#CAPÍTULO 76#

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Ariella Young

Continuo confusa. O que Verônica faz ao lado dela? Como assim? Karen foi assassinada por Osmar e a Munique há anos... Agora reaparece para depor contra o Moisés? Por que ela faria isso? O que Nicolas teve haver? Meu Deus! Observo Verônica e o rapaz que a acompanhava sentarem nas poltronas para aguardar a vez, enquanto Karen senta na cadeira cabisbaixa preparada a depor. Sua fisionomia está diferente. Sua pele, sua expressão, seu olhar... O seu corpo. Seus cabelos estão maiores alcançando a cintura com um tom castanhos claro. Suponho que mudou a sua aparência para que não fosse reconhecida.
Percebo que estou em pé a muito tempo observando-a. Sento no meu lugar devagar. Parece até que é uma aparição, não é possível. Seus cabelos estão soltos, seu rosto está sem maquiagem o que é uma surpresa por ser uma mulher de extrema vaidade. Seu rosto esta pálido com um olhar amedrontador. É perceptível o quanto o ambiente a deixa insegura, desconfortável e nervosa. Parece que ainda sofre com tudo o que passou. Olho para trás a procura da minha melhor amiga. Ivy está sentada em meio algumas pessoas. Seus olhos não param de sair lágrima. A vejo chorar de soluçar bastante chocada. Lucy e o Michael tentam ampara-la - Imagino o que deve está sentindo. É uma
emoção grande rever um parente vivo na sua frente que tinha dado como morto e pronto. Me sentir sem chão. Completamente perdida. - desvio o olhar rapidamente e encaro Moisés que está perplexo em reencontrar possivelmente uma das suas vítima. Minha garganta seca. Não consigo nem piscar os olhos. O rapaz chamado Tristan ergue a mão no ar para ser o primeiro a falar já que Karen aparenta está bastante abatida. 
O rapaz com uma aparência bonita,
pele negra, olhos castanhos escuros, uma estatura um pouco baixa senta no lugar dela demonstrando está disposto a contar o que for preciso.
- Explica como encontrou a vítima Karen Portela, por favor. - Nicolas pede com um semblante sério.
- Era uma noite iluminada. Lembro que cheguei em casa, após um dia de trabalho exaustivo só que precisei sair novamente para comprar leite para fazer um mingau para minha filha e foi quando a encontrei. - Tristan da uma pausa com os olhos lacrimejados e tenta se recompor. -
Karen Portela estava  deitada no chão muito ensanguentada. Vi que tinha perfurações pela sua barriga e sem pensar duas vezes a socorri. Fiquei bem assustado com a cena, pensei que não resistiria, mas ela estava viva e consciente.
- O que aconteceu em seguida? - Nicolas pergunta.
- A primeira coisa que fiz foi pegar um celular para chamar uma ambulância e a polícia, mas ela me impediu. Não conseguia falar muito bem só que entendi perfeitamente algumas palavras ditas. Karen estava com medo e me pediu que eu a levasse para a minha casa. Assim eu fiz, mas os ferimentos estavam profundos, ela perdia muito sangue então chamei a minha esposa que é médica para cuidar dos machucados. Nesse momento, Karen me pediu um favor mesmo estando assustada. - Tristan responde.
- Que favor seria esse? - Nicolas questiona na tentativa de ajudá-lo a responder cada detalhe.
- Alguém a queria morta... A deixou exposta para que qualquer pessoa a encontrasse. Essas pessoas que tentaram mata-la queria uma confirmação, óbvio... Um corpo encontrado na rua de um bairro pequeno iria passar nos jornais sem dúvidas. Então, a Karen sabendo disso pediu que eu chamasse a imprensa para que todos ficassem sabendo da sua "falsa morte". Sei que podem está se perguntando como isso foi possível, como a polícia chegou no lugar e não desconfiaram que ela estivesse viva? Depois de estancar os ferimentos voltamos para a cena do crime e lá chamei a polícia e uma ambulância. Minha esposa assumiu o lugar dos paramédicos e ao inves de levá-la para o hospital a levamos para outro lugar onde ela pudesse ficar segura.  Tudo foi mantido em sigilo. Karen não tinha condições de falar mais nada. Como foi dada como morta, enterrada... Uma mulher chamada Ariella Young foi presa por ter sido a autora do crime, mas não era ela. Não demorou muito para Munique e Osmar serem presos o que a deixou aliviada. Não sabemos como eles foram pegos, mas foram. Karen seguiu a vida de forma dolorosa, sofrida e tentou durante esses anos seguir em paz, mas... Acredito que essa parte da história deve ser dita por ela mesma.- Tristan termina olhando para todos nós no tribunal. Engulo em seco. Minha Nossa! Não estou acreditando que isso tudo aconteceu.
- Como Karen sofreu um trauma grande. Acredito que com o passar dos anos até a sua recuperação tanto física como psicológica ela teve um acompanhamento com você e a sua esposa. Pode descrever o que ela passou, após o acontecimento?- Nicolas pergunta olhando para os juros que anotam alguma coisa em um papel. Que nervosismo.
- Sim! Karen ainda não se recuperou totalmente pelo o que lhe aconteceu, as cicatrizes pelo seu corpo a deixa em uma depressão profunda. Após a prisão dos culpados ela se mudou para outro país que não vou revelar pela segurança dela. Nesse país, Karen precisou ser internada em um hospital psiquiatra. Não conseguia citar o acontecimento sem gritar, sem chorar, sem desmaiar... Foi anos difícies.
- Tristan farei mais algumas perguntas para tirar essa dúvida que muitas pessoas tiveram na época. Quando Karen foi dada como morta no jornal ninguém sabia de fato que fosse ela até uma foto ser enviada para uma emissora de televisão, onde em uma reportagem citou que um "conhecido" da vítima enviou a foto para que todos pudessem saber que era a vítima. Essa pessoa foi você? - Nick faz outra pergunta.
- Sim. - ele responde balançando a cabeça positivamente.
- Outra pergunta. Sabe informar qual foi o tipo de arma que usaram para ferir Karen Portela?
- Sim. Apenas faca... Não tinha nenhuma ferimento de bala. - Tristan com uma aparência de trinta e cinco anos, explica gesticulando.
- Voltando para a noite em que a encontrou com vida. Quando caminhava em direção a sua casa, após o trabalho notou algo suspeito no bairro? Pessoas desconhecidas, gritos...- pergunta Nicolas.
- Não, mas uma vizinha disse ter visto um homem e uma mulher passarem pela floresta tarde da noite. Assim que vi o corpo da Karen no chão, liguei os fatos de que o casal poderia estar por trás de tudo. - Tristan responde, finalizando o seu depoimento.
Nicolas assente.
- A testemunha está dispensada. - avisa o advogado de defesa que está em em pé ao lado do Moisés que permanece com um semblante de raiva no rosto. A confiança não está mais no seu olhar o que me deixa mais aliviada.
- Chame a próxima testemunha. - O juiz ordena pondo novamente seu óculos de grau no rosto. Assim que Nicolas faz olhando para Verônica - a mãe da Munique Cerqueira.
Oliver passa a mão no rosto intrigado com tudo. Não esperávamos nada disso nesse julgamento. São muitas revelações. O que Verônica tem haver com Karen? Que ligação essas duas têm? Não estou entendendo nada. A única coisa que sei é que sua filha é Munique Cerqueira que faz parte do esquema e possivelmente culpada pelo morte da Karen, porém vê-la no julgamento como testemunha contra o Moisés me surpreende.
- Conte para nós o seu envolvimento com o réu. Explique do início para que todos possam entender da melhor maneira sua relação com a vítima, Karen Portela, primeiramente. - Nicolas pede com uma voz serena. Moisés se encosta na cadeira muito sério colocando suas mãos algemadas sobre a mesa. Seu advogado parece está confuso por não saber algumas coisas contadas por Tristan.
- Eu sou mãe da Munique Cerqueira que participou do esquema que Moisés liderou. Não estive presente quando tudo ocorreu, não estive ciente destes crimes que aconteceram. Eu tive conhecimento quando minha  surgiu na minha casa sem me avisar depois de tantos anos longe. Essa visita, foi um dia antes da Ariella me visitar assim que chegou na França. Para quem não sabe, sou muito amiga da mãe de Ariella, então a considero como uma filha. Neste dia que Munique foi na minha casa, eu soube de tudo. Ela tinha que me contar para poder ter um lugar para se esconder, me disse que estava foragida da polícia dos Estados Unidos e que não podia voltar. Como uma mãe louca pela filha a recebi de braços abertos pensando que seria uma oportunidade de ter uma reaproximação. Pensei que da parte dela era uma aproximação de vivermos juntas, mas eu estava enganada.- Verônica fica cabisbaixa.
- Pode explicar para nós como a senhora concluiu que estava sendo enganada? - Nicolas pergunta. Solto um suspiro profundo. No dia que eu a visitei, estava acompanhada do Felipe. Meu Deus! Munique estava tão perto de nós.
- Quando ela me contou que estava foragida, eu perguntei o motivo. A Munique citou o roubo de uma empresa e ocultou muita coisa. Como os crimes que ela estava envolvida repercutiram na internet, logo descobrir sobre o assassinato da Karen. Em uma noite, quando ela estava tomando banho, mexi no celular dela e vi umas mensagens estranhas com um homem que não tinha o nome, mas lembro que falavam do empresário Oliver Walker.  Fiquei arrasada. Não sabia e não tinha ideia que minha filha tinha virado uma assassina. Eu não podia ajuda-la, não podia deixa-la na minha casa.
Sair para espairecer em um restaurante em Paris quando me encontrei com Ariella, mas o que me preocupou foi ver que a sua companhia era o empresário de quem minha filha falava - na minha cabeça, seria mais uma vítima que ela e o rapaz misterioso planejavam - Ariella estava com ele, logo também corria perigo. O medo, o espanto me afetaram e eu precisava fazer alguma coisa. No dia que decidi ligar para a polícia a minha casa foi invadida. Eu estava no quarto interrogando a Munique sobre o rapaz que ela conversava no celular quando ouvimos os primeiros disparos na sala. Fugimos da casa pelas portas dos fundos deixando tudo para trás. 
Foi quando soube do esquema e que um dos comparsas chamado Osmar pai do Felipe não fazia mais parte do esquema.
- O Felipe que a senhora se refere é o rapaz que Ariella afirma ter sido assassinado por Moisés? - O advogado de defesa pergunta com a testa franzida.
- Sim! Felipe e minha filha tiveram um caso anos atrás. Enfim... Precisei ficar escondida em um hotel junto com a Munique quando descobrir do sequestro de Ariella... Osmar tinha a sequestrado e eu supliquei que a salvassem, porém minha filha não quis salva-la... Enfim, o que quero dizer é que depois de tudo isso, recebi uma visita. Essa visita chegou depois do massacre que aconteceu no evento... Era a Karen Portela que surgiu no hotel em que eu estava totalmente desesperada. Ela não queria mais envolver, não queria colocar o rosto novamente nessa investigação, mas ao descobrir que os crimes continuavam que mais vidas estavam sendo tiradas não podia ficar calada quando sabia quem é a pessoa por trás de cada morte. Soube por Karen que na época quando estava viva alguns empresários que foram assassinados juntamente com suas esposas, como a Mônica que trabalhava na empresa do empresário Oliver, como a jornalista chamada  Kamyra Matsura foram a comando do Moisés. - Verônica conta emocionada deixando todos eufóricos. Estou perplexa. Oliver e eu nos entreolhamos.
- Continue...- Nicolas ordena com um tom gentil.
- Não sabia o que fazer. Nós dias estávamos perdidas, como iríamos fazer para incrimina-lo? Como avisar a polícia sendo que Karen esta viva mas que foi dada como morta? Então, encontrei o Nicolas Collins em um restaurante. Vi que estava concentrado no seu notebook e ali soube das suas investigações. Contei tudo. Contei desdo princípio até o momento que a Karen me procurou e foi com ajuda dele que estamos aqui hoje. Confesso, que não está sendo fácil está sentada aqui, mas hoje eu enxergo o monstro que a minha filha de tornou. - Verônica responde, emocionada me fazendo chorar também. Nicolas assente pensativo e caminha de um lado para o outro a passos curtos e lentos, prosseguindo, logo em seguida. - Desconfiei do Moisés aos poucos. Não foi uma tarefa rápida muito menos fácil. Tive a certeza que eu precisava investiga-lo quando vi em seu bolso um dos lenços encontrados na casa da Ariella quando a sua cadela foi envenenada. Passei a segui-lo e tentei recolher provas, encontrar algo que pudesse mostrar o quanto ele estava envolvido em alguma coisa e eu... Encontrei. Pessoal, é de extrema tristeza que eu comunico a vocês que o corpo da Karine a moça desaparecida foi encontrado. - Nicolas avisa olhando para todos nós. Arregalo os olhos.
- Puta merda! - Oliver murmura ao meu lado. Minhas mãos tremem e logo vejo Moisés se afastar da cadeira em pânico.
- A encontrei sem vida em sua própria residência. Foi um choque para a polícia que varreu a casa dela detalhadamente e não encontrarão nada, porém eu decidi voltar lá recentemente para finalizar minha investigação quando percebi algo estranho no azulejo da cozinha.
Não existe crime perfeito. Há sempre um deslize que se você olhar atentamente encontrará e dessa vez não seria diferente. - Nicolas explica deixando todos apreensivo, principalmente o Moisés. Eu ainda estou abismada. Não da para acreditar que todo esse tempo Nicolas estava investigando em silêncio sobre o caso da Karine. Meu Deus!

LIVRO 3* Ariella (Reciprocidade)✔Onde histórias criam vida. Descubra agora