#CAPÍTULO 66#

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Oliver Walker

Paro o carro bruscamente no meio da rua notando outras pessoas saírem dos seus veículos para olharem o que aconteceu. Muitos curiosos na minha frente atrapalham a passagem. Começo a correr em direção ao acidente muito preocupado. Vejo os policias cercarem o lugar com uma fita impedindo alguém de se aproximar. Fico de boquiaberto assim que reconheço o carro do Nicolas completamente destruído. Sinto um aperto no peito, enquanto vou me aproximando do local. Minhas pernas tremem. Não consigo acreditar no que estou vendo. Passo pela fita que os policiais colocaram vagarosamente. Meus olhos não piscam e meu coração bate mais que o normal.  Não quero ter outra perda. Ando na direção do carro com os pensamentos na nossa infância. Em todas as situações, Nicolas sempre esteve lá por mim. Nossa amizade enfraqueceu por uma escolha minha e mesmo assim ele nunca quis se afastar. Permaneceu trabalhando comigo depois de tudo.
Olho ao redor para analisar o intenso movimento.
As coisas parecem funcionar de forma tão lenta que o barulho da sirene, o grito das pessoas ficam cada vez mais impossível de se ouvir. Noto que há outro carro destruído devido ao acidente quando meus olhos encontram o corpo do Nicolas ainda dentro do seu carro preso pelo cinto de segurança com o rosto ensanguentado. Sinto que minhas pernas fraquejam e ser manter o controle caio de joelhos no chão em choque. Meus olhos se enchem de lágrimas e não consigo me mexer.
- Não pode ficar aqui, Senhor. - escuto um policial avisar, enquanto tenta me tirar do local do acidente.
- Não pode ser ele. - sussurro, com os olhos arregalados.
- O senhor precisa me seguir. Não pode ficar aqui.- o policial avisa mais uma vez me tirando do chão. Volto a olhar o carro. Não pode ser. Não pode ser. Porra!
- Nicolas! - grito na tentativa de vê-lo acordar, mas não o vejo mexer um músculo. O policial segura o meu braço para tirar do local quando um deles nota meu desespero.
- Conhece a vítima? - o oficial que aparenta ter uns quarenta anos me olha com a testa franzida.
- Conheço. - respondo, atordoado.
Passo a mão no rosto várias vezes quando escuto uma mulher chamar por mim. Sigo a voz dela entre a multidão a encontrando próxima a fita. Acho que é a dona da voz que me avisou sobre o acontecimento. Citei  a roupa que estaria vestido para facilitar o encontro e pelo visto ela me encontrou com facilidade. Caminho na sua direção apressadamente e a seguro pelo braço aflito.
- Que porra aconteceu? - Pergunto.
- É o rapaz que liguei? - ela examina o meu rosto.
- O que é isso? - pergunto ao perceber algumas coisas em sua mão.
- São as coisas do rapaz. Fui a primeira a chegar aqui assim que o carro capotou. Segurei os pertences dele para ninguém roubar. Tome... - A moça fala, enquanto estende o saco na minha direção. Assinto, pegando os pertences do Nicolas na sua mão assim que vejo os paramédicos se aproximarem dos carros.
- Sinto muito, não sei explicar o que aconteceu. Apenas vim correndo ajudar. - a moça fala olhando na mesma direção que eu.
- Obrigada! - agradeço, me distanciando dela.
Corro até os paramédicos quando sou  impedindo por um policial que me da leve empurrão.
- Não pode se aproximar. - ele avisa novamente.
- Preciso saber se ele está bem. - eu disse, revoltado.
- Infelizmente terá que esperar, Senhor. - ele insiste na resposta. Passo a mão no cabelo observando de longe Nicolas ser retirado do carro com dificuldade.
- Rapaz, eu vi o acidente... Foi bem feio, não sei se alguém vai sobreviver.- escuto um cara comentar para outra pessoa que está atrás de mim.
- Eu ouvi o estrondo e sair do restaurante correndo. - uma mulher se pronuncia.
- O carro daquele rapaz loiro que está inconsciente, estava desgovernado. A velocidade estava alta e parecia que ele não tinha controle. - uma idosa explica a situação se referindo ao Nicolas. Solto um suspiro profundo. Fecho os olhos tentando pensar no que pode ter acontecido para ele ter perdido o controle como as pessoas que estão comentando.

