Ariella Young
Alguns minutos depois Oliver desce a escada mexendo em sua gravata com um semblante pensativo. Seus olhos me fitam como se estivesse pensando em dizer alguma coisa, mas nada sai da sua boca. Passo a língua nos lábios rapidamente para umedece-los, e levanto do sofá para acompanha-lo até a saída.
- Vai embora agora? - pergunto.
- Sim. - Oliver responde, dando um beijo demorado na minha bochecha. Sorrio.
- Vou acompanha-lo até o portão.- eu disse, saindo da minha casa. Ando ao seu lado observando o seu carro logo em frente. Olho para o seu rosto e percebo o quanto esta estranho. Passo a mão no rosto agoniada por querer saber sobre o que eles conversaram. Volto a encara-lo desconfiada.
- Por que me encara tanto? - Ele pergunta ao me flagrar olhando. Desvio o olhar.
- Estou achando você apreensivo com alguma coisa. Isso tem haver com a conversa que teve com o Nicolas?- pergunto. Aperto o botão para abrir o portão eletrônico, e saio para rua.
Ele nega com a cabeça.
- Estou normal, amor - seus olhos azuis me observam e fico corada pela forma amorosa de chamar.
- Deve ser apenas impressão.- murmurei sorrindo. Oliver fica em silêncio, enquanto caminha até o seu carro. Não sei o que os dois conversaram e também não pretendo saber. Se não me contaram não vou perguntar. Acho melhor assim.
- Estou pensando em visitar as crianças no orfanato amanhã. Vai querer ir comigo? - Oliver pergunta com um sorriso torto. Sorrio, com empolgação.
- Mais é claro. Vou adorar visita-las. Faz muito tempo que não visito. - Falo alegremente. Queria tanto estar presente na vida das crianças, mas infelizmente não pude devido minha ida ao Brasil e para a França, logo em seguida. Agora que estou de volta, não vou desperdiçar nenhum minuto.
Dou um passo na sua direção e deposito minhas mãos em seu peito por cima do seu paletó. Nossos olhos se cruzam e dou-lhe um abraço fechando os meus olhos. Sua presença me acalma. Suas mãos acariciam meus cabelos, enquanto cheira o meu pescoço.
- Depois do orfanato poderíamos fazer alguma coisa. - Comento em seu ouvido, mordendo o lóbulo da sua orelha. Sinto seu corpo estremecer.
- Pensei exatamente isso. - Oliver murmura, depositando um selinho nos meus lábios antes de se afastar. Aceno com uma das mãos.
- Me ligue quando acabar a reunião. - Peço, com um sorriso.
- Ligarei. - Oliver responde, entrando em seu carro, e me encosto no portão observando ele partir quando sinto alguém atrás de mim. Viro-me no mesmo instante. Nicolas me olha com carinho e se apoia na grade do portão.
- Me desculpa, Ary.
- Não quero falar sobre...- suspiro.
- Não sabia que estava te magoando. Não agir na intenção de magoa-la.
- Estou bem. Passou... Não vou brigar com você nem com Ivy. Não mais.- encaro a rua.
- Continua triste e me machuca vê-la assim. - Nicolas se aproxima tocando na minha mão. Nos encaramos.
- Estou bem. - mentir.
- Você pode enganar o Oliver, mas não me engana. Conheço você perfeitamente. - um sorriso fraco surge em seu rosto.
- Você já vai embora? - pergunto, preferindo mudar de assunto ao invés de expressar meus sentimentos. Ele tem razão, me conhece muito bem. Estou triste, e talvez eu fique assim o dia todo. Não sei. Pensar na discussão que tive com Ivy me corrói por dentro. Fico muito chateada. Éramos carnes e unhas. Como irmãs... Vê que as coisas mudaram é tão... Triste. Sinto falta dela. Falta da gente, nossas risadas, loucuras de tudo.
- Você sabe que não consigo ir embora quando sei que está triste. - Nicolas me abraça me envolvendo em um abraço confortável. Deito a cabeça em seu peito e fecho os olhos com força para controlar as lágrimas que temem em cair.
- Desculpa se fui grossa com você.- confessei, entristecida.
- Esta tudo bem, Ary. - Sinto um aperto no coração por cada palavra, e sorrio de lado. Por mais que eu esteja querendo desabafar, prefiro ficar sozinha. Não quero compartilhar com ninguém neste momento. Ainda consigo aguentar... Eu acho.
- Eu vou precisar da uma saída. Não irei demorar. Se quiser ficar aqui me esperando pode ficar. - eu disse, mudando de assunto.
- Vou passar na minha casa primeiro, os meus pais estão vindo ficar alguns dias comigo. - percebo o seu entusiasmo. Sorrio.
- Sério? - Pergunto, surpresa.
- Sim, e eles querem te ver novamente. Gostaram de você. - Nicolas avisa, aos risos. Me afasto do seu corpo aos poucos, e o encaro com ternura.
- Seus pais são fofos. Irei visita-los sim.- afirmo, enquanto tranco o portão. Nicolas assente, depositando um beijo no topo da minha cabeça. Me despeço com um abraço, e caminho até o meu carro notando a presença do segurança Jeff no outro lado da rua me observando.
- Até mais, Nick.
- Até. Qualquer coisa pode passar lá em casa. Estarei na minha residência.- ele avisa.
- Pode deixar. - Entro no meu carro, e fecho a porta sem força colocando o cinto de segurança. Ajeito o meu cabelo em um rabo de cavalo, e solto un suspiro. Espero Nicolas sair primeiro para não correr o risco de ser seguida. Sei que ele jamais me seguiria, porém quando o Nicolas desconfia de alguma coisa é capaz de fazer algo. Prefiro manter isso em sigilo. Oliver é contra sobre a minha decisão de visitar Munique Cerqueira, e devido a isso prefiro não contar que estou indo visita-la. Quero evitar qualquer discussão. Dou uma olhada no retrovisor e dirijo em direção ao presídio que ela está presa. Tem coisas na vida que as vezes é preciso não mexer. Deixar do jeito que está é a melhor opção, porém eu preciso e quero saber sobre minha vida. Mesmo que ela não conte nada, tenho que tentar. Talvez, posso arrancar alguma informação importante dela.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...