de ser promovido a conselheiro do Rei, ele respeitava seu pai. Via ele como um exemplo de força e perseverança. Então ele finalmente conseguiu, mas antes a favorita do Rei era a Nicol, sua mãe não conseguia engravidar a anos... E quando ela conseguiu a felicidade do Rei foi imensa, ele fazia festas e mais festas. Falava para o povo de como estava feliz e ansioso, e foi deixando Nicol de lado e Malcon não gostou disso. Então começaram a invadir o castelo, era desesperador para a sua mãe ver tudo o que acontecia, na época vocês tinham 1 ano. Ela queria fugir com vocês, queria sair do castelo. Malcon já tinha dado a ideia dela fingir que morreu e o Rei aceitou. Tudo aconteceu como você sabe, sua mãe fugiu e vocês foram criados daquela forma desumana. Quando você tinha 11 anos, eu lembro que só andava com Nicol para cima e para baixo...

Cidade Infernal -RevisandoOnde histórias criam vida. Descubra agora