Ariella Young
Ainda estou tentando processar o que aconteceu. Se não fosse pela interrupção de Anastácia, Oliver e eu teríamos nos beijado. Essa possibilidade fica girando na minha mente, como uma peça de quebra-cabeça que não se encaixa em lugar nenhum. Por mais que ele não confesse, eu percebi nos seus olhos que ele ainda sente minha falta. No entanto, mesmo que a saudade ainda esteja presente, ela não é suficiente para nos fazer reatar. Talvez, a verdade seja que nunca voltaremos. Suspiro profundamente, tentando aceitar essa realidade que me parece cada vez mais inevitável.Vê-lo vestido como um príncipe foi como uma punhalada de doçura no meu coração. Ele estava tranquilo, sereno e, acima de tudo, feliz. As crianças conseguem tirar dele um lado bom que ninguém mais conhece, um lado que é escondido atrás de sua fachada de frieza e rigidez. Essa visão só me faz admirá-lo ainda mais, embora isso também torne a situação ainda mais dolorosa.
Enquanto dirijo em direção à minha casa, tentando afastar esses pensamentos, meus olhos vagam pelas ruas. É então que noto uma figura feminina muito familiar parada em frente a uma vitrine. Ela está de costas para mim, e por um momento, não consigo identificar quem é. Mas algo na postura dela, na maneira como segura a bolsa, me faz diminuir a velocidade. Quando meu carro passa ao lado dela, a ficha cai - eu a conheço. Um sorriso largo se forma no meu rosto enquanto procuro desesperadamente um lugar para estacionar. Preciso abraçá-la!Para minha sorte, vejo uma vaga surgir à minha frente assim que um rapaz sai com seu carro. Estaciono com cuidado, tentando não perder Ivy de vista. Sem pensar duas vezes, saio do carro rapidamente. Dou uma conferida rápida no meu reflexo no retrovisor e percebo que não estou com a melhor aparência para andar na rua. Minha roupa, um conjunto masculino que Oliver me deu, está longe de ser ideal. Mas dane-se! Não conheço ninguém por aqui mesmo, e além disso, estou prestes a ver uma amiga que não vejo há tempos.
Começo a caminhar na direção de Ivy, que ainda está concentrada na vitrine, analisando as roupas sem perceber minha aproximação. Chego por trás dela e, sem aviso, envolvo-a em um abraço apertado, pegando-a completamente de surpresa.- Olha eu aqui! - Digo com entusiasmo, mal conseguindo conter minha alegria. Ela vira o rosto, visivelmente assustada, mas logo reconhece minha voz e relaxa.
- Nossa! Quer me matar de susto? - Ivy pergunta, mas logo corresponde ao abraço, e ambas rimos juntas.
- Sumida! Por onde esteve esse tempo todo? - Pergunto, dando um tapa brincalhão em sua bunda. Faz dias que não a vejo, e com tudo o que aconteceu na minha vida, nem sequer tirei um minuto para procurá-la. A culpa começa a pesar, mas o alívio de vê-la bem a diminui.
Ivy, porém, parece mais interessada em outra coisa. Ela ignora minha pergunta e se aproxima, sentindo meu cheiro. Sua mão desliza pelos meus cabelos e depois pela camisa que estou usando, seus olhos se estreitando em curiosidade.
- Você está com um cheiro diferente...- Ela comenta, quase como uma acusação. - Esse cheiro é masculino... Não é o que você costuma usar. Uau! Esse cara é bem cheiroso para conseguir deixar o perfume dele em você.Ela sussurra no meu ouvido, e não consigo evitar uma risada.
- É a roupa do empresário Oliver Walker, meu ex-chefe arrogante.- Respondo, dando de ombros, como se isso explicasse tudo.
- Esse apelido é antigo... - Ivy relembra, rindo. - Lembro como se fosse ontem, quando ele te ligava no meio da noite para que você o encontrasse.Reviro os olhos ao recordar essas memórias.
- Minha vontade era de esganá-lo.- Murmuro, mas não consigo esconder um sorriso ao pensar em como as coisas mudaram e, ao mesmo tempo, como algumas coisas continuam as mesmas.
- Então, se você está usando as roupas dele, isso significa que ele está usando as suas? - Ivy pergunta, arqueando as sobrancelhas em um tom brincalhão. Ela me lança um olhar malicioso, e eu reviro os olhos, mostrando o dedo do meio antes de ignorá-la.
- Engraçadinha. Nem vou responder a isso. - Respondo, tentando manter a seriedade, mas não consigo evitar um sorriso. - Está de carro?- Pergunto, enquanto olho ao redor, tentando identificar se ela veio dirigindo.
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LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔
RomanceAutora: Emily Silva Seja Consciente, PLÁGIO É CRIME. Obra registrada na Biblioteca Nacional. TERCEIRO LIVRO DE ARIELLA. # É necessário ler o segundo livro # Depois de um passado doloroso. Ariella aceitou sua nova jornada de cabeça erguida, e se arri...