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Ariella Young

Abro os olhos em um susto ao sentir alguém tocar no meu rosto. Felipe da um sorriso de leve, enquanto deposita um beijo na minha testa.
- Melhorou? - ele pergunta, colocando uma bandeja na cama com um copo de refrigerante e um pedaço de torta de chocolate na minha frente. Não o vi chegar com as coisas. Apenas deitei aqui para espairecer e cochilei.
- Nossa, muito obrigada! Estou com muita fome. - eu disse, com um sorriso largo.
- Assim que voltei da rua você já estava dormindo. Não quis acorda-la.- ele avisa, levantando da cama.
- Estou um pouco melhor. Alguém me ligou? - pergunto dando um longo gole no meu refrigerante.
- Seu celular não parou de tocar um segundo, Ariella. - Felipe responde com um sorriso fraco.
- Nem quero saber, já imagino quem possa ser. - bufo.
- Apenas avise para alguém que você está bem, suas amigas ou até a sua mãe podem ficar preocupadas.
- Eu sei. - Murmuro, comendo a torta quando alguém bate na porta do quarto fortemente. Arregalo os olhos. Felipe olha para mim, desconfiado. Parece que não está esperando nenhuma visita. Que estranho! O observo caminhar pelo quarto a passos curtos indo na direção da porta.
- Está esperando por alguém? - pergunto ao levantar da cama para acompanha-lo.
- Não! Fica aí. - ele aconselha, segurando a maçaneta. Felipe abre a porta rapidamente relaxando os ombros ao ver a pessoa. Sem esperar mais alguns segundos paro ao lado dele me deparando com Kayle. Sua feição demonstra preocupação e aflição.
- Amiga? O que faz aqui? Como descobriu o hotel que Felipe está hospe... - ela não me deixa terminar.
- Por que não atende esse celular? - Kayle pergunta ofegante e ao mesmo tempo irritada comigo. Franzo a testa.
- Quer mesmo que eu responda? Você estava presente quando eu descobrir sobre a minha...
- Sim, mas eu e as meninas não temos culpa nenhuma, amiga. Te liguei várias vezes para dizer que o Nicolas sofreu um grave acidente de carro. - Kayle fala, as pressas, me fazendo recuar bruscamente. Fico de boquiaberta.
- O que você disse? - grito sentindo meu mundo desmoronar. Sinto uma dor no peito muito forte.
- O carro dele capotou, amiga. - Kayle acrescenta, choramingando. Olho para o chão com os lábios tremendo e sinto minhas vistas escurecerem. Perco o controle nas pernas e faço menção de desmaiar quando sinto os braços do Felipe me segurar.
- Meu Deus! - ele murmura, preocupado.
- Eu não sabia como dizer. - Ouço Kayle falar desesperada.
- Merda! - Felipe resmunga, me colocando deitada na sua cama de novo. Começo a ficar ao normal pensando que por algum momento estava sonhando, mas não... Kayle está aqui. O acidente é real.
Começo a chorar tão alto que sinto minha garganta secar de tanta força. Choro, choro descontroladamente.
- Nicolas está no hospital e...
- Me leve até ele. - suplico me levantando da cama.
- Vai com calma, Ariella. Você não está em condições ainda. - Felipe aconselha, preocupado comigo.
- Nicolas está bem? - Pergunto, me aproximando da Kayle em um pulo. Seus olhos lacrimejados desviam do meu de imediato e seu silêncio é a resposta que eu mais temia. Engulo em seco.
- Isso não pode está acontecendo. - resmungo, saindo do quarto correndo. Paro na frente do elevador chorando aos soluços e aperto o botão com tanta força que por um momento pensei que fosse quebra-lo.
- Por favor, por favor, esteja vivo Nicolas, esteja vivo.- sussurro, assim que as portas do elevador se abrem.

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora