Cidade Infernal -Revisando

Efeito Charlotte

  Sempre que eu apanhava eu sonhava a mesma coisa, quando tinha uns 5 anos eu estava brincando de esconde-esconde com James, eu tinha me escondido no armário do escritório do meu pai, na época meu pai tratava a gente muito bem, eu o vi conversando com uma mulher, ela chorava e ele segurava os dois braços dela com as duas mãos e então, ele começa a bater nela. Do nada a mulher caí no chão.

— Eu não vou abandonar meus filhos Jaime! — A mulher gritava e chorava. Meu pai começou a bater nela, até a mulher ficar desacordada, e, tudo fica preto.

— HAAAAA!! — eu acordei com James ao meu lado na minha cama, Liam e Chloe no sofá que ficava de costas pra mesma.

— Tá tudo bem, tudo bem... Foi aquele sonho de novo não foi? — James me puxou pra um abraço quentinho, que só ele e... Infelizmente Liam tinham.

— Você tá bem? — Chloe perguntou, vindo em minha direção e colocando sua mão em minha testa. — Sua testa tá quente ainda, só descansa mais um pouco.

— Posso entrar? — Meu pai abriu a porta do meu quarto e entrou — Já acordou, filha? — Na hora eu só consegui pular em James, fiz o que Liam pediu.

— S-Sim papai. — não conseguia nem olhar pra ele.

— Eu falei com o pessoal da escola e você pode ir quinta.

— Sim, se-senhor, obrigada pai — Eu não consigo olhar pra ele!! As vezes eu tentava mas minha cabeça não levantava.

— Meu amor eu não te disse que temos que olhar nos olhos das pessoas que estão falando com a gente. — Liam veio em minha direção sentou ao meu lado e levantou meu rosto em direção ao meu pai.

— Me desculpe almofa... Liam, não tive a intenção. — Odiava aquilo, eu queria gritar, gritar e bater em todo mundo.

— Não tem problema, depois a gente vai conversar sobre isso. — Liam disse com uma voz que nem eu reconheci, a voz dele era séria, ele não soltou nem um sorriso, só me encarava, isso me deu uns arrepios, eu apenas assenti.

— Então vamos deixar os dois a sós, vocês devem ter muito o que conversar, vamos James e Chloe. — meu pai falou com um sorriso maligno no rosto, como se Liam fosse tirar um cinto pra me corrigir por algo que eu fiz ou falei. Assim que eles fecharam a porta eu olhei para Liam.

— Você não vai me bater, vai? — Eu já tava com uma lágrima escorrendo pela minha bochecha. Liam colocou a mão na minha nuca e me puxou para um abraço quentinho e forte.

— Ai!

— Te machuquei? Desculpa, não foi minha... O que é isso na sua nuca?!

— Deixa Liam... Foi de... Quanto tempo eu dormi?

— Tudo aconteceu ontem de tarde e você só acordou hoje a noite, não muda de assunto não Sarah — Ele levantou meu cabelo é viu uma marca roxa a qual eu tentava esconder de todo jeito. — Meu... Deus, você não me falou nada. Deixa eu pensar... Já sei, mas alguém sabe desse machucado?

— Não, só você. Que fome, vamos jantar? — Fiz menção de me levantar, mas Liam segurou meu pulso e me puxou de volta para minha cama.

— Nós vamos jantar só que antes, pega seu pó. — Me levantei e fui ao estojo de maquiagem e peguei meu pó e minha base, e o entreguei. — Senta de costas e tira seu cabelo da nuca.

— Você tá ficando muito mandão para o meu gosto, hein! — Apontei meu dedo indicador em sua direção.

— Cala a boca e senta garota! — Ele me puxou de novo e começou a passar pó e base na minha nuca.
— O que você tá fazendo, posso saber?

— Quando a gente for jantar, não levante a cabeça em nenhum momento, faça um coque no cabelo. Eu deixei uma parte da nuca sem maquiagem, quando você for comer passe a mão na nuca de vez em quando, mas nunca, nunca levante a cabeça pra encarar alguém, você entendeu? — Liam segurava meu rosto com as suas mãos uma de cada lado, olhava fixamente para meus olhos verdes e secava minhas lágrimas com os polegares.

  No jantar, fiz tudo como o almofadinha sugeriu, nada mais e nada menos. Meu pai olhava todo orgulhoso para Liam, eu saquei o que o almofadinha queria fazer, ele queria que o rei pensasse que ele me repreendeu ou me deu um tapa, por isso eu estava tão quieta e pra baixo como nunca havia feito.

— Eu... Perdi a fome — Sem levantar a cabeça saí da mesa e fui andando em direção ao jardim, alguém segurou meu braço.

— Você saiu diante da presença do rei sem sua autorização? Foi isso mesmo que eu vi, Sarah Fritzenwalder? — O Liam atua tão bem, e meu pai, muito otário cai no nosso teatrinho todinho.

— Vossa Majestade, tenho sua autorização? — Em nenhum momento por incrível que pareça eu levantei a cabeça ou ameacei levanta-la, meu pai deve estar surpreso com a minha repentina mudança.

— Sim, Sarah, tem minha autorização. — Saí o mais rápido dali.

No dia seguinte.

— Acordei!! — gritei pra ver se James corria para ver o que aconteceu comigo, e foi como sempre.

— O que foi? Passou mal de novo? Sonho ruim? — James estava com uma blusa regata branca, calça jeans preta e sapatos Vans pretos. Ele ia pra escola, na verdade nossa escola tem um uniforme obrigatório, mas eu e James nunca usamos eles, já que meu pai fundou a escola. Chloe apareceu também, com o uniforme, blazer preto, blusa branca, gravata xadrez na cor vermelho, saia igual a gravata e sapatilha preta.

  — Estamos indo pra escola princesa, se precisar de algo é só nos avisar. — James sorriu e fechou a porta.

  Esperei, esperei, esperei. Até que...

— Sarah eu vou buscar James e Chloe. — Liam falou, mas ele parecia meio aflito, ele fecha a porta e sai. Escutei alguém entrar gritando, me levantei pra ver o que estava acontecendo, era James que gritava com Chloe.

— COMO VOCÊ DEIXOU, ELAS FAZEREM ISSO COM VOCÊ?! NÃO DEVIA TER DEIXADO! POR QUE NÃO ME AVISOU!! —  Atrás da voz alta de James escutei choro de alguém.

— Não vamos nos alterar, o que... Meu Deus Chloe, por que você tá toda suja de farinha e ovos? — Eu disse chocada com aquela situação.

— Eu acho que as meninas da escola não gostaram muito de mim... — Ela abaixa a cabeça.

— Por acaso foi... Rachel que fez isso?

— Sim, foi ela e suas amigas.

— ISSO ACABA, AGORA!! — Nunca fiquei com tanta raiva na minha vida.
— Chloe, ninguém vai mexer com você, porque agora você faz parte da minha família e eu vou defende-la, e acabar com aquela bruxa velha do oeste! Amanhã eu vou pra escola, provar um pouco do doce sabor da vingança. — Sorrio.